A Europa está em estado de contradição a respeito da natureza transformativa de seus inimigos. Ao se recusar a reconhecer a enfermidade mental em suas variadas formas por aquilo que ela é, a Europa permanece incapaz de proteger seus cidadãos.
É um padrão familiar. Sempre que um terrorista comete uma atrocidade, seus apologistas começam a culpar a sociedade ou, ainda pior, as vítimas. Conseqüentemente, não surpreende que, após Mohamed Merah, um francês jihadista descendente de argelinos, ter matado um rabino e três crianças judias em Toulouse (março de 2012), alguns imediatamente culparam os judeus.
Merah gravou em vídeo, a sangue frio, como perseguiu uma garotinha de oito anos por um playground na escola e a assassinou com três tiros na cabeça, e como executou o rabino Sandler e seus filhinhos de três e de seis anos. Mesmo assim, alguns não hesitaram em comparar seus atos a operações militares do exército israelense em Gaza.
Só isso já seria suficientemente chocante, mas o fato de a comparação ter sido feita pela chefe da política externa da União Européia (UE) torna as coisas muito piores. E, assim mesmo, depois de comparar as crianças judias que foram intencionalmente assassinadas em Toulouse com jovens vítimas palestinas dos ataques aéreos defensivos do exército israelense em Gaza, Catherine Ashton, a Alta Representante da União Européia Para Política Externa e de Segurança, ainda está no cargo. Nenhum dos 27 governos dos Estados-Membros da UE solicitou que ela renuncie.
Os políticos israelenses reagiram com indignação à comparação feita por Ashton. As observações dela, entretanto, não são nada surpreendentes tendo em vista seu passado como ativista, pertencente ao grupo “Blame the West First” [Culpem Primeiro o Ocidente]. Algumas pessoas, quando confrontadas com comportamento sociopata, colaboram com ele ou buscam argumentos para provarem que não se trata realmente de um sintoma de desordem emocional, mas de uma tentativa de corrigir uma injustiça que alguém cometeu.
A UE critica Israel freqüente e abertamente. Seus relatos sobre Israel são muitas vezes injustos e tendenciosos. Como Israel é um país ocidental, é odiado por elementos anti-ocidentais na UE, que mostram os palestinos como vítimas permanentes da agressão israelense.
Os americanos não parecem estar conscientes do que está acontecendo, mas pessoas com um passado anti-ocidental controlam mais de um terço das posições mais importantes da UE. Catherine Ashton começou sua carreira política no início dos anos 1980, quando foi tesoureira da Campanha Para o Desarmamento Nuclear (CDN), a principal organização britânica de pacifistas, e que, de acordo com o ex-dissidente soviético Vladimir Bukovsky, estava na folha de pagamento da União Soviética. Ela aparentemente ainda aprova essas políticas desacreditadas e potencialmente autodestrutivas – evidentemente ainda tão cega ao abuso totalitário do poder quanto era três décadas atrás. Ela é tão incapaz de ver a natureza autocrática do islamismo hoje quanto era incapaz de ver a natureza autocrática do comunismo naquela época.
A revista The Economist escreveu em 2010, quando Ashton foi designada como chefe do Departamento de Política Externa da UE: “Imaginem uma Europa dos anos 1980, em que a CDN havia triunfado (...) rendendo-se à pressão do Kremlin e fortalecendo o império do mal. (...) Dada a história de assassinatos em massa, subversão e engano da União Soviética, é impressionante que até mesmo uma associação tangencial com as causas apoiadas pelos soviéticos no passado não levante (...) indignação moral”.
Não houve análise rigorosa das observações de Ashton naquela época; não há análise rigorosa das observações atuais de Ashton.
Infelizmente, Ashton não está sozinha. Dez dos 27 membros da Comissão Européia, a executiva da UE, estavam do lado do domínio totalitário repressivo durante a Guerra Fria. Ou eles eram membros do aparato do Partido Comunista ou eram socialistas marxistas ocidentais, que consideravam o Ocidente tão ruim quanto a União Soviética.
