“Aqui a sabedoria é necessária: aquele que compreende deve calcular o número da besta, é o número de uma pessoa, o seu número é 666”.
Vamos,
à luz da Bíblia Sagrada, observando os escritos originais em hebraico e
aramaico, passar para os amados irmãos e estudantes das Sagradas
Escrituras, ver informações históricas e culturais judaicas acerca de um
dos mais comentados e estudados textos do Livro de Apocalipse que
relata o número do anticristo, 666, àquele que se oporá a tudo o que é
vontade de Deus para a humanidade.
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Vamos analisar o texto sobre este tema:
Apocalipse 13:18 – “Aqui
a sabedoria é necessária: aquele que compreende deve calcular o número
da besta, é o número de uma pessoa, o seu número é 666”.
O
verso acima tem sido motivo de muita controvérsia e suposições ao longo
dos séculos. Inúmeras tentativas de decifrar este texto bíblico já
foram feitas. Para tal, foram desenvolvidos diversos cálculos observando
vários pontos para a sua elucidação; isso, nos mais diversos idiomas,
em especial no latim, um antigo idioma indo-europeu, do ramo itálico
originalmente falado no Lácio, a região do entorno de Roma. O latim foi
amplamente difundido, especialmente na Europa, como a língua oficial da
república Romana e, após a conversão deste último ao cristianismo, da
Igreja Católica.
Porém,
não devemos nos esquecer que Yochanan (João) era um judeu e que,
portanto, sua forma de pensar era completamente semita, ou seja,
judaica.
E
para entendermos corretamente a mensagem de Yochanan neste texto, é
preciso interpretar as Escrituras Sagradas como um judeu do primeiro
século.
Analisando o texto
Para
fazermos a análise dessa passagem, de forma a melhor compreendê-la à
luz do seu contexto de época, vamos utilizar as técnicas de hermenêutica
que estavam disponíveis a um judeu do primeiro século, com as quais
Yochanan (João) e os demais cristãos ou messiânicos da época estariam
familiarizados.
Analisando o Contexto
Evidentemente,
pelo contexto de Chazon (Apocalipse ou Revelações em hebraico), a besta
é associada a um reino cujo domínio se estende por todo o mundo. Isso
fica bastante evidente pela autoridade sobre o comércio, explicitada no
verso 15.
Chazon / Apocalipse 13:15 –
“Foi-lhe permitido soprar na imagem da besta para que ela pudesse falar
e fazer que fossem mortos todos os que se recusassem a adorar a imagem”
Lembrando
que a divisão de capítulos foi feita artificialmente muito tempo
depois, e que muitas vezes uma mudança de capítulos não significa uma
mudança no assunto. Vemos que o próprio Yochanan (João) esclarece que
Reino é esse, o qual aparece em conexão com a besta e a sua marca:
8.
Outro anjo, o segundo, segui-o dizendo: “Ela caiu! Caiu, Bavel
(Babilônia), a Grande. Ela fez todas as nações beberem do vinho da fúria
de Deus por causa da sua prostituição!”
9.
Outro anjo, o terceiro, segui-os e disse em alta veoz: “Se alguém
adorar a besta e sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mao,
10. também beberá do vinho da fúria de Deus, derramado sem diluição na cálice da sua ira e do Cordeiro.
É
quase que consenso entre os estudiosos de todas as línguas que a
referência a Bavel (Babilônia) aqui seja uma forma indireta que Yochanan
(João) tinha de indicar Roma.
Isso se torna evidente quando lemos o relato de Apocalipse 18:9.21.
Chazon / Apocalipse 18:9.21
9.
Os reis da terra, que se prostituíram com ela e participaram do seu
luxo, chorarão e se lamentarão por ela quando virem a fumaça enquanto
ela queima.
10.
Temerosos por causa do tormento dela, ficarão de longe e dirão: “Oh,
não! A Grande cidade! Bavel (Babilônia), a cidade poderosa! Em apenas
uma hora, seu juízo chegou!”.
11. Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela, porque ninguém mais compra a sua mercadoria:
12.
artigos como ouro, prata, pedras preciosas, pérolas, linho fino,
púrpura, seda, escarlate, todo tipo de madeira rara, pças de marfim,
madeira preciosa, bronze, ferro, mármore,
13.
canela, cardamomo, incenso, mirra, olíbano, vinho, azeite, farinha,
grãos, bois, ovelhas, cavalos, carruagens - e corpos - almas de seres
humanos.
