Wilma Rejane
Antes do surgimento da escrita, da moeda, havia na Grécia a predominância da tradição oral. A mitologia era a forma cotidiana para se explicar os conflitos humanos, bem e mal permeavam o misterioso e familiar mundo do mito que pela relação com a realidade dos ouvintes, era religiosamente respeitado. Dessa forma, a Grécia influenciou e inovou a tradição pagã ao inserir imagens de heróis e bandidos semelhantes a homens, mas com poderes divinos.
Depois dos mitos, veio o aparecimento da Filosofia que buscava de forma racional encontrar através do cosmo, da natureza, a origem de todas as coisas. O mito falhou em sua forma de explicar o mundo, a Filosofia ascendeu como esperança de se desvendar o mistério sobrenatural exposto nas maravilhas do universo. Mito e Filosofia, de forma direta e indireta, buscavam a Deus. A inquietude da alma dos gregos lhes dizia haver bem mais entre céu e terra, para além das cortinas celestes.
Foi no mundo grego que surgiu a palavra milagre, ele se referia a Filosofia, a capacidade de desenvolver o pensamento lógico em busca da verdade. Isso tudo é tão incrível, porque revela que o homem, desde sempre, busca por Deus. Do mito a Filosofia. Mais incrível ainda é saber que Deus utilizou justo a língua grega para espalhar a mensagem do Evangelho entre as nações. Não, não quero que isso soe supersticiosamente, mas preciso, planejado, lance de Mestre!
Todo o ambiente grego e sua influencia universal ajudaram não apenas na escrita do Evangelho, mas em sua propagação pelo mundo. E depois do surgimento do cristianismo, vamos constatar uma queda definitiva dos mitos e da filosofia naturalista. A Verdade enfim havia chegado, o Reino de Deus era a resposta a essa interrogação que pairava tanto para gregos quanto para os não gregos. Judeus e gentios. Mas essa Verdade ainda é loucura para muitos e por isso, a busca não tem fim.
“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois está escrito: "Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes". Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que creem por meio da loucura da pregação.” I Coríntios 1: 18-21. Aleluia!
Agora sim, Procusto entra em cena
E usando o tripé (mitologia, filosofia, Cristo) recorro a Procusto, personagem de Teseu que de forma perfeita traduz uma analogia também tripla: homem-mundo-Cristo. Procusto é chocante, traumático, assustador tanto quanto o telejornal policial que de forma cruel relata os homens distantes da Verdade.
Procusto era um gigante que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, de seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Mas essa hospitalidade toda era enganosa. Se os hóspedes fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Procusto termina sendo capturado pelo herói ateniense Teseu que, em sua última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes.
Procusto é o mundo, contrário ao Reino de Deus. O mundo como essa cama que convida de forma encantadora seus hóspedes a se deitarem e ajustarem suas medidas. Estica, encurta, para alcançar um padrão de exigência enganoso. E tudo parece normal, afinal a cama o acolhe. Fora da cama de Procusto é estar fora de um padrão . Então se deita, ainda que não se durma.
Distante do Evangelho se vive esse mito de Procusto, um homem que tinha suas razões para agir de forma tão incomum, mas seus hóspedes eram presas, vitimas de sua maldade. E os hóspedes na cama eram obrigados a se tornarem idênticos a Procusto. E não seria essa a essência do diabo? Ele convida, encanta, engana, mente e faz com que seus hóspedes deitem em sua cama, assumam uma identidade que não lhes pertence, pois Deus os criou para boas obras.
Percebam que Procusto colheu tudo que plantou ao ser capturado por Teseu. Deitar na cama de Procusto é uma sentença de morte e assim está caminhando a humanidade sem Cristo. O livro de Gálatas diz que as obras do mundo são conhecidas e distintas das obras de Deus. Quem deita na cama de Procusto, se adapta a cometer tais obras:
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus."Gálatas 5:19-21
Escapando de Procusto!
Quando o convite para deitar na cama de Procusto lhe parecer encantador, agradável, lembre-se: Não deite, não se adapte ao padrão do mundo sem Deus! O fim é triste, é a captura para morte: "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós". Tiago 4:7,8
Cristo
O que mito e filosofia buscavam se encontra em Cristo e de forma Superior e inigualável. Ele nos deu a imaginação, sim a criatividade, o fantástico e a razão através da qual vivemos e crescemos em sabedoria e graça.
Cristo, nos convida a Liberdade, que nada nem ninguém pode proporcionar: “Aquele pois que o Filho libertar, verdadeiramente será livre!” João 8:36. Sabe essa inquietação, essa tristeza que abate a alma como a buscar a felicidade em lugares tantos, em cama de Procusto? É o vazio que os gregos buscavam preencher, que todo homem busca preencher, é a Síndrome de Procusto que somente Cristo pode curar.
Deus o abençoe.
Fonte: http://www.atendanarocha.com/2013/10/a-sindrome-de-procusto.html#more
Fonte: http://www.atendanarocha.com/2013/10/a-sindrome-de-procusto.html#more
Nenhum comentário:
Postar um comentário