Wallace Sousa
" Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando
ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o
costume. Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus
ficou em Jerusalém, sem que eles percebessem. Pensando que ele estava
entre os companheiros de viagem, caminharam o dia todo. Então começaram a
procurá-lo entre os seus parentes e conhecidos. Não o encontrando,
voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Depois de três dias o encontraram
no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes
perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu
entendimento e com as suas respostas. Quando seus pais o viram, ficaram
perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você nos fez isto? Seu pai
e eu estávamos aflitos, à sua procura”. Ele perguntou: “Por que vocês
estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?
” Mas eles não compreenderam o que lhes dizia. Então foi com eles para
Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, guardava todas essas
coisas em seu coração. Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça
diante de Deus e dos homens." Lucas 2. 41 a 52
Hoje em dia, ser adolescente ou ter um adolescente em casa não é uma das coisas mais fáceis do mundo. Essa geração orkut/msn/facebook/youtube
atual deixa muito a desejar em termos de análise crítica para evitar
cair nas armadilhas que o mundo coloca diante delas. Os desafios para o
adolescente cristão, hoje, são variados e vorazes, colocando à prova
desde cedo sua fé incipiente e, muitas vezes, vacilante.
Mas, o adolescente Jesus, lá no distante séc. I de nossa era, a qual Ele
mesmo deu início, tem interessantes lições a ensinar aos adolescentes
do séc. XXI, 2.000 anos depois. Lições de comportamento, crítica,
opinião, obediência e outras mais. Vamos estudá-las?
A primeira coisa que devemos ter em mente é que o aprendizado é algo
contínuo e constante, e quem pára de aprender, parou no tempo e no
espaço, estando mais próximo de uma cova intelectual do que de qualquer
outra coisa. Quanto a isso, o salmista se expressava dizendo “quanto amo
a tua lei, é o meu deleite todo dia”. E o Senhor alertou Josué, dizendo
que ele não cessasse de meditar em Sua Palavra. Mas, como é difícil, no
meio de tantas coisas que tentar angariar um pouco de nossa atenção,
reservar um tempo de leitura e meditação na Bíblia, não é verdade?
Lições do Mestre
Durante um certo tempo de sua vida, Jesus andou se escondendo de um
lugar a outro, mas quando chegou o momento de se mostrar ao mundo, Ele
não hesitou. Isso deve servir de exemplo para muitos de nós que, por
algum motivo, precisamos ficar algum tempo “reservados” e isso acaba nos
acomodando e alimentando um medo irracional da exposição. Mas, Jesus,
ainda criança, não teve receios em “dar a cara a tapa”.
Outra coisa, quando o tempo chega, as coisas de criança devem ser
deixadas de lado e para trás, para que as coisas sérias e necessárias
tomem seu lugar. Paulo dizia que o tempo de ser menino era necessário,
mas limitado e definido, e o menino judeu alcançava a maioridade
justamente após completar 12 anos de idade, aproximadamente. Após essa
cerimônia, o tempo de menino ficava no passado, e suas responsabilidades
como homem iniciavam-se, tendo que assumir publicamente essa nova
condição.
E você, anda se escondendo e precisa reconhecer que já chegou o tempo de se mostrar ao mundo?
2. Devemos valorizar e aproveitar as oportunidades de estar na presença de Deus
A cidade de Jerusalém era conhecida, após sua conquista por Davi (antes
se chamava Jebus), como a cidade escolhida por Deus para ser o centro de
adoração ao Senhor. Observo que os adolescentes, de modo geral, não
primam por quererem estar na casa de Deus, a igreja. Arrumam as
desculpas mais esdrúxulas (às vezes, até eu também, confesso…) para
trocar a presença de Deus por coisas vãs. Todavia, o exemplo de Jesus
menino é claro: Ele preferiu ficar na presença do Pai.
Sabe, escolher ficar na presença de Deus é algo que pode trazer
consequências constrangedoras e desagradáveis: podemos ter de enfrentar a
solidão, sermos abandonados ou ter de abrir mão da presença de entes
queridos, indo ou ficando em lugares onde falta o apoio e temos de
encarar o fato de que a dependência de Deus se torna obrigatória e
necessária, e é um desafio enorme para quem não aprendeu a andar por
suas próprias pernas e precisa desbravar novas terras.
3. Quer aprender? Fique aos pés de quem sabe, dos mestres
Jesus era mestre (rabi), e aprendeu a ser mestre com quem? Com os
mestres de sua época. Aqui no Brasil vemos, muitas vezes, a profissão de
professor ser desvalorizada e a vocação ridicularizada. Esses dias
mesmo vi uma reportagem que falava justamente disso, o descaso do país
para com a educação, e fico a me perguntar quem ganha com isso, quem
ganha com esse prejuízo nacional. Agora pergunto a você: e o que seria
de nós se não fossem nossos mestres? O que seria dos grandes
profissionais se não fossem aqueles que os instruíram?
A desvalorização do professor é um tiro no futuro, e quem o faz ou é por
ignorância, sem saber o prejuízo que o aguarda, ou porque sabe
exatamente o que está fazendo e o que vai ganhar com a perda da
comunidade e da sociedade como um todo. Precisamos resgatar a
valorização de nossos mestres, e ensinar isso à geração de jovens e
adolescentes para que esses não venham a sofrer por falta de
oportunidades e de capacitação. O exemplo de Jesus, de estar aos pés dos
mestres, deve ser encarado com seriedade e admiração: Aquele que nasceu
para ser Mestre por excelência estava, humildemente, ouvindo lições de
homens falíveis.
