por
Paul Earnhart
O tempo parece ser
propício para o bom sentimento religioso. Há um espírito de alegria, a
mensagem é animadora. E contra isso em si não temos queixa. O
evangelho é uma mensagem bem positiva. É uma mensagem de salvação e de
redenção uma palavra de graça e de alegria. Mas não é uma graça barata,
nem uma alegria fácil. E é exatamente aqui que me encontro ansioso com o
espírito religioso de nossos dias um espírito que embrulha e vende o
"evangelho" como se faz com óleo de cobra, um remédio de charlatão de
rápida ação, que cura tudo e nada exige. Como certa vez observou C. S.
Lewis, o evangelho no final das contas é bastante confortador, mas não se
inicia assim. A palavra de Cristo no começo nos desfaz em pedaços num
desmascarar doloroso de nossos pecados (veja Romanos 13), depois com amor e
cuidado nos torna inteiros de novo (Salmos 51:8). O evangelho é livre,
mas não é fácil. Não há nascimento sem dores de parto, não há liberdade
sem disciplina, não há vida sem morte, não há "sim" sem
"não". É nesse espírito que se escolheu o tema desta edição da
revista. Não para levantar um eterno "Não", mas para reconhecer
que a vida em Cristo tem inimigos mortais que têm que ser resistidos sem
compromisso.
O que Paulo quer
dizer com a "carne"? Será que os homens receberam duas
naturezas na criação uma má e outra boa? Ou será que pelo pecado de
Adão entrou no homem alguma perversidade profundamente arraigada? A
resposta a essas duas perguntas é um inequívoco "não". Quando
Deus criou o homem, este foi declarado completamente "bom" (Gênesis
1:31). Todo homem que pecou desde Adão até os nossos dias não o fez por
necessidade, mas por livre escolha. Os homens pecam porque querem
(Eclesiastes7:29). Não somos espirituais nem carnais por natureza, mas
somos capazes das duas coisas, e, como seres humanos, temos de escolher entre
esses dois caminhos e nos responsabilizar por nossa escolha.
Embora Paulo às vezes
use "carne" (sarx) em referência ao corpo físico (Romanos
2:28) ou ao aspecto humano (Romanos 3:20), a palavra significa muito mais do
que isso em Gálatas 5:16-24. O corpo pode tornar-se um instrumento da
glória de Deus (Romanos 12:1; 1 Coríntios 6:20), mas a "carne" não
(Romanos 8:5-8). O corpo pode ser redimido e transformado (Romaos 8:23;
Filipenses 3:21), mas a "carne" deve morrer (Gálatas 5:24).
A "carne"
que milita contra o Espírito não é a mente ou o intelecto, pois a mente, como o
corpo, pode ser transformada e renovada, treinada para servir aos propósitos
divinos (Romanos 12:2).
Essa
"carne" não é nem a mente nem o corpo em si mesmos, mas uma atitude
pela qual o homem opta e que o põe contra Deus. Na "mente
carnal", a vontade do homem torna-se suprema. Seus desejos têm que
ser atendidos acima de todas as coisas. Estes podem ser as
concupiscências da carne ou os desejos da mente (Efésios 2:3), mas serão
satisfeitos a qualquer custo. É por isso que "as obras da
carne", contra as quais Paulo adverte, abrangem mais que os apetites do
corpo. Na realidade, se possível, estes são as menores das enfermidades
espirituais. É na mente que escolhemos servir a nós mesmos. É na
mente que nos tornamos arrogantes e egoístas e tomamos decisões que desonram o
corpo (Romanos 1:24) e escurecem o raciocínio (1:21). Viver em toda obra
da carne significa fazer o que eu quero não simplesmente satisfazer os
meus desejos carnais mais baixos, mas atender os desejos do meu ego. O
orgulho e a paixão vivem na "carne" em perfeita harmonia.
Precisamos conhecer
os nossos inimigos. Os artigos que se seguem nos ajudarão a
identificá-los melhor. Não são as pessoas, mas os desejos perversos que
procuram roubar o nosso coração de Deus. Existe uma forma racional de
enfrentarmos esses adversários crucificá-los impiedosamente e sem olhar para
trás (Gálatas 5:24). Será penoso (1 Pedro 4:1), mas não tanto quanto a
perda da eternidade.
fonte: http://www.estudosdabiblia.net/a11_1.htm
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