O capítulo 39 do Gênesis inicia nos informando que José foi levado ao Egito, e vendido a Potifar, capitão da guarda de Faraó.
Logo lemos que José era bem sucedido em tudo que fazia, e Potifar o colocou sobre toda a sua casa, pois, “SENHOR estava com José” Gênesis 39:2.
Até que chega mais um dia fatídico na história da vida do filho mais novo de Jacó: a mulher de Potifar, vendo que não conseguiria seduzir José, arma uma cilada e ele acaba por ser lançado na prisão egípcia.
Logo lemos que José era bem sucedido em tudo que fazia, e Potifar o colocou sobre toda a sua casa, pois, “SENHOR estava com José” Gênesis 39:2.
Até que chega mais um dia fatídico na história da vida do filho mais novo de Jacó: a mulher de Potifar, vendo que não conseguiria seduzir José, arma uma cilada e ele acaba por ser lançado na prisão egípcia.
“Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: Veio a mim o servo hebreu, que nos trouxeste, para escarnecer de mim; E aconteceu que, levantando eu a minha voz e gritando, ele deixou a sua roupa comigo, e fugiu para fora.
E aconteceu que, ouvindo o seu senhor as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Conforme a estas mesmas palavras me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
E o senhor de José o tomou, e o entregou na casa do cárcere, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; assim esteve ali na casa do cárcere” Gênesis 39:17-20
José do Egito: O Tempo de Deus e o Tempo do Homem
Hoje em dia nós pensamos no Gênesis como um livro
que lemos ao nosso tempo, na velocidade de leitura que for mais
confortável pra nós. Isso é muito facilitado,
porque a nossa bíblia está dividida em capítulos e versículos (iniciada
na idade média), o que torna a leitura algo muito mais fácil de se
fazer.
Mas nem sempre foi assim. O Pentateuco (os livros
de Moisés), também chamado de Torá (ensinamento) pelos judeus, foi
originalmente dado aos hebreus na revelação
do Sinai. E era dividido em 54 partes ou porções denominadas de parashá.
Cada divisão parashá recebeu um título que deriva da palavra principal ou da primeira palavra do texto. A parashá era lida em voz alta e em
forma de canções, lida diretamente dos rolos de pergaminho.
Foi Moisés quem estabeleceu que se deveria ler uma parashá da Torá a cada manhã do Shabat (sábado).
O Gênesis é divido em 12 seções dessas. E a história de José está escrita em meio a duas divisões chamadas de Vayeshev e Miketz
. Normalmente não há muitas significâncias nas divisões das
passagens, que foram feitas com o propósito de proporcionarem uma melhor
compreensão do texto. Mas neste caso
há algo muito sugestivo que vale a pena estudarmos.
A parashá Vayeshev termina na
parte em que José do Egito, já na prisão, depois de haver interpretado
corretamente o sonho do copeiro-mor de Faraó, pede
que ele o ajudasse ser libertado:
“Dentro ainda de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu estado, e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro” Gênesis 40:13
“Porém lembra-te de mim, quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa” Gênesis 40:14
“Porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito para que me pusessem nesta cova” Gênesis 40:15
Mas o copeiro-mor não cumpre o pedido de José, e a última linha da parashá Vayeshev aponta para este fato declarando:
“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele” Gênesis 40:23
É assim a Vayeshev termina, e nos tempos antigos,
quando não havia livros ou bíblias disponíveis a todos, quando o texto
tinha que ser lido em rolos de
pergaminhos nas sinagogas judaicas (era assim no tempo de Jesus) aqueles
que não conheciam a história de José teriam que esperar mais uma
semana, até o outro sábado, para saberem o
restante da história (cada parashá era lida apenas uma vez por semana).
Era algo que aumentava muito o suspense em torno
do destino de José do Egito. Assim, a história de José continua em outra
porção do Gênesis chamada de
Miketz. E as primeiras palavras da parashá Miketz, no capítulo 41 do Gênesis são “ao fim de dois anos inteiros”:
“E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros, Faraó sonhou, e eis que estava em pé junto ao rio” Gênesis 41:1
É aqui que o suspense da espera de uma semana
entre uma parashá e outra, para se continuar a ouvir a passagem bíblica,
e o suspense da vida de José se
correlacionam. Se nós estivéssemos nos tempos em que o texto foi
escrito, teríamos esperado uma semana para sabermos o desfecho desta
história.
E José teve que esperar dois anos inteiros. Talvez
sua esperança de ser liberto da prisão já estivesse acabando. Mas
alguma coisa acontece, e que “refresca” a
memória do copeiro-mor, Faraó tem sonhos.
E ele sente que seus sonhos tem algo de muito significante. Ele ordena aos seus חרטום hartumim (magos, intérpretes de mistérios) que lhe digam
o seu significado.
Mas todos eles falham em interpretar os sonhos de
Faraó. Foi só então que o copeiro-mor se lembra de José, que tinha
detalhadamente interpretado seu próprio
sonho dois anos antes.
