O cristão e as doenças

 
Wilma Rejane

Baseio esse artigo nos relatos das Escrituras Sagradas, por acreditar que nenhuma experiência pessoal na área da saúde, fora da cânon Bíblico, tenha condições de se tornar doutrina. Também e em consonância com o mesmo cânon concluo que Deus age de forma distinta, a uns curando e a outros permitindo até mesmo o óbito. Para cada caso existe referências na Santa Palavra, de modo que a quem procurar respostas, Deus apresentará consolo. Ele não está em silêncio, nunca esteve, poderemos ouvi-Lo no decorrer da história tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento. É possível que não compreendamos, nem aceitemos as condições que a vida por vezes nos obriga a viver, contudo, e a mensagem de Deus para a humanidade é a de que através da fé, aquilo que parece impossível pode se realizar. E esse impossível, nem sempre é o que queremos, mas o que Deus concede em soberania.

E as perguntas surgem: se Deus age somente de acordo com Sua vontade, devo parar de orar pela cura, devo me conformar? Esse não é o sentimento presente nesse texto. Porque Deus em todos os tempos nos convoca a orarmos e O buscarmos em auxílio diário. Não haveríamos de rogar também por cura? Porquanto, o viver pela fé no Cristo ressuscitado, implica crer mesmo quando não se vê a concretização do que se espera e esperar que se concretize o que não se vê, sem esmorecer ou desistir de crer. E quando falo em crer, não me refiro apenas a cura, mas crer na presença de Deus em nossas vidas e em Seu amor para conosco. Ser cristão e estar doente não significa falta de fé, todos estamos sujeitos a enfermidades, a dúvidas, a exames interiores. Quando completamos nossos dias de vida, nos iremos, quer de doença ou não.

Creio firmemente em milagres e na cura através da oração, assim como creio que Deus pode usar determinadas enfermidades como propósito espiritual e creio que Ele pode também dizer não para alguns casos. E por que creio? Por causa do que está Escrito na Palavra de Deus, que é bem maior do que qualquer diagnóstico humano.

Escrituras.

A cura do rei Ezequias é contada pelo profeta Isaías:

“Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; e veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás. Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor. E disse: Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo. Então veio a palavra do Senhor a Isaías, dizendo:Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.” Isaías 38:1-5

Essa cura também é relatada em II Reis 20:7.

“Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga; e ele sarou.”

Deus revelou ao profeta Isaías que a pasta de figos deveria ser usada na enfermidade de Ezequias e com Sua benção, o efeito foi rápido e eficiente. Figo é sempre indicado para problemas gástricos, o que leva muitos estudiosos a afirmarem que a doença de Ezequias era úlcera. Baseando-nos nisso, podemos afirmar que Deus também poderá responder orações dirigindo médicos e indicando medicamentos, por que não?

Espinhos na carne

Paulo impôs as mãos sobre muitos doentes, alguns receberam cura imediata, outros no entanto, continuaram enfermos, é o caso de seu companheiro de ministério chamado Timóteo:

“Não continue a beber somente água; tome também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades.” I Tm 5:23

Timóteo era um cristão piedoso e fervoroso e sofria com gastrite. Pelo menos até o fechamento das epístolas de Paulo, ele ainda não havia recebido a cura, apesar das orações nesse sentido. Mas calma, esse exemplo não deve ser motivo de desanimo na fé, a doença de Timóteo deve ter lhe ensinado algumas lições e também moldado hábitos. As orações certamente cumpriram propósitos na vida desse irmão.

O próprio Paulo foi curado na alma, no espírito, recebeu nova vida em Cristo Jesus, mas teve que se conformar com o “espinho na carne” descrito em II Coríntios 12: 7 a 10.

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. ”

A enfermidade de Paulo, serviu para o propósito de aperfeiçoa-lo deixando-o:

1- Mais próximo de Deus
2- Mais humilde
3- Mais grato
4- Mais forte

E quantos irmãos em Cristo não possuem “espinhos na carne”? Não sabemos ao certo qual era o espinho de Paulo, se problemas nos olhos, pele, dentes, ossos, articulações. O certo é que Deus decidiu não curá-lo e por todo o contexto, a decisão foi para o bem de Paulo.

