Por: Silvio Dutra
Se tentarmos entender as coisas que se passam neste mundo, desde a
sua fundação, e especialmente em nossos dias, segundo o ponto de vista
meramente humano, conforme o padrão de justiça humano, sem o auxílio da
sabedoria de Deus para que possamos fazer a nossa avaliação segundo a
instrução recebida do Espírito Santo, é certo que chegaremos a
conclusões totalmente distorcidas e incorretas quanto ao que seja justo,
por mais sensatas que elas possam parecer aos nossos olhos.
Por
exemplo, um assunto de difícil compreensão é o relativo às injustiças
sociais, para cuja solução, pensa-se incorreta e utopicamente que
poderiam ser resolvidas caso houvesse meramente uma melhor distribuição
de renda, e que não houvesse acumulação de riquezas por parte de
ninguém, inclusive de instituições financeiras, ou mesmo cobranças de
taxas e impostos de toda a população.
Todavia,
o que permite a manutenção e organização de sociedades imensas e
complexas como as de hoje em dia, é justamente este mal necessário da
acumulação por parte de grupos empreendedores que tocam a economia e
finanças, de forma a ser patrocinado todo o desenvolvimento necessário
do qual desfrutamos direta ou indiretamente.
Toda
a infra-estrutura básica, na área de transportes, saúde, construção
civil, eletricidade, saneamento, agricultura, entre outros, depende de
financiamento bancário. E o mundo moderno foi e tem sido erigido por
esta via.
Entretanto,
como já dissemos antes, em um mundo dominado pelo pecado, a vida
prossegue atrelada a este mal necessário. Se não houvesse pecado no
mundo, evidentemente, seria de outra forma, mas Deus o tem permitido,
assim como permite outros males, como por exemplo, que se dê carta de
divórcio, apesar de que seu propósito original relativo ao casamento
nunca tenha sido mudado, que é o da fidelidade e indissolubilidade. Por
causa da dureza do coração humano tem permitido, mas não consentido com o
divórcio, para evitar males maiores, como a prática da violência e do
abuso dentro do casamento.
Mas, voltando ao nosso assunto referente ao uso e distribuição do dinheiro, é importante notar que Jesus o chama de “riquezas de origem iníqua” em Lucas 16.9,
confirmando o seu conhecimento de que há todo um processo injusto no
uso e circulação da moeda neste mundo. E ainda que não sejamos
desonestos, podemos estar certos de que os bens e dinheiro que
adquirimos, chegam às nossas mãos tendo sido gerados anteriormente por
uma fonte injusta e má, e não santa e boa, conforme seria do propósito
de Deus, caso não vivêssemos num mundo de pecado, dominado e liderado
por pecadores.
Todavia,
Jesus estabelece assim mesmo, um padrão de fidelidade e de honestidade
para os cristãos quanto ao uso que devem fazer do dinheiro, porque é na
fidelidade no uso daquilo que é de procedência geral injusta, que
comprovamos que estamos habilitados para entrar na posse daquela riqueza
santa e justa que será o padrão no reino de Deus que será manifestado
no final desta dispensação em que vivemos.
Luc 16:9 E
eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que,
quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos
eternos.
Luc 16:10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.
Luc 16:11 Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?
Luc 16:12 Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso?
Luc 16:13 Ninguém
pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar
ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a
Deus e às riquezas.
Luc 16:14 Os fariseus, que eram avarentos, ouviam tudo isto e o ridiculizavam.
Luc 16:15 Mas
Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante
dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado
entre homens é abominação diante de Deus.
Estas
promessas que citaremos a seguir foram feitas por Deus à nação de
Israel como um todo, e não a um grupo de pessoas ou a pessoas
individualmente da citada nação. Israel seria abençoado para ser bênção
para as demais nações do mundo, conforme o propósito de Deus para eles,
notadamente o referente ao anúncio do evangelho que ainda viria a ser
proclamado na dispensação da graça, na plenitude do tempo, quando Jesus,
o Messias prometido nas Escrituras, fosse manifestado.
