João Cruzué
Por que será que o Senhor Deus sendo tão bondoso, dono da prata e do
ouro, permite que cristãos fiéis sofram? Aparentemente é um contrassenso
a visão de ímpios vivendo regaladamente, incrédulos se "dando" bem na
vida, enquanto honestos filhos de Deus vão comendo poeira no deserto.
Uma corrente filosófica diz que Deus criou o mundo e os seres humanos,
mas que os deixou à mercê das circunstâncias e da própria sorte, à
semelhança de uma tartaruga marinha. Quero dar meu testemunho para
desmentir este sofisma.
De agosto de 1992 a julho de 2003, eu fiquei desempregado. Bati em
muitas portas, fiz muitas entrevistas, enviei centenas de currículos,
mas falhei em todas as tentativas, exceto na última.
Neste tempo perdi quase tudo que possuía. Para reduzir a despesa
doméstica fui contando gastos. Tiramos nossa primeira filha da escola
particular. Vendemos nossa linha de telefone. Nossa segunda filha fez o
ensino básico em escola pública. Até nossa comida foi medida. E um dia,
voltando do supermercado apenas com meio quilo de café, eu dei graças a
Deus com lágrimas nos olhos.
Por falta de melhores oportunidades fui para o campo plantar mandiocas
em um sítio da família. Na vida espiritual eu estava bem, pois Deus não
me abandonara. Ele me deu uma missão: Juntar literatura usada de Escola
Dominical, para mandar para dentro de penitenciárias no Estado de São
Paulo.
Só em julho de 2003, onze anos depois, uma porta se abriu. Era um
contrato de emergência para ser contador em um Hospital da Zona sul de
São Paulo. No ano seguinte houve o concurso, e tive contratação
definitiva. Durante aqueles seis anos vi muita gente nova chegando e
tomando cargos maiores que por direito de oportunidade seriam meus.
Todavia eu mantive um princípio: Aquilo que Deus me desse ninguém
tomaria.
Em 2009, fui convidado a deixar o posto para fazer parte da equipe de
contadores da Secretaria de Finanças do Município de São Paulo. Fui
aprovado em entrevista feita com o próprio Secretário. Só que eu seria
emprestado. Ficaria por lá à mercê do tempo e dos ventos.
Era uma grande honra. São os que são convidados para trabalhar naquele departamento. Eu estava muito contente.
Na semana da mudança, recebi um telegrama.
Pensei que era alguma conta atrasada ou coisa pior. Falava de um
concurso. Uma convocação do Tribunal de Contas para a cerimônia de
nomeação em um cargo maior e um salário melhor.
Buscando na memória alguma lembrança do tal concurso fui parar em
dezembro de 2005. Data de uma prova. Não é sempre que um concurso de
validade por dois anos, é prorrogado. Um telegrama para escolher uma
vaga depois de quatro anos. Coisa há muito esquecida. Foi o Senhor que
me deu.
E avisou-me que Ele foi o autor daquela oportunidade.
Isto aconteceu comigo em 12 novembro 2009.
O Senhor permitiu que eu fosse provado. Amassado. Afinado. Provasse a
poeira do deserto e fosse chamado de "coitadinho" pelos familiares. E
aos 53 anos quando os todos achavam que minha vida sempre seria uma
eterna mediocridade, algo novo aconteceu.
Se você está no deserto comendo poeira e caminhando sob sol forte, não
desanime. Mantenha-se ocupado na vida material e arranje alguma coisa de
Deus para trabalhar na Igreja no plano espiritual.
Não descuide dos exercícios físicos nem da oração. Mantenha equilibrados o corpo e a alma.
O Senhor não se esqueceu de você. Ele não vai tirar você do deserto. Nem
arrancá-lo da fornalha. A presença dele ao seu lado é uma promessa
fiel. E um dia, quando você nem mais estiver esperando, Ele vai se
inclinar, e olhar para você, e vai dizer: Hoje eu vou mudar a sua sorte!
As provações são tempos de nossa vida que antecedem as grandes bênçãos.
Se por um lado elas expõem toda nossa fraqueza, por outro é durante as
crises que Deus está mais perto. Basta ser fiel no pouco e não ficar
deitado no pó. Não há tempo mais apropriado para aprender a não ter
vergonha de dizer do fundo da alma: Muito obrigado Jesus!
fonte:http://www.atendanarocha.com/2015/07/quando-chegam-as-provacoes.html#more
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