Tem ainda o caso de Davi que não foi atendido em sua oração pela cura do filho:

“E Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou e, entrando em casa, passou a noite deitado no chão. Os oficiais do palácio tentaram fazê-lo levantar-se do chão, mas ele não quis e recusou comer. Sete dias depois a criança morreu.” II Samuel 12:16 -18.

Depois disso, Deus lhe concedeu outros filhos, mas aquele pelo qual orou, chorou e jejuou, não foi atendido. E essa resposta de Deus, tinha por objetivo demonstrar descontentamento pela vida do inocente Uzias, a quem Davi mandara matar. Uma dura disciplina, suportada com fé e resignação:

“ Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no santuário do Senhor e o adorou. E, voltando ao palácio, pediu que lhe preparassem uma refeição e comeu. Seus conselheiros lhe perguntaram: 'Por que ages assim? Enquanto a criança estava viva, jejuaste e choraste; mas, agora que a criança está morta, te levantas e comes!' Ele respondeu: Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei. Eu pensava: Quem sabe? Talvez o Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver. Mas agora que ela morreu, por que deveria jejuar? Poderia eu trazê-la de volta à vida? Eu irei até ela, mas ela não voltará para mim". II Samuel 12: 20-23.

Davi sofreu profundamente as dores do luto e da disciplina do Senhor, contudo, não se entregou a tristeza, nem deixou a amargura o dominar. A superação se deu por meio da esperança no futuro e do rompimento com o passado de choro. Algumas pessoas não conseguem se desligar de situações e pessoas. Estacionam em lugares tristes, vales de lágrimas e se recusam a reconstruir a vida, a olhar para o futuro com esperanças. Davi sabia que tinha feito o possível, mas o impossível, somente Deus poderia fazer e se depois de tanto pedir, não fora ouvido, amém! Partiu para outra fase, apoiado na fé em Deus. E depois disso veio a criança com o nome de Salomão.

Não deixemos nosso coração enfraquecer pelas dores, perder as esperanças pelas partidas. Um futuro de coisas novas e melhores nos aguarda, precisamos confiar e encontrar propósitos também nos sofrimentos.

E depois de anos de espera...

Pessoas receberam a cura. É o caso de Sara, esposa de Abraão. Não podia ter filhos e somente após vinte e cinco anos é que veio a cura, de uma forma espetacular! Um ventre já amortecido, que não ovulava e Deus suscita vida! Com isso, Deus está a nos dizer que Ele é autor da vida, e considerando que Abraão foi herdeiro da promessa de uma aliança de fé e salvação, também podemos entender que essa cura indica ainda nascimento espiritual. A doença teve um propósito e a cura também, de modo que todos os que vivem pela fé são herdeiros das mesmas promessas de salvação e amor:

“Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, o chamei, e o abençoei e o multipliquei. Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto como o Éden, e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria se achará nela, ação de graças, e voz de melodia.” Isaías 51:2-3

Isaías descreve a relação Divina entre a cura de Sara e Abraão com um novo tempo, com o renascimento espiritual. Portanto, a cura pode vir acompanhada de um reconhecimento profundo e contrito da Soberania de Deus. Pode vir com conversão e alegria.

Uma mulher, cujo nome não foi citado nos Evangelhos, alcançou a cura após doze anos de insistentes tratamentos médicos. Em apenas um toque na orla da roupa de Jesus, ela ficou sã e também foi salva, porque creu que Jesus era o Filho de Deus, Senhor e Salvador. Houve reconhecimento e coração quebrantado, uma restauração completa que ninguém mais pôde operar!

E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada,.Chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue. E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou? E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude. Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara.
E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz. Lucas 8:42-48.

Orar sempre

Tiago 5:14-16

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.

Aqui há uma clara recomendação do apóstolo pela oração em tempo de doença, esse ato além da cura física, produz também libertação espiritual.

Deus pode levantar qualquer pessoa do leito de enfermidade, em qualquer circunstância. É preciso, contudo, compreendermos os propósitos do Senhor através do sofrimento por doenças; se a cura nos for negada, ou o óbito for o desfecho, lembremos das lições encontradas em Paulo e Davi aqui no artigo. Eles prosseguiram na caminhada, com esperanças renovadas e fé na soberania Divina: tudo estava nas mãos do Senhor Deus.
Deus o abençoe.

Bíblia de Estudo Plenitude, SBB,edição 1995, Antigo e Novo Testamento 
 
fonte:http://www.atendanarocha.com/2014/01/o-cristao-e-as-doencas.html#more

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