Por Lucas Freitas
Era madrugada de domingo e ela acabara
de chegar ao cenário que, a primeira vista, se apresentava
desconcertante. Maria emudeceu. Diante do sepulcro aberto e vazio as
dúvidas a atormentavam, seu coração palpitava e seus olhos encheram-se
de lágrimas. Seu Mestre havia sido levado, pensava ela.É curioso notar
que ao longo de três anos caminhando lado a lado com Jesus, ouvindo-o
dizer inúmeras vezes que três dias após sua morte Ele ressuscitaria para
cumprir o plano pré-determinado por Seu Pai, em nenhum instante Maria
pensou nesta hipótese. A ideia de ressurreição para o judeu do século I
era tão ou mais absurda do que é para nós, hoje, no século XXI. Fato é
que nenhum daqueles que durante três anos andaram e ouviram Jesus de
Nazaré estavam de campana em frente ao sepulcro em que Ele fora
sepultado aguardando sua ressurreição naquele maravilhoso e histórico
domingo na cidade de Jerusalém.
Lá estava Maria, perdida, atônita! Completamente dominada pela
circunstância. Ela havia esquecido-se das palavras de seu Mestre.
Esqueceu-se de crer. De repente, eis que surge a pergunta: Mulher, por
que choras? Era Ele. O Cristo Ressurreto que escolhera revelar-se
glorificado naquele exato momento pela primeira vez e a uma mulher,
bendita mulher. Mas não foi suficiente. Mesmo diante do Rei dos reis,
ressurreto e glorificado, ela não pôde ver. Confundiu-o com um
jardineiro qualquer e aflita perguntou: onde puseram meu Senhor? Estava
cega, havia perdido completamente o fundamento no qual tinha construído
toda sua vida.
Eis-nos aí. Perfeitamente descritos na figura de Maria. Desconcertados.
Desesperados. Perdidos frente aos cenários tenebrosos que a vida nos
apresenta inúmeras vezes, sem que compreendamos absolutamente nada. O
desespero bate a porta, as lágrimas nos molham a face. Ali estamos nós,
encharcados de incredulidade, afundados em nossa corrupção, esquecidos
das palavras do Mestre, esquecidos de Suas promessas e de Seus planos de
paz para nós. Contemplamos o sepulcro vazio e simplesmente deixamos de
trazer a memória que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus. Eis-nos em Maria, completamente incapazes de perceber o
Senhor. Ressurreto. Glorificado. De frente para nós! Miseráveis homens
que somos! Contudo, pela graça, onde abundou a corrupção, a cegueira e a
desesperança, superabundou o amor, a misericórdia e a esperança.
Jesus e Maria |
O diálogo continua, e Jesus protagoniza uma das cenas mais lindas de
todo o evangelho. Com o coração transbordando de misericórdia e
compaixão por aquela mulher drasticamente abalada e sensibilizada por
uma dor jamais imaginada, Ele diz: “Maria!” Imediatamente ela se vira e O
reconhece! “Raboni” (que quer dizer Mestre), ela diz! Que cena
eletrizante! Ao som da voz do Senhor da vida, o coração daquela brava
mulher havia sido restaurado, sua esperança retornado e suas lágrimas de
tristeza, completamente enxugadas! Madalena estava curada! Ela estava
ouvindo novamente. Ela estava vendo novamente. Ela estava crendo
novamente.
É possível que, hoje, muitos de nós estejamos em pânico, desesperados e
impressionados diante de tantas aflições e dificuldades no mundo.
Estamos surdos para a voz do Senhor, cegos para Sua glória e totalmente
incrédulos de que apesar de tudo, Sua fidelidade ainda permanece
intacta. Em meio ao desespero das circunstâncias da vida, é preciso que
lembremo-nos que Cristo ainda nos chama pelo nome. Por mais medíocres,
infiéis e desobedientes que venhamos a ser, a voz do Mestre rompe nosso
pecado e restaura nossa identidade, trazendo-nos de volta todo
equilíbrio, sentido e significado para a vida.
É certo que Jesus nos conhece pelo nome. Foi Ele mesmo quem nos criou. É
nEle que vivemos, nos movemos e existimos. É especialidade dEle remover
de nós as escamas que não nos deixam percebê-lO. É especialidade dEle
solucionar o que não tem solução. Para Ele, o que há de mais belo no
mundo é dar vida a quem está morto e trazer luz onde há escuridão. Pode
ser que você esteja morto. Pode ser que você esteja dando passos
desesperados e desgovernados em meio a completa escuridão. Pode ser que
você esteja passando pela situação mais grave de toda história da sua
vida. Ainda assim, a palavra do Senhor pra você hoje é: Maria!
Que Deus nos alcance!
fonte: http://www.atendanarocha.com/2015/12/maria-havia-esquecido-sobre-o-natal.html#more
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