14.
Foram-se as frutas que você tanto desejou de todo o coração! Todo o seu
luxo e fulgor foram destruídos. Nunca mais serão recuperados.
15.
Os negociantes dessas coisas, que enriqueceram à custa dela, ficarão
longe, amedrontados com o tormento dela; chorarão, lamentarão
16.
e dirão: “Oh, não! A grande cidade costumava usar linho fino, púrpura e
escarlate! Ela se adornava com ouro, pedras preciosas e pérolas!
17.
Tamanha riqueza – foi arruinada em uma hora”. Todos os comandantes,
marinheiros e todos os que ganham a vida no mar ficarão a distancia
18. e chorarão ao ver a fumaça enquanto ela é queimada: “Que outra cidade foi semelhante a essa grande cidade?
19.
Lançaram pó sobre a cabeça, choraram e lamentaram, dizendo: “Oh, não! A
grande cidade! A abundância de sua riqueza enriqueceu todos os donos de
navios! Em apenas uma hora ela foi arruinada”.
Lembremos
que o texto foi escrito por Yochanan (João) para um público do primeiro
século. Quem é que esse público identificaria como o centro do poder.
Chazon / Apocalipse 18:9.10
9.
Os reis da terra, que se prostituíram com ela e participaram do seu
luxo, chorarão e se lamentarão por ela quando virem a fumaça enquanto
ela queima.
10.
Temerosos por causa do tormento dela, ficarão de longe e dirão: “Oh,
não! A Grande cidade! Bavel (Babilônia), a cidade poderosa! Em apenas
uma hora, seu juízo chegou!”.
Do mercantilismo
Chazon / Apocalipse 18:11.13
11. Os negociantes da terra chorarão e se lamentarão por causa dela, porque ninguém mais compra a sua mercadoria:
12.
artigos como ouro, prata, pedras preciosas, pérolas, linho fino,
púrpura, seda, escarlate, todo tipo de madeira rara, pças de marfim,
madeira preciosa, bronze, ferro, mármore,
13.
canela, cardamomo, incenso, mirra, olíbano, vinho, azeite, farinha,
grãos, bois, ovelhas, cavalos, carruagens - e corpos - almas de seres
humanos.
E da riqueza
Chazon / Apocalipse 18:14.15)?
14.
Foram-se as frutas que você tanto desejou de todo o coração! Todo o seu
luxo e fulgor foram destruídos. Nunca mais serão recuperados.
15.
Os negociantes dessas coisas, que enriqueceram à custa dela, ficarão
longe, amedrontados com o tormento dela; chorarão, lamentarão
E quem perseguia os santos, emissários e profetas de Yeshua?
Chazon / Apocalipse 18:20 “Alegre-se por causa dela, ó céu! Regozije-se, povo de Deus, seus emissários e profetas! Porque, ao julgá-la, Deus os vindicou.
A resposta é bem evidente: o Império Romano!
Reparem que ainda que existe uma conexão entre a besta e o seu reino, feita através da palavra prostituição.
No
Tanach (Antigo Testamento), prostituição em hebraico é “zenut”. Essa
palavra, quando em conexão com um povo/reino (especialmente as Casas de
Israel), é sempre usada como sinônimo do abandono dos caminhos e da
Torah de Javé, para cair na rebeldia e na desobediência.
Em
Hoshea (Oséias), chegamos a ver que é justamente o espírito de
prostituição (negação da Torah) que impede a Efrayim de fazer teshuvá
(Retorno).
Hoshea (Oséias) 5:4
4. lo yittenu ma'alleihem lashuv el-eloheihem ki ruach zenunim bekirbam ve'et-Adonai lo yada'u.
4. Seus atos não lhe permitirão voltar para seu Deus, pois o espírito de prostituição está neles, e eles não conhecem Adonai.
Hoshea (Oséias) 6:10
10. beveit yisra'el ra'iti sha'aririyah sha'aruriyah sham zenut le'efrayim nitma yisra'el.
10. Na casa de Israel vi algo terrível; encontra-se prostituição em Efraim, Yisra’el está profanado.
Portanto, o reinado de Bavel (Babilônia - Roma) é um reinado de rebeldia para com a Torah de Javé (a palavra de Deus).