Dois dos atuais comissários da UE eram membros do Partido Comunista Soviético (o estoniano Siim Kallas e o lituano Andris Piebalgs), dois eram membros do Partido Comunista Tchecoslovaco (o tcheco Stefan Füle e o eslovaco Maros Sefcovic), um era membro do Partido Comunista Iugoslavo (o esloveno Janez Potocnik), uma era membro do Partido Comunista Grego (Maria Damanaki) e um era ex-membro do Partido Maoista Português (o presidente da Comissão da UE, José Manuel Barroso). Dois outros eram social-democratas marxistas, próximos do Partido Comunista (o húngaro László Andor e o espanhol Joaquín Almunia) e uma, Catherine Ashton, era ativa em uma “organização pacifista” patrocinada pelos soviéticos, que tentava impedir o Ocidente de se defender contra a agressão da URSS.
À parte de uma tentativa vã de Gerard Batten, membro britânico do Parlamento Europeu, de impedir a designação, em 2010, de delegados da UE que “tenham sido associados a regimes opressivos” ou que “tenham participado de governos ou de movimentos políticos não-democráticos”, ninguém pareceu se importar que um terço dos membros da Comissão Européia seja de ex-colaboradores de um regime que chacinou 20 milhões de seu próprio povo sob Josef Stalin. Hoje, Israel está pagando o preço por essa falta de análise rigorosa por parte dos europeus.
Depois que Ashton foi criticada por políticos israelenses por fazer a comparação Toulouse-Gaza, ela expressou sua “tristeza pela distorção de minhas observações”. Em vez de se desculpar, ela culpou seus críticos por “distorcerem” sua mensagem. Entrementes, ela manipulou a transcrição de suas observações, acrescentando à versão online de sua fala uma referência às crianças israelenses em Sderot, que foram vítimas de literalmente milhares de ataques com foguetes palestinos. Se milhares de foguetes caíssem, ano após ano, nos subúrbios de Bruxelas ou de Florença, o que você recomendaria aos residentes: que recompensassem o adversário abandonando as cidades? Em qualquer caso, a versão online anterior da transcrição não fazia nenhuma referência a Sderot.
Confrontados pelas aspirações de expansão dinâmica do islamismo, manifestadas sem rodeios, pessoas como Ashton e as que a designaram para o cargo, mostram a mesma cegueira enganosa que demonstraram três décadas atrás quando confrontadas pela natureza repressiva do comunismo.
Enquanto Ashton culpou Israel, Tariq Ramadan, professor de Estudos Islâmicos Contemporâneos na Universidade de Oxford, denominado a voz do islamismo moderado europeu, culpou a França. Ramadan escreveu em seu site que Merah se tornou um terrorista “depois de ter sido um cidadão destituído da verdadeira dignidade”. O islamismo não teve nada a ver com isso, afirma Ramadan. A França deve ser culpada porque “um número substancial de cidadãos franceses [de origem islâmica] são tratados como cidadãos de segunda categoria”.
O artigo de Ramadan é uma outra tentativa de culpar as vítimas pela atividade criminal perpetrada contra elas, desta vez em sua condição de cidadãos franceses, em vez de como judeus. Um professor de Oxford escrever tal artigo é uma vergonha e um insulto a todos os membros da comunidade da Universidade de Oxford. É, entretanto, como antes, improvável que alguém daquela universidade proteste contra isso.
A Europa está em estado de contradição a respeito da natureza transformativa de seus inimigos. Ao se recusar a reconhecer a enfermidade mental em suas variadas formas – seja por tentativas de repelir a depressão por meio da agressão, seja por paranóia, inata ou induzida, seja pela excitação em maltratar fisicamente a si mesma ou a outros, o que é conhecido como sadomasoquismo – pelo que ela é, a Europa permanece incapaz de proteger seus cidadãos.
Oitenta anos atrás, os europeus passaram por esse mesmo processo. Como disse Mark Twain: “A história nunca se repete, mas freqüentemente rima”. Mais uma vez – exatamente como fizeram durante a inquisição do Terceiro Reich – os europeus estão fracassando, devido à ignorância, pelo desejo de não tomar conhecimento, ou de não querer confrontar o objeto da desordem emocional, especialmente inflamado diariamente não apenas pelos ensinamentos ideológicos que buscam conspicuamente incitar o ódio, mas também com a cumplicidade de uma imprensa européia cada vez mais reminiscente de Der Stürmer (semanário nazista de incitação contra os judeus). Mais uma vez, os europeus, por seu próprio fracasso, estão tentando fazer com que os judeus paguem o preço. (Peter Martino - www.gatestoneinstitute.org — www.beth-shalom.com.br)
Fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/europa_terrorismo.html
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