Em uma geração decaída moralmente, um único homem brilha. Noé é justo e perfeito na sua geração.
O Gênesis não dá muitos detalhes sobre Noé e sua família, mas nos informa que ele é pai de três filhos, Sem, Cão e Jafé.
Porém nada é falado em relação à sua esposa, a mulher que acompanha este homem ilustre.
“Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.” Gênesis 6:9-10
O Gênesis não dá muitos detalhes sobre Noé e sua família, mas nos informa que ele é pai de três filhos, Sem, Cão e Jafé.
Porém nada é falado em relação à sua esposa, a mulher que acompanha este homem ilustre.
“Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.” Gênesis 6:9-10
Quando Noé é informado do iminente desastre que
iria terminar com aquela geração violenta e sanguinária, ele também fica
sabendo que sua família seria poupada.
“Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo." Gênesis 6:18
A Esposa de Noé
A sintaxe deste verso é muito curioso, ao invés de
ordenar “tu e tua esposa, teus filhos e as esposas deles”, Deus inverte
a ordem de entrada na arca.
Rashi entendeu que relações conjugais eram proibidas na arca; homens e mulheres foram separados durante o dilúvio.
Também é estranho o fato de que Noé é instruído a
se separar de sua esposa na arca, e nada é relatado sobre esta mulher na
Torá. Esta lacuna é preenchida pela
Tradição Oral, e o nome dela nos traz insights muito importantes para a compreensão desta passagem.
A esposa de Noé é identificada como sendo Na’amah, “Noema”, filha de Lameque e Zilá,
descendentes de Caim.
Não quero aqui fazer uma afirmação falsa, e dizer que esta identificação
da esposa de Noé seria algo com cem por cento de certeza, lógico que
não é.
A Tradição Oral não está presente
no texto bíblico, mas é constituída de histórias que foram passadas
oralmente de pai pra filho, e chegou até nós, nos dias de
hoje. Claro que alguém pode discordar, entretanto, quanto mais
mergulhamos na história de Noé, e na descendência de Caim, mais evidente
fica que a esposa de Noé só poderia ser Noema,
citada no livro de Gênesis.
“E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.” Gênesis 4:22
Os Planos da Redenção
Vemos que Caim não foi prontamente “destruído” por
Deus, após ter matado Abel. Mas porque Deus agiu desta forma com Caim,
inclusive pondo uma marca nele, para
que ninguém o matasse?
Se Deus extirpasse a vida de Caim do mundo, não
estaria Ele agindo dentro dos limites da justiça? Não merecia Caim ser
também morto, pois havia cometido um
pecado horrível, ceifando a vida de seu próprio irmão, por motivo fútil?
Pois bem, a história de Noema nos dá um exemplo
muito lindo de como Deus é um Deus de compaixão. Ele é justiça, mas
muito mais do que isso, Deus é misericórdia
viva, que atua muito mais no plano da redenção.
Noema, filha de Lameque e Zilá
O rabino Rashi faz a conexão entre a filha nascida
de Lameque e Zilá, e a esposa desconhecida de Noé. Ironicamente, o pai
de Noé também se chamava Lameque. Mas
é evidente que se trata de pessoas diferentes. Como podemos ver no
capítulo 4 de Gênesis, as suas genealogias não são apenas distintas, mas
também muito diferentes.
E para podermos entender totalmente a
significância da união entre Noé e Noema, nós precisamos voltar um
pouquinho na história do princípio da humanidade.
Além de Kayin (Caim) e Shet (Sete), Adão teve outro filho, Hevel (Abel), cuja morte ronda toda narrativa; ela
é o momento crucial, o episódio maior, o trauma que precisa ser curado. Um substituto para Hevel precisa ser encontrado.
E é neste contexto que a história da família de Na’amah (Noema) se inicia, como uma sequência ao trágico assassinato de Abel.
“E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque; e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade conforme o nome de seu filho Enoque;” Gênesis 4:17
Caim continua a sua vida, ele se casa e tem um filho chamado Hanokh (Enoque). E constrói uma cidade, cujo o nome é o mesmo de seu filho.
Ironicamente, ou mesmo por desafio, Kayin, que foi condenado a vagar pela terra como forma de castigo por ter matado seu irmão, Hevel
, é o primeiro a tentar construir um centro urbano.
O nome que ele escolhe para seu filho, e para a cidade que constrói, Hanokh, tem a conotação de “estabelecer”.
Enoque, por sua vez, tem um descendente chamado Lamekh (Lameque), que inicia a sua própria família, de uma forma muito diferente; ele se casa
com duas esposas, Adah (Ada) e Tzillah (Zilá).
“E a Enoque nasceu Irade, e Irade gerou a Meujael, e Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque.E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá.” Gênesis 4:18-19
Como afirma Rashi, este era o comportamento da
geração do dilúvio. A atitude de Lameque representa a corrupção da moral
em que a sociedade humana deveria estar
edificada. Lameque toma duas esposas, dissecando a moral da unidade
familiar, para refletir o seu orgulho pessoal e o seu egocentrismo.
O próprio Jesus confirmou esta forma com que a sociedade contemporânea do dilúvio se corrompia na sua moral:
“Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca” Mateus 24:38
Arrependimento é Um Novo Caminho Para a Redenção.
A Sombra de Abel
E Adah concebe e tem filhos. O primeiro é chamado Yaval (Jabal), um nome que parece a sombra de Hevel (Abel),
e que revela
algo complexo na descendência de Caim. Kayin matou Hevel e seus filhos
dão nomes aos seus descendentes, repetidamente, buscando semelhanças com
o “irmão” que faltava, o irmão que
seu patriarca havia matado.
“E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado.”Gênesis 4:20
E o seu nome Yaval (Jabal) não é apenas uma lembrança de Hevel (Abel), mas Jabal adota a vocação de Abel, ele é um homem de
tendas e se torna um pastor.
O Segundo filho de Adah é chamado Yuval (Jubal), nome notavelmente similar ao do seu irmão mais velho, e que novamente faz referência a
Abel “Hevel”.
“E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.” Gênesis 4:21
E ainda, se os nomes dos filhos de Lameque fazem referência a Abel, o modus operandi dele é muito similar ao de Caim:
“E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar. Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.” Gênesis 4:23-24
Lamekh não é apenas um descendente de Caim em
termos de genealogia ou genética, o seu comportamento indica que ele é
um seguidor do comportamento e da
psicologia de Kayin.
E Zilá também concebe e tem um filho, Tuval-kayin (Tubalcaim). Ele trabalhava com metais. E é aqui que somos informados sobre sua irmã, a nossa
personagem Na’amah, Noema.
“E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.” Gênesis 4:22
Noema não é apenas acidentalmente citada como irmã
de Tubalcaim. Ela é o último elo nesta corrente genealógica que se
iniciou em Caim, e chegou até Lameque.
E é ela mesma, Noema quem irá trazer uma grande
lição, quando da combinação das duas linhagens: uma descendente de Caim,
- uma “irmã” de Abel – se casa com
Noé, um descendente de Sete – sendo ele mesmo um substituto de Abel.
“E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Deus me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou.” Gênesis 4:25
Noé preserva a linhagem de Sete, o elevado filho
de Adão e Eva. Pra melhor ou pra pior, a família de Caim também é
preservada por meio de Noema.
Mesmo após o dilúvio que restaura o pureza e o
equilíbrio do mundo, Noema carrega consigo a descendência de Caim no
mundo. Noema, esposa de Noé, sobrevive, e a
linhagem de Caim continua a existir.
A Redenção de Caim
E porque isso deveria ser assim? A linhagem de
Caim mereceria ser preservada? Seria a linhagem de Caim redimida? A
resposta crucial a estas questões é que
Noema, esposa de Noé, entrou com as outras mulheres, suas noras na arca.
E como Rashi comenta, esta separação entre homens e mulheres indicava a
abstinência que seria praticada
naquele barco.
Se a esposa de Noé é mesmo Noema, a conclusão da
história é brilhante, e o contraste é poderoso! Esta mulher é filha de
Zilá, uma das duas esposas de Lameque,
que as havia tomado para satisfazer o seu prazer hedonista.
Aqui, ela representa, assim que as águas começam a
cobrir a terra, a liderança das mulheres que foram escolhidas para
trazer essa reconciliação
histórica, o renascimento da criação – por meio da observância da abstinência e da santidade na arca.
Conforme a narrativa do dilúvio se desenvolve,
muitos detalhes da história começam a tomar diferentes cores, quando
vistas da perspectiva da vida de Noema:
Todas as criaturas estavam na arca em pares, o que parece ser uma advertência contra a polêmica bigamia de Lameque,
e contra
a corrupção e egocentrismo de toda uma geração. E ainda, a ordem do dia,
a forma como a Criação seria preservada e redimida, não era por meio da
sexualidade, mas pela abstinência.
A unidade familiar na arca era reforçada com todos
os seus membros trabalhando em um propósito comum, com ajuda mútua,
como almas gêmeas. Eles ajudarão Noé em
sua missão de cuidar de todas as espécies na arca – Ser o Pastor de Toda a Criação.
É somente quando os descendentes de Caim e
de Sete se unem para assumir a vocação que foi deixada vaga pela morte
de Abel (um pastor), é que a humanidade pôde
ser redimida.
É aqui que fica o legado de Noema. Uma filha que
foi o produto de um casamento bígamo, nascida em meio ao hedonismo e ao
egoísmo, herdeira da violência passada
pelas gerações de seu patriarca Caim. Ainda assim ela superou toda essa
bagagem pecaminosa e escolheu ser uma mulher justa, uma companheira virtuosa para a descendência de
Sete.
A Teshuvah
Sem dúvida, Noema nos ajuda a compreender a eficácia do que os Judeus chamam de Teshuvah (arrependimento). Não haveria homens da estatura de
Abraão se não houvesse arrependimento. Sem a possibilidade da Teshuvah, a nossa existência não seria possível.
As nossas falhas são sempre atribuídas a outros
fatores, que não a nós mesmos – a nossa bagagem social, o nosso ambiente
em que fomos criados, a nossa genética,
a nossa descendência, os nossos pais, a sociedade e até a igreja.
Mas com Noema nós aprendemos que apesar da
violenta e opressiva natureza da sociedade que a cercava, apesar da
extrema e difícil história familiar que ela
estava inserida, nós somos capazes de fazer escolhas para nossas
próprias vidas.
Deus nos deu a capacidade de nos elevarmos acima
de todas essas circunstâncias, e Nele, nos ligarmos ao divino sopro que
Ele envolveu a cada um de nós.
O sopro é o Seu Espírito. O Espírito Santo pode e quer operar
transformações de vidas, sempre.
“Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações” Hebreus 3:15
fonte:http://www.rudecruz.com/estudos-biblicos/antigo-testamento/genesis/naamah-noema-descendente-de-caim-a-esposa-de-noe-estudo-biblico.php
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