“O Senhor, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra” (Habacuque 2.20).
O deserto é o templo original de Deus, Sua habitação pessoal aonde
Ele leva os que O seguem para encontrá-Lo e estar em Sua presença. Foi
no deserto que Deus chamou e enviou Moisés, e lhe deu os Dez
Mandamentos. Foi ali que Deus formou Israel e levou Moisés a criar o
Tabernáculo. O deserto também foi onde Deus preparou Davi para ser o rei
de Sua nação e o protótipo do Seu Filho. Deus também se encontrou com o
profeta Elias e preparou Seu profeta João Batista no deserto. O
Espírito Santo levou Jesus até o deserto para ser testado, tentado e
aprovado como Messias. A Palavra também nos diz que o pensamento
teológico de Paulo foi desenvolvido e finalizado no deserto.
O deserto: bom, mas difícil
O deserto ainda é o templo de Deus e o lugar de Sua presença pessoal.
Ele leva todos os Seus líderes a passarem por diferentes tipos de
deserto para nos transformar em Suas ferramentas, para mudar vidas e
tornar visões em realidade. Em vista de tudo o que Deus já fez no
deserto, precisamos reconhecer que ir para o deserto para encontrar com Deus é bom,
seja onde for e signifique o que significar para nossas vidas. Muitos
cristãos pensam que uma experiência no deserto é algo a ser evitado ou
um lugar de onde precisamos escapar o quanto antes. O fato é que o
deserto só se torna uma experiência ruim quando nos recusamos a aprender
o que Deus quer nos ensinar e a confiar Nele quanto ao que quer que
façamos. Se o deserto é o templo santo de Deus, o lugar onde Ele se
encontra com os que O seguem para prepará-los para o Seu tipo de
grandeza – e é – e se o deserto é onde Ele prova que os Seus estão
preparados para o Seu propósito, tanto para Ele quanto para eles – e é –
então o deserto só pode ser bom! É um lugar difícil, estressante e muitas vezes isolado, mas não é um lugar ruim. Entrar na presença do Deus santo é sempre algo bom.
Às vezes, pessoas ou eventos que não podemos controlar são o que nos
levam para o deserto. Alguém que amamos (como nossos filhos ou pais
idosos), membros de nossas equipes criando tensão no ministério ou um
chefe dificultando nossas carreiras podem nos levar ao deserto mesmo sem
saber. Nós não causamos essas situações, não as escolhemos e não
sabemos como ou quando nossa luta vai acabar.
O que é o deserto
O que é esse deserto que estamos enfrentando? Em sua essência, é uma
metáfora bíblica para aqueles momentos áridos e estéreis da vida –
sejam espirituais, físicos ou emocionais – aonde Deus nos leva para nos
testar, transformar, purificar, provar e preparar para a Sua grandeza em
nossas vidas. São os momentos difíceis na vida através dos quais
crescemos nas mãos de Deus de acordo com o Seu propósito. Às vezes, Seu
alvo é simplesmente purificar nosso caráter. Outras vezes, quer melhorar
alguma dimensão da nossa capacidade. Outras ainda, Ele age para nos
provar, para mostrar aos outros que somos qualificados para a liderança.
Sua intenção é sempre o nosso bem, mesmo quando outros têm intenções
más, como no caso de José. É por isso que nossas jornadas pelo deserto
exigem grande confiança Nele. Apenas lembre que o zigue-zague pelo
deserto é a distância mais curta para tornar-se frutífero.
Por que o deserto?
Por que será que, de toda a beleza da Criação, com suas montanhas
cobertas de neve e vales verdejantes, seus mares imponentes e ilhas
exuberantes, Deus escolhe o deserto para ser Seu templo de transformação
de vidas? Por que escolhe chamar Seus líderes a um lugar tão
desagradável? Por que fazer desse lugar estéril uma escola de polimento
de Seus líderes? Porque o deserto é uma imagem da realidade, um
vislumbre dos corações dos Seus líderes e dos seus seguidores. A aridez e
a futilidade físicas do deserto representam exatamente a aridez e a
futilidade espirituais dos Seus líderes até entrarem no Seu templo
sagrado no deserto.
Não importa quantos relances de beleza possamos ter – e o deserto tem
momentos belos – no fim das contas, nós líderes somos tão áridos e
infrutíferos quanto o deserto do Sinai à parte da pureza e do poder que a
presença de Deus produz em nós. Até que Deus transforme nossa escassez
em beleza, nos ensinando o que mais importa quanto a nós como líderes,
lideramos na futilidade de nossos desertos pessoais. De fato, o que mais
importa não é o que fazemos com nossas mãos, mas o que Deus faz com
nossos corações.
O deserto da vida é a clínica de cardiologia de Deus, o lugar aonde Ele nos leva para transformar nossos corações.