Precisamos entender isso: um mau aluno jamais será um bom mestre, um
péssimo servo não será, nunca, um bom senhor. E nossos jovens precisam
saber e entender essa verdade, que seu futuro depende de investirem no
aprendizado e na valorização de quem os ensina. E, talvez, essa triste
realidade vivida no Brasil gere uma saída criativa: professores
vocacionados, já estabelecidos financeiramente, podem dedicar-se a
ensinar aquilo que sabem de forma gratuita (ou quase), como é o caso do
professor João Antonio, do Be a Byte (recomendo).
4. Desenvolva senso crítico e saiba ouvir e perguntar
O texto diz que o menino Jesus “ouvia e peguntava”, ou seja, recebia a
informação, assimilava, compreendia e formulava seu entendimento a
partir do que já sabia de antemão, do que já havia aprendido
anteriormente, das experiências que havia tido e da compreensão do que
havia sido dito pelos rabis, e respondia de acordo.
Eu sou professor na Escola Dominical, e já ministrei várias aulas para
jovens e adolescentes e sei que são um público diferenciado. Quando eles
gostam, gostam, mas quando desgostam… deixa pra lá. Mas, o que me chama
a atenção neles é que, principalmente os adolescentes, eles são muito
questionadores e querem entender o porquê de tudo, se possível. É como
se fossem uma esponja ávida por absorver todo o líquido ao redor,
ignorando suas limitações de espaço e tempo. Mas, é muito gratificante
você repassar seus conhecimentos, experiências e sentimentos a eles,
pois elem sabem como valorizar isso.
Hoje, saber ouvir e responder é, talvez, um dos maiores desafios que o
jovem cristão enfrenta, e o comportamento que ele deve assumir diante
disso cabe a nós ensiná-lo e instruí-lo. Se você tem o desejo de se
dedicar a ensinar para transformar vidas, há 2 livros que considero
essenciais para auxiliá-lo nessa tarefa, quais sejam:
Ensinando Para Transformar Vidas;
As Sete Leis do Aprendizado.
Um foi professor do outro, pode comprar sem medo de se tornar um bom mestre.
5. Saiba responder sem causar escândalo
O texto diz de forma bem clara que as resposta de Jesus deixaram os
mestres (rabis) do templo abismados. Levando em conta que eles devem ter
perguntado de onde ele era, a admiração deve ter assumido outras
proporções. Seria mais ou menos como um rapazote lá do interiorrrrrr
chegar na capital e a-r-r-a-s-a-r na aula… risos
Agora, se você pensar na conversa que um adolescente médio de hoje
produz, mais ou menos “tipo assim“, “tá de zoeira“, “curti” e o famoso
“kapoaskkaposakaspoakakospka” (não me pergunte, demorei horrores pra
digitar isso), você acha mesmo que essas respostas iriam causar
admiração em alguém? E onde está o erro dessa geração? Onde estão os
exemplos de nossa geração de adolescentes? O que deve ser feito para
reverter esse triste quadro, de modo que nossos adolescentes causem
admiração com suas falas?
E você, que sugestões daria para mudar esse quadro?
6. Senso de identidade e da missão
Infelizmente, nossos adolescentes de hoje, em sua grande maioria, não
têm a menor noção de identidade (quem são e porque são assim) e de
missão (o que vieram fazer no mundo). Perguntar a um adolescente o que
ele quer ser na vida é um exercício de frustração, porque ele vai dar
respostas evasivas e inconclusivas. Se perguntar o que ele É (como se
define), da frustração a sensação pode chegar à decepção. Duvida? Faça o
teste, e boa sorte.
Mas, o menino judeu de 12 anos, há 2.000 anos, já sabia quem era (o
Filho de Deus) e o que deveria fazer, porque havia vindo ao mundo
(tratar dos “negócios” de Seu Pai). Lembrando que Jesus, apesar de ser
100% Deus, também era 100% homem (ou 100% adolescente… risos), ou seja, o
adolescente de hoje tem plena capacidade de ser alguém consciente de
sua missão de vida. A pergunta que deve ser feita não é “por que os
adolescentes não sabem o que querem” mas sim “como despertar nos
adolescentes a noção de significado e missão?“. Essa é a pergunta para a
qual deve-se achar a resposta.
7. Saiba respeitar e obedecer a hierarquia
A última coisa do texto que nos chama a atenção é justamente aquela que
não deveria: um adolescente obedecer a seus pais. Apesar de isso ter
acontecido há 2.000 anos, não está fora de moda nem é antiquado. Se era
possível a um adolescente obedecer a seus pais, em um país invadido,
cercado de exércitos invasores, num ambiente altamente opressor e com a
identidade nacional ameaçada, por que não seria possível hoje?
Conclusão
Se um adolescente seguir esses 7 passos, ele também ficará habilitado a,
do mesmo modo que Jesus, a crescer “em sabedoria, estatura e graça
diante de Deus e dos homens”.
E você, o que acrescenta ou sugere para que os adolescentes de hoje
atinjam seu pleno potencial, não apenas diante dos homens, mas também de
Deus?
fonte:http://www.atendanarocha.com/2014/07/aprendendo-com-o-jesus-adolescente.html#more
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