Mas onde entra a conexão com a besta? Shaliach Sha'ul (Apóstolo Paulo) identifica a besta como sendo “o homem que se opõe à Torah" (Hebraico – satan – adversário / Grego anomos – contrário a lei), que é justamente o que representa a prostituição:
II tessalonicenses 2:3.4
3. Não deixem que ninguém os engane de nenhum modo. Porque o dia não virá antes da apostasia e de ter sido revelado o homem que se separa da Torah, o destinado a perdição.
4.
Ele se oporá a tudo o que as pessoas chamam deus ou transformam em
objeto de adoração; ele se colocará acima de todo, afim de que se
assente no templo de Deus e proclame ser ele mesmo Deus
Yechezk’el (Ezquiel) 28:2
2.
“ben-adam, emor lingid tzor koh-amar Adonai Elohim: ya'an gavah
libbecha vattomer el “ani moshav elohim yashati belev yammim”, ve'attah
adam velo-el vattitten libbecha kelev Elohim.
2.
“Ser humano, diga ao príncipe de Tzor que Adonai Elohim diz: ‘Porque
você é tão arrogante e porque disse “eu sou um deus, eu me acento no
trono de Deus, cercado pelo mar”; todavia, você é um homem, não Deus,
ainda que pense que é como Deus.
Portanto, a besta e seu reino têm como propósito deturpar a Torah (a Palavra de Deus) e os desígnios de Yahweh (Deus).
E vemos que a marca da besta tem conexão com Bavel (Babilônia), o qual implicitamente se refere a Roma.
Guematria
Guematria, guemátria ou guimátria
é o método hermenêutico de análise das palavras bíblicas somente em
hebraico, atribuindo um valor numérico definido a cada letra. É
conhecido como “numerologia judaica” e existe na Torah (Pentateuco) há
mais de 3.300 anos.
A
cada letra do alfabeto hebraico é atribuído um valor numérico, assim,
uma palavra é o somatório dos valores das letras que a compõem. As
Escrituras Sagradas são então explicadas pelo valor criptográfico
numérico das palavras.
OBS: Em
português temos o livro "Numerologia Judaica e Seus Mistérios" que
explica muitos sistemas de códigos relacionados à guimetria judaica.
O
texto nos diz para calcularmos o número da besta. Isto pressupõe o uso
da guematria, técnica em que números são associados a palavras, visto
que o Alef-Beit (como é chamado alfabeto hebraico) possui valores
numéricos para cada letra.
O
grande erro da maioria das pessoas é tentarem fazer o cálculo com base
no alfabeto latino, quando claramente Yochanan (João), como judeu,
utilizou a guematria judaica.
Já vimos anteriormente que a besta é um homem, e que há uma conexão evidente com Roma. Ou seja, um romano.
Curiosamente, analisemos a palavra “Romano” no hebraico, utilizando a guematria. Com isso, temos: Romiti (romano, em hebraico)
Vamos observar atentamente este gráfico
Letra
|
Transliterado
|
Valor na Guematria Simples
|
ﬧ
|
Reish
|
200
|
ו
|
Vav
|
6
|
מ
|
Mem
|
40
|
י
|
Yud
|
10
|
ת
|
Tav
|
400
|
י
|
Yud
|
10
|
Total
|
666
|
Aqui
temos uma conclusão sólida, não baseada em teorias conspiratórias, mas
no próprio contexto de Apocalipse, com base na Guemetria.
A indicação de Yochanan
Yochanan diz que o número da besta é o número do homem. O que significa isso no pensamento judaico?
Dentro
do Judaísmo, o número 6 é tido como o número do homem, e fica bem claro
aqui que é essa a alusão que Yochanan (João) faz.
Mas por que número do homem? E o que significa?
* Ao homem foram apontados 6 milênios antes da Era Messiânico;
* O homem trabalha 6 dias, e depois vem o Shabat.
Enfim, o número do homem representa algo que é mundano, em oposição a algo que é Santo.
Tradicionalmente, o número 6 também é associado à palavra hebraica Sheker (mentira), pois a soma dos algarismos (desconsiderando dezenas) da palavra sheker é 6 (seis).