Enquanto
vigorasse a antiga aliança no período do Velho Testamento, isto deveria
ser observado por Israel, até que o Messias viesse.
O
propósito deste dispositivo da Lei tinha por alvo garantir a
sobrevivência de Israel como uma nação soberana em sua própria Terra, e
estimular os israelitas à obediência aos mandamentos de Deus, para que
mostrassem às demais nações, por suas próprias vidas e comportamento, o
elevado padrão moral e espiritual que se encontra somente no único Deus
verdadeiro.
O texto de Deuteronômio 15.1-11,
se refere ao chamado ano da remissão, contado a cada sete anos, no qual
as dívidas deveriam ser perdoadas e totalmente liquidadas. Isto tinha
em vista evitar a cobiça e a prática da usura entre os israelitas, coisa
que já era muito comum em todo o mundo conhecido de então.
Observe que nos versículos 3 e 6
Deus fez a promessa aos israelitas que caso toda a nação fosse
obediente a todos os seus mandamentos, para uma vida santa e justa, lhes
seria dada uma tal abundância de bens e riquezas que não necessitariam
se preocupar com a liquidação das dívidas de seus irmãos ou cobrança de
juros em empréstimos para se compensarem de possíveis perdas. Esta era
uma lei para Israel, de modo que se desejassem poderiam estendê-la às
nações estrangeiras, nas dívidas contraídas por estas com o povo de
Israel, mas caso contrário, seria lícita seguirem as regras do mercado
mundial no assunto relativo à liquidação de empréstimos contraídos pela
via de contrato.
Deu 15:1 Ao fim de cada sete anos, farás remissão.
Deu 15:2 Este,
pois, é o modo da remissão: todo credor que emprestou ao seu próximo
alguma coisa remitirá o que havia emprestado; não o exigirá do seu
próximo ou do seu irmão, pois a remissão do SENHOR é proclamada.
Deu 15:3 Do estranho podes exigi-lo, mas o que tiveres em poder de teu irmão, quitá-lo-ás;
Deu 15:4 para
que entre ti não haja pobre; pois o SENHOR, teu Deus, te abençoará
abundantemente na terra que te dá por herança, para a possuíres,
Deu 15:5 se apenas ouvires, atentamente, a voz do SENHOR, teu Deus, para cuidares em cumprir todos estes mandamentos que hoje te ordeno.
Deu 15:6 Pois
o SENHOR, teu Deus, te abençoará, como te tem dito; assim, emprestarás a
muitas nações, mas não tomarás empréstimos; e dominarás muitas nações,
porém elas não te dominarão.
Deu 15:7 Quando
entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas cidades,
na tua terra que o SENHOR, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu
coração, nem fecharás as mãos a teu irmão pobre;
Deu 15:8 antes, lhe abrirás de todo a mão e lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.
Deu 15:9 Guarda-te
não haja pensamento vil no teu coração, nem digas: Está próximo o
sétimo ano, o ano da remissão, de sorte que os teus olhos sejam malignos
para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada, e ele clame contra ti ao
SENHOR, e haja em ti pecado.
Deu 15:10 Livremente,
lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois,
por isso, te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o
que empreenderes.
Deu 15:11 Pois
nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno:
livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o
pobre na tua terra.
Deu 23:19 A teu irmão não emprestarás com juros, seja dinheiro, seja comida ou qualquer coisa que é costume se emprestar com juros.
Deu 23:20 Ao
estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás
com juros, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todos os teus
empreendimentos na terra a qual passas a possuir.
Sempre
existiu e existirá a necessidade de se tomar empréstimos entre as
nações, entretanto, Israel seria abençoado de tal forma caso andasse nos
caminhos do Senhor, que Ele lhes fez a promessa de Dt 28.12,13, de
sequer necessitarem tomar empréstimos para o progresso da nação, uma vez
que teria tanta riqueza que seria o credor mundial.
Deu 28:12 O
SENHOR te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à tua terra
no seu tempo e para abençoar toda obra das tuas mãos; emprestarás a
muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado.
