João Cruzué
Por que será que o Senhor Deus sendo tão bondoso, dono do ouro e da
prata, permite que cristãos fiéis sofram? Aparentemente é um
contra-senso a visão de ímpios vivendo regaladamente, incrédulos se
"dando" bem na vida enquanto honestos filhos de Deus estejam comendo a
poeira do deserto. Uma corrente filosófica diz que Deus criou mesmo o
mundo e os seres humanos, mas que os deixou à mercê das circunstâncias e
da própria sorte a semelhança de uma tartaruga marinha. Quero dar meu
testemunho para desmentir este sofisma.
Entre 31 de julho de 1992 e 13 de julho de 2003, eu fiquei desempregado.
Bati em muitas portas, fiz muitas entrevistas, enviei centenas de
currículos, falhando em todas as tentativas, exceto uma.
Neste tempo perdi quase tudo que possuía. Para reduzir a despesa
doméstica cortei os gastos de quase tudo. Tiramos nossa primeira filha
da escola particular. Vendemos nossa linha de telefone. Nossa segundo
filha estou do ensino básico ao colégio em escola pública. Até nossa
comida foi medida, até o ponto de voltar do supermercado com meio kilo
de café e dar graças a Deus em casa com lágrimas nos olhos.
Por falta de melhores oportunidades fui para o sítio plantar mandiocas. À
mão. Na vida espiritual Deus me chamou para juntar literatura usada de
Escola Dominical para mandar para as igrejas do cárcere dentro das
penitenciárias do Estado de São Paulo.
Mas em julho de 2003, onze anos depois, uma porta se abriu. Era um
contrato de emergência para ser contador em um Hospital da Zona sul de
São Paulo. No ano seguinte houve o concurso, e recebi a contratação
definitiva. Durante aqueles seis anos vi muita gente nova chegando e
tomando cargos maiores que por direito de oportunidade seriam meus.
Todavia eu mantive um princípio: o que Deus me desse ninguém tomaria.
Em 2009, fui convidado a deixar o posto para fazer
parte da equipe de contadores da Secretaria de Finanças do Município de
São Paulo. Fui aprovado em entrevista feita com o próprio Secretário. Só
que eu seria emprestado. Ficaria por lá à mercê do tempo e dos ventos.
Entretanto, era um grande honra. Não são todos os que são convidados
para trabalhar naquele departamento
Mas surgiu outra oportunidade ainda maior.
Há poucos dias recebi um telegrama. Antes de assumir o novo cargo.
Pensei que era alguma conta atrasada ou coisa parecida. Mas não era.
Falava de concurso. Uma convocação do Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo para a cerimônia de nomeação em um cargo mais importante e um
salário dobrado.
Buscando na memória alguma lembrança do tal concurso fui parar em 11 de
dezembro de 2005. Foi a data da prova. Não é qualquer dia que um
concurso de validade por dois anos, é prorrogado por mais dois e alguém
lhe manda um telegrama para vir escolher a vaga depois de quatro anos.
Foi o Senhor que me deu. E avisou que Ele foi o autor da oportunidade.
O Senhor permitiu que eu fosse provado. Amassado. Afinado. Provasse a
poeira do deserto. Chamado de "coitadinho" pelos familiares. E aos 54
anos quando os familiares achavam que minha vida sempre seria medíocre,
algo aconteceu. Ele me concedeu duas oportunidades ao mesmo tempo. Uma,
ainda maior que a primeira. Então eu entendi que Deus não nos trata como
estranhos. Ele nos corrige e até deixa passar por provações para que
depois os olhos de todos vejam o tamanho da bênção que ele reservou para
nós.
Se você está no deserto comendo poeira e sob sol forte, não desanime.
Mantenha-se ocupado na vida material e arranje alguma coisa de Deus para
trabalhar na Igreja, no plano espiritual. Não descuide dos exercícios
físicos nem da oração. Mantenha equilibrados o corpo e a alma. O Senhor
não se esqueceu de você. Ele não vai tirar você do deserto. Nem da
fornalha. A presença dele ao seu lado é uma promessa fiel. E um dia,
quando você nem estiver esperando mais, ele vai fazer com você a mesma
coisa que fez comigo.
Uma maravilhosa supresa!
As provações são tempos de nossa vida que antecedem as grandes bênçãos.
Basta ser fiel no pouco. E não ficar deitado no pó. Todo dia é dia de se
levantar , e orar, e contar os dias que faltam para o dia da sua
vitória. É durante as provações que aprendemos como é que se diz: muito
obrigado Jesus! com a alma.
Cruzué edita o Olhar Cristão e é colaborador do Tenda na Rocha
fonte;http://www.atendanarocha.com/2014/10/por-isso-nao-desanime.html#more
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