Letra
|
Transliterado
|
Valor na Guematria Simples
|
ש
|
Shin
|
3
|
כ
|
Kuf
|
1
|
ר
|
Reish
|
2
|
Total
|
6
|
Portanto, o número 6 é associado àquilo que é mundano ou falso; algo que vem do homem, ao invés de Deus.
Dentro
do contexto de Chazon (Apocalipse em hebraico), podemos dizer que se
trata de um engano, uma fabricação humana, em oposição à verdade de
Deus.
A
repetição trina do número 6 expressa uma ênfase neste fato, mostrando
que é algo que deve ser levado fortemente em consideração.
Examinando o Tanach (Antigo Testamento)
Um fato que é praticamente ignorado é o de que não é apenas em Apocalipse que o número 666 aparece.
Na realidade, há dois momentos em que ele aparece no Tanach (Primeiro Testamento).
Lamentavelmente, a maioria dos estudos acerca da marca, desconsidera essa informação, quando na realidade ela é essencial.
É
inegável que Yochanan (João) tivesse bom conhecimento do Tanach (Antigo
Testamento), e soubesse que os leitores de Chazon (Apocalipse) também
estariam familiarizados com essas duas passagens.
Na realidade, quando Yochanan cita a necessidade de “sabedoria”
(chachemah em hebraico) para o entendimento do número da besta, ele faz
uma referência à necessidade de se sondar as Escrituras para poder
entender as próprias Escrituras.
Mantenhamos em mente a informação de que o número da besta é “o número do homem” e, portanto, refere-se a uma construção humana / mundana, algo mentiroso (sheker) e maligno.
A primeira passagem em que encontramos 666 em Divrei HaYamim Beit (II Crônicas) 9:13, que diz:
13. vayhi mishkal hazzahav asher-ba lishlomoh beshanah echat shesh me'ot veshishim vashesh kikkerei zahav.
13. O peso do ouro que Shlomoh (Salomão) recebia anualmente chegava a 23.300 quilos (seiscentos e sessenta e seis talentos)
O talento de ouro ou prata
era a unidade de moeda romana para grandes quantidades de dinheiro. O
talento foi introduzido na Grécia Antiga e depois adaptado para o
sistema monetário romano.
Um
talento era igual a 60 minas, que, por sua vez eram equivalentes a 100
dracmas. Sabendo que uma dracma era igual a 4,5 a 6 gramas de ouro ou
prata, um talento significava entre 27 a 36 quilogramas de metal.
Ora, é inevitável estabelecer uma relação entre Shlomo e a besta através do número 666. Mas que relação seria essa? É simples: Quem foi Salomão? Foi o Filho de David, e, portanto herdeiro do trono e rei de Israel.
Portanto,
podemos aqui dizer que o número da besta simboliza que a besta alega
ser como Salomão, ou seja, ser filho de David, herdeiro do trono, e rei
de Israel.
ATENÇÃO: Mantenhamos em mente, porém, que se trata de uma mentira maligna, e não algo de fato e de direito.
A segunda passagem em que encontramos 666 é em Ezra (Esdras) 2:13 que diz:
13. benei adonikam shesh me'ot shishim veshishah.
13. Os descendentes de adonikam 666
Aqui, podemos estabelecer uma interpretação conectando os filhos de Adonikam com o número da besta. Mas, qual a conexão?
Ora, os filhos ou seguidores da besta são como os filhos de Adonikam.
Mas o que significa Adonikam no hebraico?
Adonikam significa literalmente “Meu Senhor se levantou” _ num nível de interpretação, podemos dizer que os filhos da besta alegam que ele é “o senhor que se levantou dos mortos”.
Conclusão: Juntando
todos esses elementos, que são puramente bíblicos, acerca do número da
besta, temos uma impressionante revelação acerca de sua identidade.
Trata-se de uma grande mentira/engano de um homem romano que alega ser filho de David (messias), rei de Israel, ressuscitado dentre os mortos e cujos seguidores chamam de senhor.
Se juntarmos a isso o fato de que Rav Sha'ul [Rabino Saulo] o chama de “homem que se opõe à Torah” (anomia), então vemos que a besta é o cristo romano, uma falsa versão do verdadeiro Messias Yeshua.
A
marca da besta é, portanto, algo que identificará justamente esse
personagem. Poderá ser o seu nome, ou algo que o identifique ou qualquer
coisa do gênero.
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