Deus olha a obra de suas mãos, em vários pontos do processo da criação, e o Gênesis declara:
"E viu Deus que era bom" Gênesis 1:10.
Entretanto, esta frase que é completamente omitida no segundo dia da criação, é mencionada duas vezes no terceiro dia, e está notavelmente ausente no grande evento da criação do homem.
E no fim dos seis dias da criação do mundo físico, a Torah afirma:
"E viu Deus que era bom" Gênesis 1:10.
Entretanto, esta frase que é completamente omitida no segundo dia da criação, é mencionada duas vezes no terceiro dia, e está notavelmente ausente no grande evento da criação do homem.
E no fim dos seis dias da criação do mundo físico, a Torah afirma:
"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" Gênesis 1:31
Cada palavra escrita na bíblia foi divinamente
escolhida para transmitir uma idéia, um ensinamento, uma lição essencial
de vida. "E viu Deus que era bom", tem
em si mensagens muito significantes para nós. Como sempre, a palavra de
Deus abre um leque de boas possibilidades.
Mas qual seria a mensagem que o Gênesis quer nos
mostrar nesta passagem? Que idéias estariam presentes neste pequeno
texto, mas de dimensões espirituais
enormes?
Quando nós humanos produzimos alguma coisa,
frequentemente temos que parar, voltar e revisar todo o processo para
sabermos se o que estamos produzindo se
adequa à nossa intenção. Mas para Deus, que tudo sabe e que conhece o
final de tudo antes mesmo de começar, revisar é algo totalmente
desnecessário.
O Deus perfeito não comete erros, tudo é feito
conforme a sua vontade. Como Ele poderia então primeiro criar, e só
depois ver e se certificar que sua criação
era boa? E há ainda o fato de que esse reconhecimento (E viu Deus que
era bom) não é usado consistentemente no texto. Será que essas variações
querem nos transmitir algo
importante?
O Segundo Dia da Criação
"E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo." Gênesis 1:8
Então, voltando a nossa atenção às variações que
aparecem nesta passagem, como por exemplo a omissão, no segundo dia da
criação de "E viu Deus que era bom", e
sua repetição por duas vezes no terceiro dia, percebemos que Deus nos
convida a um diálogo com Ele, por meio da sua palavra.
O rabino Rashi explica que a obra criadora do
segundo dia não estava acabada até o fim daquele dia. E algo que está
inacabado, afirma Rashi, não pode ser
chamado de "bom". O trabalho do segundo dia foi, na verdade, terminado
no terceiro, onde uma nova fase da criação é iniciada e completada neste
mesmo dia.
E o Gênesis repete a frase "E viu Deus que era
bom", por duas vezes, significando que foi o término de duas fases da
obra criadora, a do dia segundo e a fase do
terceiro.
Mas esta explicação de Rashi levanta um sério
problema. Tendo em consideração que estamos falando de um Deus que tem
todo poder, que pode fazer tudo que lhe
aprouver, como então poderia o trabalho do segundo dia não estar
terminado dentro do seu limite de tempo, havendo inclusive, necessidade
de ser continuado no dia posterior?
Certamente Deus deseja nos ensinar que o tempo de
se terminar uma tarefa não é tão claro, definido ou uniforme. Certas
"obras", ações e tarefas, na experiência
humana, podem estar completas em um nível, mas ainda assim podem
permanecer incompletas em outro nível.
Deus termina o segundo dia da criação com o trabalho deste dia em pleno fluxo. Se de um lado a obra está pronta, pois a "separação entre as águas que
estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão" Gênesis 1:7, está concluída;
Por outro lado, há a necessidade de se continuar esta tarefa, ajuntando as "águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca" Gênesis 1:9
, o que só acontece no terceiro dia.
Deixando que o trabalho do segundo dia, seja
terminado somente no terceiro dia, Deus está nos lembrando que há
tarefas, que devido a sua complexidade, vão nos
confrontar no que somos em nós mesmos.
Há coisas que fazemos que podem parecer estar
terminadas, se vistas de um ângulo específico, mas que podem ainda assim
necessitar de uma continuidade. E pode
se ter ainda muito trabalho a fazer.
Chegar à realização humana, ao crescimento, à
maturidade espiritual, à compreensão da vida e sua relação com a vontade
divina é algo complexo que demanda
humildade e um coração aberto, para estar constantemente aprendendo de
Deus.
O casamento, a criação dos filhos, o cuidado com a
família, todos esses seriam bons exemplos, que exigem de nós o zelo e o
amor contínuos.
Cabe ao Homem a Responsabilidade de Ser Bom.
Está Em Suas Mãos
Muito embora a frase "E viu Deus que era bom",
seja mencionada no final do sexto dia da criação, ela não é afirmada em
relação a criação do homem. Alguns
comentaristas explicam este fenômeno textual como a reflexão da
responsabilidade do homem, como parceiro da sua própria criação.
Diferente de todas as outras criaturas, o homem
não pode ser considerado "bom", simplesmente por ter sido criado por
Deus. Se o homem é ou não um ser de bons
valores, isso vai depender de suas próprias escolhas e ações, que
influenciarão a qualidade de sua própria vida.
Como Rambam declarou: "O Criador, quando da
criação do ser humano, não determina que ele será bom, nem que será
mau". A omissão do Gênesis "E viu Deus que era
bom", em relação ao homem, é essencialmente uma desafio à humanidade.
Nós somos desafiados a completar esta história,
para determinarmos se ao final seremos considerados bons ou não. O que
dirá o Criador de nós, no final de nossas
vidas? Será que poderemos ouvir "E viu Deus que era bom"? Isto é algo
que está em suas mãos!
"O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más." Mateus 12:35
Unindo o Céu e a Terra
Há uma abordagem diferente para a omissão da frase
"E viu Deus que era bom", no segundo dia da criação e em associação com
a criação do homem. No segundo dia,
Deus criou o firmamento, separando dois reinos, o céu e a terra.
Concernente a essa separação, a omissão da frase
acima citada, pode estar ligada a um entendimento de valor do próprio
ato em si. A separação do céu e da terra,
poderia não ser efetivamente "vista" como algo totalmente "bom".
Deus quer que céu e terra estejam conectados. Ele
deseja que o espiritual e o físico interajam um com o outro. A separação
desses dois domínios se constituem em
uma espécie de desafio para que o ser humano volte a uni-los. Mas como
isso se daria?
Os professores da Torah explicam que o homem é a única criatura forjado min ha'elyonim umin hatachtonim, "com duas origens, do reino superior e do reino
inferior", somos feitos do pó da terra, para dentro do qual
Deus assoprou o "espírito da vida". Céu e terra estão presentes na
essência de nossas almas.
Nós somos parte do reino animal, e como tal,
compartilhamos com este reino as nossas necessidades básicas. Mas ao
mesmo tempo, nós somos as únicas criaturas que
aspiram por poesia, e espiritualidade.
O homem foi feito para unir céu e terra dentro de
si mesmo. Nós somos convidados a trazer essa união por meio de nossas
ações, pela santificação de todos os
dias de nossa vida.
Nós somos desafiados, também, a trazer o céu à
terra, através de nossas orações e pela imersão, compreensão e estudo
profundo da palavra de Deus.
fonte:http://www.rudecruz.com/estudos-biblicos/antigo-testamento/genesis/e-viu-deus-que-era-bom-genesis-estudo-biblico-evangelico.php
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