“E aconteceu que pela manhã o seu espírito perturbou-se, e enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios; e Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse” Gênesis 41:8
José é então tirado da prisão, vestido
adequadamente é apresentado a Faraó. Ele interpreta os sonhos de Faraó e
propôs soluções para os problemas que eles
revelaram – sete anos de fome depois de sete anos de fartura.
José é então nomeado vice-rei do Egito, acima dele havia somente Faraó:
“Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu” Gênesis 41:40
A escuridão que dominou a narrativa anterior, com
José estando injustamente na prisão, se dissipa e a história se
encaminha para um lindo “conto de
fadas”. Mas a mensagem principal desta passagem não parece ser o “final feliz” em que o texto vai se movendo, antes ele nos ensina sobre o tempo dos
planos humanos e o tempo certo da resposta divina.
José é Nomeado Vice-Rei do Egito por Faraó.
“E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros” – José buscou por sua liberdade, e ele conseguiu, mas não no tempo em que ele imaginava. José
teve que esperar. Alguma outra coisa teve que intervir, os sonhos de Faraó.
O intervalo de uma semana, que havia na leitura
das duas parashás envolvidas na história de José, servia como um
instrumento que nos faz entrar na sensação de
desapontamento que deveria ter invadido a alma de José, quando foi
esquecido pelo copeiro-mor.
A sensação de abandono, esquecido numa prisão que
era mais como uma “cova”, e o tempo passando, e lentamente a esperança
se esvaindo. Há algo muito mais
profundo nesta história que precisamos decifrar. Imagino a sua angústia,
a sua tristeza, a agonia de ser um inocente relegado a tamanho
esquecimento.
A Providência Divina na Vida de José do Egito
Mas José foi liberto, entretanto, não da forma
como ele esperava. Dois anos tiveram que se passar, e outro evento
inesperado, o sonho de Faraó teve que
acontecer. A Torá está sinalizando para algo que devemos atentar, está
nos falando da natureza da providência de Deus.
Nada na vida de José do Egito acontece por acaso.
Há sempre a mão divina em todos os aspectos visíveis e invisíveis. A
história de José pode ser lida em dois níveis. No
nível superficial ela é uma história sobre seres humanos e seus
relacionamentos familiares. Não é uma historinha com final feliz.
É uma história em que os irmãos estão preparados
para vender seu próprio irmão mais novo, sua própria carne e sangue à
escravidão. O copeiro-mor, depois de ser
liberado da prisão, imediatamente se esquece do seu colega de cela, e
não intercede em seu favor.
A vida real é assim, pessoas traem pessoas, sonhos
são apenas sonhos, esperanças são muitas vezes lançadas contra as
rochas da realidade. Este é o ponto em que
a primeira parte da história de José termina.
Mas quando os acontecimentos começam a se
desenrolar na segunda parte desta história, nós percebemos que, em um
nível mais profundo, outra força vem trabalhando
juntamente. Deus estava monitorando toda a sequência de eventos, fazendo
intervenções estratégicas para assegurar que o resultado final
acontecesse conforme a sua vontade.
Aqui isto não é tão claro como no Êxodo. Lá a mão
de Deus na forma das dez pragas, ou como na divisão do mar, é manifesta.
Já na história de José não é assim.
O agir de Deus é meio que oculto, é preciso sensibilidade para ler o que está além da superfície, pois Deus está atuando em um nível mais profundo.
E a história de José é mais do que somente uma
história sobre José do Egito. Ela é sobre cada um de nós, e sobre a
delicada, sutil e nem sempre aparente intervenção
divina ao nosso favor.
Às vezes nós temos apenas alguns poucos sinais do
agir de Deus em nossa vida. Muitas vezes nós temos nossas orações
respondidas, mas não no tempo em que
esperávamos ou da maneira que pensávamos.
Em alguns casos, a resposta veio quando já
tínhamos perdido a esperança. A providência existe, mas as coisas não
acontecem simplesmente porque nós queremos. A
nossa vida faz parte de um planejamento muito maior do que imaginamos.
O que José descobriu na lacuna de tempo entre as
duas partes de sua história é que além de termos iniciativa, é preciso
paciência, humildade e confiança. Se
nossas orações são legítimas, Deus irá respondê-las, mas não
necessariamente quando ou do modo que queremos.
Esse é o significado da parashá Miketz, “E aconteceu que, ao fim de dois anos inteiros”, devemos fazer a nossa parte e Deus fará a dele. Mas
entre estes dois há um vazio, e é preciso ter fé para vencê-lo.
Algumas vezes, é somente após muitos anos, quando
olhamos para trás é que conseguimos reconhecer o padrão que a
providência de Deus deixou em nossas vidas.
fonte:http://www.rudecruz.com/estudos-biblicos/antigo-testamento/genesis/jose-do-egito-e-lancado-na-prisao-e-interpreta-dois-sonhos-estudo-biblico.php
Nenhum comentário:
Postar um comentário