O deserto da vida é a clínica de cardiologia de Deus, o lugar aonde
Ele nos leva para transformar nossos corações de modo a libertar nossas
mãos da futilidade do nosso ego e levá-las à graça frutífera. Uma vez
que tenha transformado nossos corações, o que fazemos com nossas mãos
ganha um impacto eterno através de ações frutíferas transformadoras.
Entramos no deserto na futilidade da nossa tolice e saímos dele sendo
frutíferos na sabedoria de Deus e Sua poderosa fraqueza. Fazemos a mesma
coisa que sempre fizemos; mas agora os cinco mil são alimentados, os
espiritualmente mortos são ressuscitados, os desinteressados são
encorajados, os surdos podem ouvir e os cegos podem ver – tudo por causa
da graça de Deus através de nós.
Uma vez não basta
Nossa experiência no deserto não acaba depois de passar por lá uma
única vez. De certa forma, nunca saímos completamente do deserto, porque
Deus não vai terminar o processo de transformar nossos corações até que
estejamos plenamente em Sua presença, quando Ele nos der um novo
coração, perfeito. Então continuamos em nossas lutas no deserto, às
vezes com menos intensidade, às vezes com exigência ainda maior; com
frequência voltando, em meio a nossas lutas, a lugares antigos agora
transformados em oásis refrescantes pela boa mão de Deus. Outras vezes
encontramos novos lugares áridos e estéreis em nossas vidas – lugares
que o Pai não tinha nos mostrado antes – mesmo que eles tenham sido
parte de nós desde que nascemos. Quando isso acontece, sabemos que
estamos entrando mais uma vez na clínica de cardiologia de Deus para
outra cirurgia cardíaca sem anestesia. Não há como dormir enquanto Deus
desobstrui artérias ou substitui válvulas, quanto mais enquanto faz Seus
transplantes de coração; só recebemos o benefício completo da Sua
cirurgia cardíaca quando encaramos a dor e os ferimentos que causamos a
nós mesmos e a outros em nossos esforços fúteis para promover nossa
causa no nome de Jesus. Deus está nos corrigindo e não nos punindo ao
nos fazer passar por essa dor. A única forma de nos libertarmos do
pecado é estarmos totalmente cientes da morte e do custo que o pecado
traz, tanto em nós quanto nos que lideramos e afirmamos amar.
Um zigue-zague
Nos movemos no deserto em um zigue-zague de luta, confusão e
incerteza. Por que continuamos voltando ao mesmo lugar infrutífero? Já
não estivemos aqui antes? Por que precisamos voltar? Como esse
zigue-zague pode ser a distância mais curta entre onde estamos e aonde
queremos ir? Deus não sabe que está desperdiçando nosso tempo nos
levando de volta aos mesmos buracos secos vez após vez? Se Ele consegue
controlar o universo, por que não pode controlar a nossa vida de forma
mais eficiente? Por que não nos dá pessoas que estão motivadas como nós,
que querem ir aonde queremos ir, que se importam tanto quanto nós?
Quando finalmente saímos do deserto e olhamos para o rastro em zigue-zague atrás de nós, percebemos que essa realmente era a rota mais rápida que Deus poderia ter escolhido para nossas vidas.
Quando finalmente saímos do deserto e olhamos para o rastro em
zigue-zague atrás de nós, percebemos que essa realmente era a rota mais
rápida que Deus poderia ter escolhido para nossas vidas – na verdade, a
única rota pela qual poderia nos levar. Como no caso dos filhos de
Israel, o problema não está em Deus, mas em nós. Se tivéssemos confiado
Nele mais prontamente, Ele teria agido mais rapidamente. Imagine o quão
rapidamente Deus poderia ter levado o povo de Israel para a Terra
Prometida se tivessem confiado Nele. Teriam chegado lá em dois anos, não
em quarenta. Aqui está o que precisamos perceber: Deus nos tira do
deserto o mais rápido possível, mas nunca antes de estarmos prontos para
seguir em frente. Pode ser por isso que alguns de nós nunca chegamos a
ser frutíferos.
Deus tem um plano e um propósito ao nos trazer para essa terra
devastada e aparentemente inútil, que é transformar nossos corações para
que Ele possa gerar frutos através das nossas mãos. Uma vez que
tenhamos aprendido isso, podemos voltar para o deserto com expectativa
quando Deus nos impelir. Só é possível enfrentar as areias escaldantes
da santidade de Deus de pés descalços, mas Deus está lá para nos
confortar, nos curar e nos enviar adiante mais sadios do que antes.
O deserto é uma realidade da vida da qual não podemos fugir – um
lugar estéril e desolado que revela nossa futilidade. Somos impelidos a
entrar nele para sermos testados, tentados e aprovados para nos
tornarmos líderes aptos diante de Deus; líderes totalmente entregues,
que passaram pela escola de polimento de Deus, o deserto onde Ele tem
Sua clínica de cardiologia e transforma nossos corações de pedra em
corações de carne. (Bill Lawrence — Chamada.com.br)
http://www.chamada.com.br/mensagens/deserto_sagrado.html
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