Wallace Sousa
"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo."João 16:33
Aquela segunda, dia 6 do mês 6 de 2016, havia começado como outra
qualquer, às 6 horas da manhã. Mas, quando você acha que tudo continua
igual, a vida vem e surpreende você. E, às vezes, a vida lhe prega peças
e também lhe pega de jeito. E assim foi comigo, o destino me pregou uma
peça na encruzilhada da vida.
Eu não sei o que você está passando, pelo que já passou o pelo que ainda
irá passar, mas escrevo isso justamente para que minha experiência
possa, de algum modo, ajudar você que enfrenta lutas, dissabores e
angústias, sejam elas inesperadas, programadas ou totalmente
imprevisíveis.
Fazia alguns dias que meu pai me visitava e nos dava o prazer de sua
agradável presença em sua companhia, visto que moramos quase 2.000km
distantes um do outro, sempre aprecio suas visitas, ainda que breves,
quando ele passa aqui por Brasília. Não são as coisas que ele traz na
bagagem, as guloseimas e delícias da culinária nordestina que me cativam
desde o nascimento, mas sua presença e seu carinho que nos abençoa é o
que torna sua vinda tão agradável e desejada.
Todavia, como de costume, ele vem e vai, passa e parte. Como filho, sei
que assim é a vida, e é assim que a vida é. Não mais questiono, apenas
aceito e sigo vivendo, vou andando, e continuo vivendo, aproveitando
cada instante, principalmente aqueles bons momentos que gostamos de
guardar na memória.
Mas, como já disse, aquela segunda que havia começado como todas as
outras, não findaria da mesma forma. Eu precisava atravessar por uma
encruzilhada e passar por uma difícil experiência.
Sabe, às vezes nós pensamos que estamos preparados para tudo, mas quando
as coisas acontecem e pegam a gente de surpresa, nós nos damos conta de
que nada é como pensávamos e tudo é diferente do que nós prevíamos. A
vida nos prega peças e, muitas vezes, descobrimos que não estamos
preparados quando a circunstância chega de supetão.
Saí de casa, mala e bolsa no porta-malas, tudo parecia no lugar, os
ponteiros do relógio movendo-se dentro do esperado, a vida seguia seu
curso como todo santo dia. E aquela encruzilhada que eu atravessava
todos os dias parecia estar no mesmo lugar, e que seria fácil transpô-la
mais uma vez. Parecia.
Quando eu passei pela lombada, ao chegar à beira da encruzilhada, parei e
olhei. Nada vi senão uma pista vazia e árvores, muitas árvores
enfileiradas… então segui. Olhei para o outro lado, também com uma pista
vazia, até fiz um comentário displicente ao meu pai, do meu lado. Tudo
parecia normal. Parecia.
Então, de repente, do nada, escuto um estrondo do meu lado, sinto um estremecimento, ouço barulho de ferro amassado, peças se quebrando e se soltando. O mundo repentinamente ficou confuso e tudo mudou, num ínfimo instante. Tudo aquilo que até então estava normal, de súbito tomou outro rumo. Foi uma explosão que me aturdiu, e fiquei completamente atordoado tentando entender o que havia acontecido.
Êêêêêêêêêêêê… Bummm! A vida muda tão rápido e, às vezes, ela nos pega de
cheio quando estamos distraídos, felizes e seguindo em frente, sem de
nada desconfiar. Quando isso aconteceu, mil coisas passaram pela minha
cabeça, e uma delas foi me examinar pra saber se eu estava em falta com o
Senhor para que isso acontecesse. Não lembrei de nada grave na hora.
Então, pensei: Deus permitiu, vou ter que encarar e fazer o melhor que
puder, e que o Senhor me ajude.
Parei o carro na esquina, ainda atordoado, sem saber o que havia
acontecido e no que eu havia me envolvido. Olhei pra frente e vi o
motociclista caído, tentando se levantar. Ouvi ele dizer, “quebrei a
perna!” e gelei. Pensei, meu Deus, o que foi que eu fiz? Cheguei mais
perto, ajudei ele a se sentar e olhei pra sua perna esquerda.
Nesse momento, já havia sangue molhando e manchando o jeans da calça.
