“Judas, servo de Jesus Cristo e irmão
de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo, a
misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados. Amados, quando
empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco,
exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por
todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram
com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente
pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em
libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e
Senhor, Jesus Cristo” (Judas 1-4).
Alguma vez você já desejou poder voltar à pureza da Igreja cristã do
século I, quando não havia diferenças denominacionais e todos os crentes
eram simplesmente chamados cristãos? Esta saudade do passado
“não-contaminado” é compreensível à luz da história fragmentada da
Igreja.
Alguma vez você já desejou poder voltar à pureza da Igreja cristã do século I?
Contudo, a curta epístola de Judas dissipa o mito de que a Igreja do
Novo Testamento era um lugar simples, pacífico e perfeito para o louvor
tranqüilo e a unidade doutrinária. Na verdade, o livro de Judas revela a
intensa batalha da Igreja primitiva pela pureza doutrinária e pela
integridade moral.
O Autor
Judas identificou-se como “servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago” (Jd 1).
Outras passagens no Novo Testamento revelam mais sobre Judas do que ele
mesmo falou a seus leitores. De acordo com Mateus 13.55, ele era filho
de José e Maria, o que faz dele meio-irmão do Senhor Jesus Cristo.
Contudo, tão surpreendente quanto possa parecer, no início Judas era um
incrédulo: “Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele” (Jo 7.5).
Meramente crescer com Jesus não garantia que os corações dos de Sua
família seriam regenerados. Isso nos lembra que a salvação é uma decisão
pessoal, independente da sua proximidade com pessoas piedosas.
Não obstante, um acontecimento transformou tanto Judas quanto seus
irmãos em verdadeiros crentes: a miraculosa ressurreição de Jesus. O
Cristo ressuscitado apareceu especificamente para Seu irmão Tiago (1Co
15.7). Sem dúvida, a notícia sobre aquele encontro espalhou-se para o
restante da família de Jesus, convencendo Judas de que seu irmão mais
velho era, de fato, o Messias divino.
Durante muitos anos, Judas se opôs à mensagem de Jesus sobre o
pecado, o arrependimento, o Reino de Deus, e a vida eterna. Mas, depois
que ele colocou sua fé em Jesus Cristo, Judas percebeu que todos os
outros caminhos religiosos levavam para o engano e para a condenação
eterna. Seu zelo de que somente Jesus era o caminho, a verdade, e a vida
é uma linha comum em toda a sua carta.
A Mensagem
O amor de Judas pelo Evangelho era tão grande que o impeliu a escrever uma carta sobre “nossa comum salvação” (Jd 3).
Ele tinha a intenção de espelhar o apóstolo Paulo, explicando as
maravilhas do plano redentor de Deus. Mas, em vez disso, o Espírito
Santo moveu-o a enfocar uma exigência mais persistente, a saber, a
necessidade de que batalhassem “diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (v.3). A palavra “batalhar” resume o tema dessa carta.
Tanto Paulo quanto Judas usaram a noção de “batalhar”, “lutar”.
Através de metáforas militares e atléticas, Paulo usou-a para explanar
como os cristãos travam uma batalha espiritual contra o mal (Ef 6.12) e
correm uma corrida por uma coroa “não corruptível” (1Co 9.25). Judas instava com os cristãos para que batalhassem “diligentemente, pela fé”, que é o corpo da doutrina cristã passada de Jesus Cristo para Seus apóstolos de “uma vez por todas” (Jd 3)
e crida pela comunidade cristã. Judas exortou seus ouvintes para
batalharem pela fé, lutando contra as doutrinas envenenadas dos falsos
mestres, ensinando fielmente as pessoas sobre a verdade de Deus na
corrida pela vida eterna.
O Perigo
Mesmo na Igreja dos primeiros tempos, falsos mestres proclamavam um
meio falso de salvação que era extremamente parecido com o verdadeiro.
Eles não somente atacavam o cristianismo pelo lado de fora da Igreja,
mas também se infiltravam no corpo de Cristo “com dissimulação” (v.4). Sinistramente distorciam o Evangelho, transformando “em libertinagem a graça de nosso Deus” (v.4), afirmando que as pessoas que recebiam a graça de Deus eram livres para viver de qualquer maneira que escolhessem.
Eles não ensinavam que a verdadeira fé salvadora leva a uma vida transformada. A doutrina corrupta deles negava o “único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (v. 4),
que torna possível termos uma vida transformada. O senhorio de Jesus
Cristo inclui não apenas nossa salvação inicial, mas também nossa busca
constante pela santidade; qualquer coisa que seja menos que isso nega
Jesus como Senhor.
O ensinamento deles sobre a graça de Deus contradizia a própria essência da mensagem de Jesus, que era chamar “pecadores, ao arrependimento” (Lc 5.32). Paulo exortou os crentes a não abusarem da graça como uma desculpa para pecar: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13).
A graça de Deus não nos dá apenas liberdade, ela também produz em nós o desejo por uma vida piedosa.
A graça de Deus não nos dá apenas liberdade, ela também produz em nós o desejo por uma vida piedosa: “Porquanto
a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos
para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no
presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tt 2.11-12).
O senhorio de Jesus Cristo atinge todas as partes de nossa vida. A
santidade não é opcional, mas imperativa. Judas disse que os falsos
mestres mostram sua verdadeira natureza por meio de sua conduta sensual e
imoral (Jd 6-7).
O Novo Testamento está repleto de admoestações semelhantes sobre
pessoas que ensinam doutrinas falsas. Jesus nos advertiu de que lobos
ferozes virão, disfarçados em pele de ovelha; mas seremos capazes de
discernir sua verdadeira natureza por meio de suas vidas ímpias: “Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). E Paulo nos adverte: “Eu
sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes,
que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão
homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás
deles” (At 20.29-30).
O apóstolo Pedro também descreveu os falsos mestres como aqueles que prometem “liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção” (2Pe 2.19).
Nos últimos 2.000 anos, falsos mestres têm se infiltrado na Igreja e
promovido suas heresias. Durante os séculos II e III, o gnosticismo
infiltrou-se, ensinando que Jesus era um ser divinamente criado, que
meramente parecia ser humano. Essa falsa doutrina corrompeu os
princípios morais da Igreja, e os líderes da Igreja primitiva batalharam
pela fé, opondo-se vigorosamene à falsidade.
Durante o mesmo período, um mestre chamado Marcion negou a autoridade
das Escrituras hebraicas e de grande parte do Novo Testamento. Os
líderes da Igreja batalharam pela fé, confirmando a inspiração dos
livros que agora compõem o cânon do Novo Testamento.
Um líder cristão da Igreja primitiva, muito conhecido por sua zelosa defesa da fé, foi Epifânio, que escreveu o Panarion,
no século IV. O título do livro significa “baú de remédios”, porque foi
escrito para curar aqueles que haviam sido feridos pelas mordeduras de
serpente de 80 diferentes heresias ensinadas durante os quatro primeiros
séculos da Igreja. A vigorosa defesa da fé feita pelos crentes da
Igreja primitiva deveria desafiar a Igreja de hoje a seguir em suas
pegadas e batalhar “diligentemente, pela fé”. (William L. Krewson - Israel My Glory - Chamada.com.br)
fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/batalhar_pela_fe.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário