Definição
A
palavra parábola provém do grego, paraballo, que significa “lançar ou
colocar ao lado de”. Assim, parábola é algo que se coloca ao lado de
outra coisa para efeito de comparação. A parábola típica utiliza-se de
um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma
importante verdade espiritual.
A Escritura apresenta duas finalidades básicas das parábolas:
1) A primeira é revelar verdade aos crentes
(Mt 13.10-12; Mc 4.11), confrontando com os erros em sua vida,
consideremos o caso de Davi e Natã (2 Sm 12.1-7). O contexto é que Davi
acabara de matar Urias para ficar com a esposa deste: Bate-Seba. O
Senhor enviou Natã a Davi. Chegando Natã a Davi, disse-lhe: havia numa
cidade dois homens, um rico e outro pobre. Tinha o rico ovelhas e gado
em grande número; mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma uma
cordeirinha que comprara e criara, e que em sua casa crescera, junto com
seus filhos; comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus
braços e a tinha como filha. Vindo um viajante ao homem rico, não quis
este tomar das suas ovelhas e do gado para dar de comer ao viajante que
viera a ele; mas tomou a cordeirinha do homem pobre, e a preparou para o
homem que lhe havia chegado. Então o furor de Davi se acendeu
sobremaneira contra aquele homem, e disse a Natã: Tão certo como vive o
Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. Ele pela cordeirinha
restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa, e porque não se
compadeceu. Então disse Natã a Davi: Tu és o homem. Davi, homem de
princípios morais, percebeu facilmente a injustiça cometida ao pobre da
história, e quando esta parábola teve aplicação real para vida dele
notou de imediato seu erro.
2) Outra finalidade: A parábola oculta a verdade daqueles que endurecem o coração contra elas (MT 13.10-15; Mc 4.11-12; Lc 8.9-10)
Regras de Interpretação: Princípios para Interpretação de Parábolas
1) Análise Histórico-Cultural e contextual
É
importante analisar o contexto e a situação histórica em que se
encontra a parábola, isto será muito útil e dará muitas pistas para
interpreta-la. Por exemplo a parábola dos trabalhadores na vinha (Mt
20.1-16) muitos interpretam mal por não analisar o contexto em que se
passa essa situação.
Jesus
acabara de aconselhar o jovem rico e em seguida Pedro lhe faz uma
pergunta, então Jesus responde a Pedro e em seguida complementa com a
parábola direcionada também a Pedro com uma leve repreensão à atitude
“mercenária” de Pedro.
O
conhecimento de detalhes culturais é importante para se descobrir o
significado de uma parábola. Por exemplo, colheitas, casamentos e vinho
eram símbolos judaicos do fim dos tempos. A figueira era símbolo do povo
de Deus.
2) Análise Léxico-Sintática
Nesta
análise é importante, primeiramente, investigar o desenvolvimento e
mostrar como se encaixa no contexto; indicar as palavras conectivas e
mostrar de que modo elas auxiliam a entender a progressão de pensamento
do autor; determinar o que significam as palavras tomadas isoladamente e
analisar a sintaxe para mostrar de que modo ela contribui para
compreensão da parábola.
3) Análise Teológica
São
três as principais questões teológicas que se deve responder antes de
estar apto a interpretar a maioria das parábolas de Jesus. Em primeiro
lugar, com base na evidência disponível, definir as expressões “reino do
céu” e “reino de Deus”, e então decidir se essas expressões são
sinônimas ou não. Visto que grande parte dos ensinos de Jesus refere-se a
esses reinos, é muito importante identificá-los adequadamente.Temos as
maiores evidências comprovando serem esses termos usado por Jesus como
sinônimos em várias passagens, como: (Mt 13.10-15; Mc 4.10-12; Lc
8.9-10; Mt 13.31-32; Mc 4.30-32; Lc 13.18-19). Como as parábolas são
muitíssimo parecidas não poderiam ter significados tão diversos,
confirmando, assim, a semelhança de significados de ambas expressões. A
evidência de Mt 19.23-24 também sustenta essa hipótese: “Em verdade vos
digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus”. Por esses e por outros motivos a maioria dos evangélicos tem entendido essas expressões como sinônimas.
A
segunda questão que envolve o reino é quase unanimamente aceita. Aqui o
reino, em alguns sentidos já veio, em outros está continuando e em
alguns não virá até a consumação do século. Cristo ensinou que em certo
sentido o reino já estava aqui na terra durante sua estada (Mt 12.28; Lc
17.20-21). As Escrituras também mostram a função de continuidade de
reino, diversas parábolas falam de semeadura e ceifa, de pequenos grãos
que crescem e produzem árvores frondosas, de uma grande rede lançada ao
mar e que não será recolhida até o fim dos séculos e de trigo e joio
crescendo juntos. As parábolas também falam sobre o terceiro sentido em
que estas terão seu cumprimento quando o governo do reino de Deus será
plenamente reconhecido.
O
terceiro problema teológico trata-se da teoria do reino adiado que
afirma ter Jesus intenções de firmar um reino terrenal e que somente na
metade do seu ministério teria percebido que isso não subsistiria que
seria rejeitado e crucificado. Mas, de acordo com a Palavra, Jesus não
tinha ilusões quanto a isso, pois sabia da profecia de Simeão (Lc
2.34-35) e a profecia de Isaías (Is53) e tinha por certo que seu
ministério terminaria em sua morte expiatória e não no estabelecimento
de um reino na terra (Jô 12.27)
Outro
aspecto importante da análise teológica na interpretação das parábolas é
que elas podem servir ao propósito de melhor fixar as doutrinas na
nossa memória de modo admirável. Contudo, não se pode haver doutrinas
que se baseiam numa única parábola, as parábolas tem a específica função
de ampliar ou acentuar essas doutrinas e faze-las mais compreensíveis e
práticas. Os que não observam essa cautela acabam cometendo erro e
incorrendo em heresias. Faustus Socinus argumentou, tomando por base a
parábola do credor incompassivo (Mt 18.23-35), que como o rei perdoou ao
seu servo meramente em virtude de seu pedido, assim, do mesmo modo
Deus, sem exigir sacrifício ou intercessor, perdoa aos pecadores na base
de suas orações. Socinus torna esta parábola como base para doutrinas
em vez de interpreta-la à luz da doutrina.
4) Análise Literária
Um
questionamento central em relação a parábolas é: quanto é
significativa? As parábolas tem apenas um tema central coberto por
ornamentos e detalhes. Jesus nas duas primeiras ocasiões em que falou
por parábolas também as interpretou ( o semeador: MT 13.1-23; o trigo e o
joio: Mt 13.24-30). Na própria análise de Jesus é possível notar tanto o
tema central, focal, como os detalhes que se relacionam com a idéia
focal.
A
análise de Jesus contrasta com aqueles que dão grande valor aos
pormenores extraindo deles lições adicionais que não estão relacionadas
ao tema central da parábola. Por exemplo o ponto focal da parábola do
Joio é que dentro do reino existirão lado a lado, na presente era,
homens regenerados e imitadores, mas o juízo final de Deus é certo! Os
detalhes dão informação adicional acerca da origem e natureza desses
imitadores e do relacionamento do crente com eles. Em resumo tem a
seguinte estrutura: um ponto central focal, de ensino e os detalhes têm
significados a medida que se relacionam com esse ensino central.
Conclusão
De
um modo geral, as análises de contextos, sintáticas e teológicas devem
ser aplicadas a outros textos também. Contudo, são as parábolas alvos de
maior distorção da mensagem bíblica. Por ser uma comparação que utiliza
elementos cotidianos, muitas vezes é subestimada pensando-se tratar de
uma mensagem simplória. Outros lapsos em sua interpretação são os
exageros de significados ou de aplicações atribuídas a ela. Vai um
alerta: tenhamos cuidado!!! Caso contrário, poderá acontecer de as
parábolas não afirmarem o que estivermos dizendo!!!!
fonte:http://teologiacritica.blogspot.com.br/2011/03/parabolas-e-suas-regras-de.html
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