Era uma fratura exposta. Uma parte de mim quis se desesperar, outra
tentava se acalmar para socorrer o rapaz, mais jovem que eu. Estiquei
sua perna, que estava dobrada e, nesse momento eu pude presenciar uma
das piores sensações que alguém pode sentir, ao pegar e ver sua perna
mole, ensanguentada.
Após estirar sua perna, olhei para minhas mãos e também ficaram sujas de
sangue. Peguei seu capacete, estava com a parte que protege a mandíbula
quebrada. Tudo parecia um quadro surreal que eu não conseguia encaixar
as peças. Minha mente girava, mas eu precisava me manter sóbrio e não
entrar em parafuso. Eu não podia perder o controle, apesar de estar
aturdido ainda.
Eu não sabia se estava tentando acalmar ele ou eu quando lhe disse,
“tenha calma, podia ter sido pior”. Hoje, após uma semana passada do
fatídico acidente, percebo que poderia, sim, ter sido muito, mas muito
pior. Mas, na hora, eu não tinha a mínima ideia disso.
A viatura do Detran chegou em menos de 5 minutos e a do SAMU, logo em
seguida. Antes deles chegarem, o rapaz, Gérson – perguntei seu nome para
saber se estava consciente e evitar que desmaiasse – ligou para sua
esposa a quem havia acabado de deixar em uma parada de ônibus, próxima, e
disse, “amor, me envolvi num acidente, na rotatória”.
Ela chegou logo em seguida, percebi que era ela antes de chegar, pelo ar
de angústia. Quando ela chegou, ele já estava sendo atendido pelos
paramédicos que imobilizaram sua perna e a enfaixaram para interromper a
hemorragia. Ela, Fabiane – também perguntei seu nome – chorava e estava
muito mais aturdida que eu, sem saber o que havia acontecido. Eu lhe
disse, “tenha calma, vai dar tudo certo”. Na hora, nem eu sabia se
alguma coisa ia dar certo…
Peguei o telefone dela, passei o meu e me coloquei à disposição.
No fim das contas, meu pai pegou um ônibus até à rodoviária, eu fui à
delegacia registrar o BO e depois fazer a perícia. O dia ainda estava
começando, mas já tinha virado totalmente de cabeça pra baixo e minha
cabeça ainda rodava.
No mesmo dia ele foi atendido no Hospital de Base, e a cirurgia foi
feita naquela tarde. Na terça eu o visitei no hospital, conversamos,
disse que eu já havia dado entrada no seguro, que ele teria suporte para
o que fosse necessário e que eu estava ali.
Mas, talvez você se pergunte, e acho válido perguntar: por que você está
nos contando isso, Wallace? Porque eu quero que você saiba aquilo que
eu descobri no dia do acidente. Eu fiquei muito angustiado vivendo tudo
aquilo, sem saber o que fazer, sem saber o que aconteceria dali por
diante e como as coisas se encaixariam ou voltariam ao normal.
Talvez esteja sendo este o seu caso, alguma coisa grave aconteceu com
você, sua família ou com alguém querido e próximo a você. Pode ter sido
um acidente, como foi comigo, você pode ter sido a vítima, pode ser uma
doença, pode ser o desemprego, pode ser qualquer coisa. Mas, o que eu
quero que saiba é que o Deus criador dos céus e da terra, o Senhor de
tudo e de todos, Ele está com você e vai lhe ajudar a sair dessa
situação.
É isso, hoje, depois de as coisas começarem a clarear, eu percebo que o
Senhor, às vezes, permite que passemos por coisas assim, mas o que nos
traz esperança é saber que Ele está conosco e que nos livrará de todo o
mal.
Caro leitor, amigo de tribulações e angústias, que o Senhor abençoe sua
vida. Que, mesmo em meio às maiores angústias e sofrimentos, que Ele lhe
conceda graça e força para continuar lutando e vencendo.
Fique à vontade para deixar seu comentário, eu leio todos. E meu desejo é
que esta breve história possa abençoar alguém. Se for o seu caso,
agradecerei se quiser deixar um comentário em gratidão ao Senhor.
Que Deus nos abençoe.
http://www.atendanarocha.com/2016/06/fe-nos-dias-de-aflicao.html#more
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