Deu 28:13 O
SENHOR te porá por cabeça e não por cauda; e só estarás em cima e não
debaixo, se obedeceres aos mandamentos do SENHOR, teu Deus, que hoje te
ordeno, para os guardar e cumprir.
A
condição imposta para Israel ser abençoado e ser bênção para as nações
dependia da fidelidade a Deus, notadamente no que se refere à obediência
aos Seus mandamentos justos e santos, de modo que, em caso contrário
lhes sobreviriam todas as maldições proferidas em Deuteronômio 28.15-68,
das quais destacamos as seguintes:
Deu 28:43 O estrangeiro que está no meio de ti se elevará mais e mais, e tu mais e mais descerás.
Deu 28:44 Ele te emprestará a ti, porém tu não lhe emprestarás a ele; ele será por cabeça, e tu serás por cauda.
Deu 28:45 Todas
estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até
que sejas destruído, porquanto não ouviste a voz do SENHOR, teu Deus,
para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou.
Deu 28:46 Serão, no teu meio, por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência, para sempre.
Deu 28:47 Porquanto não serviste ao SENHOR, teu Deus, com alegria e bondade de coração, não obstante a abundância de tudo.
Deu 28:48 Assim,
com fome, com sede, com nudez e com falta de tudo, servirás aos
inimigos que o SENHOR enviará contra ti; sobre o teu pescoço porá um
jugo de ferro, até que te haja destruído.
Vemos
assim a imparcialidade da justiça divina, inclusive em relação ao
próprio povo de Israel, o qual, diga-se de passagem tem sofrido sanções
divinas mais do que qualquer outra nação da Terra, especialmente nos
dias do Velho Testamento, em razão de ter sido feita com eles a Aliança
mediada por Moisés.
Concluímos
portanto que não é Deus o promotor de toda a injustiça que se pratica
no mundo não somente no que se refere ao uso do dinheiro, como em todas
as demais áreas de nossas vidas.
Muitos
pensam que com a quebra do monopólio e controle financeiro mundial por
parte de uns poucos, os problemas da humanidade seriam resolvidos.
Entretanto, não cogitam que isto passaria para as mãos de outros, pois é
o sentimento do corações de muitos homens exercer o domínio e o
controle sobre todo o mundo.
Isto
é injusto, sabemos, mas como vimos, Deus o tem permitido porque não há
outro meio da roda do progresso continuar girando num mundo sujeito ao
pecado. Prova disso se encontra na falência do comunismo em todo o
mundo, e aqueles que insistiram na plena manutenção do regime têm
cometido maiores injustiças e ficaram alijados do desenvolvimento
econômico, como é por exemplo o caso de Cuba.
Só
para exemplificar e fechar o nosso assunto, podemos citar que a família
dos grandes banqueiros mundiais, como os Rotchilds (que estão por mais
de 250 anos seguidos no controle das finanças mundiais), Morgans,
Rockefellers e outros, acumularam riquezas inimagináveis através do
estabelecimento de bancos centrais com a prática do chamado fractional
reserve lending, que significa realização de empréstimo sem lastro, com
uso de dinheiro virtual. Seria algo como emprestar o que não se tem, por
se recorrer aos imensos fundos depositados pela população nos bancos.
Entretanto, com este dinheiro virtual foi financiada, por exemplo, a
construção da ponte Rio-Niterói. Deste mal que mais enriqueceu os
banqueiros com o dinheiro do próprio povo americano, e com os juros
pagos pelo povo brasileiro, surgiu um bem, que é a ponte, e assim ocorre
com tudo o mais neste mundo.
Lembram que Jesus chamou a isto de “riquezas de origem injusta”?
O
sistema é injusto porque aquele que o comanda não é Deus, mas satanás,
agindo nos corações de homens ímpios e gananciosos, que seguem as suas
instruções.
Vem
chegando entretanto, o dia em que o próprio Deus porá um termo em tudo
isto, quando criar o novo céu e a nova Terra nos quais a justiça
habitará para sempre.
fonte:http://www.webservos.com.br/gospel/estudos/estudos_show.asp?id=11073
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