O Congresso da Basiléia e suas conseqüências
Naqueles memoráveis dias de 29 a 31 de agosto do ano de 1897,
reuniram-se na cidade suíça às margens do Reno, pela primeira vez depois
da destruição do Estado judeu há quase 2.000 anos, 197 representantes
de 17 países para participarem do Primeiro Congresso Sionista. Aos
congressistas reunidos no centro de convenções, o jornalista e escritor
judeu Theodor Herzl falou em seu emocionante discurso:
"Somos um povo. Todos os povos têm uma pátria. Precisamos de uma
pátria nacional para nosso povo. Por isso queremos lançar a pedra
fundamental para a casa que um dia vai abrigar a nação judaica". Quando
terminou seu discurso, Herzl foi entusiasticamente aplaudido. Muitos
viam nele um "predestinado por Deus" e outros o novo "rei dos judeus".
Muitos chegavam a considerá-lo o Messias.
Ao seu final, o Primeiro Congresso Sionista publicou um manifesto
intitulado "O Programa da Basiléia", onde se lê, entre outras coisas,
que: "O sionismo almeja para o povo judeu a criação de uma pátria na
Palestina com garantias públicas e legais" (naquela época, a terra de
Israel, sob domínio turco, era chamada dessa forma).
Três dias mais tarde, em 3 de setembro de 1897, Theodor Herzl
escreveu em seu diário: "Se eu resumir o Congresso da Basiléia em uma
única frase – que evitarei falar publicamente – ela seria: na Basiléia
fundei o Estado judeu. Se hoje eu fosse falar isso em voz alta, uma
zombaria universal viria como resposta. Talvez em cinco anos, mas
certamente em 50 anos, cada um o verá." Com essas palavras, que soavam
utópicas na época, Herzl parecia um verdadeiro profeta de Israel.
Inconscientemente ele preparou o caminho para o cumprimento de
grandiosas promessas bíblico-proféticas. Por isso, quando Herzl faleceu
em 3 de julho de 1904, aos 44 anos de idade, o ideal sionista não
morreu, nem desapareceu com ele a idéia de estabelecer outra vez, em
terras bíblicas de Israel, um Estado judeu. Pois exatamente 50 anos mais
tarde, em 29 de novembro de 1947, as Nações Unidas decidiram repartir a
"Palestina", a terra bíblica de Israel, em um Estado judeu e um Estado
árabe. Com isso, a fundação ‘de direito’ do Estado de Israel era um fato
consumado dentro do direito internacional. Alguns meses mais tarde, em
14 de maio de 1948 (5 de yiar de 5708 segundo o calendário judaico), foi
proclamado em Tel Aviv o novo Estado de Israel como continuação do
Israel bíblico. Foi o acontecimento do século. Um acontecimento de mais
significado e expressão na história mundial, no Plano de Salvação e no
contexto dos tempos finais do que a chegada do homem à Lua.
É importante refletir sobre as origens bíblicas do sionismo e sua
concretização histórica no século passado, bem como questionar seu
significado atual e futuro. Pois, para nós cristãos, eles são
extraordinariamente importantes em nosso posicionamento em relação aos
judeus e ao Estado de Israel.
O que é sionismo?
A palavra "sionismo" não se encontra na Bíblia. Ela foi usada, pela
primeira vez, pelo escritor judeu Nathan Birnbaum no ano de 1890 em uma
revista hebraica. Apesar disso, o sionismo tem forte base bíblica. Ele é
o retorno do povo judeu a Sião cumprindo o propósito divino:
- "Assim diz o Senhor Deus: Hei de ajuntá-los no meio dos povos, e os recolherei das terras para onde foram lançados, e lhes darei a terra de Israel" (Ez 11.17).
- "...vos levarei a Sião" (Jr 3.14).
- "Os resgatados do Senhor voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido" (Is 35.10).
- "...e habitarão na sua terra" (Jr 23.8).
Deus é, portanto, o verdadeiro motivador do sionismo (bíblico). E
Theodor Herzl foi Seu "profeta" na virada do século passado e contribuiu
decisivamente para a realização do sionismo. Pois, o sionismo é a volta
prometida e desejada por Deus do povo judeu para Sião.
Onde ou o que é Sião?
Segundo a Bíblia, Sião é primeiramente um monte. Ele se
encontra em Jerusalém e é o monte do templo. Nele Deus habita (Is 8.18;
18.7). Desde então, o monte é o "axis mundi", o eixo, o centro mais
sagrado do mundo.
Em um sentido mais amplo, Sião também é Jerusalém. Deus
fundou a cidade como refúgio e pátria para Seu povo escolhido (Is
14.32). Desde então, Seu povo Israel habita ali (Is 10.24; 18.7).
Jerusalém é também a cidade do culto a Deus em Israel (Is 33.20a). Nos
tempos finais, os exércitos das poderosas nações mundiais vão lutar
contra Sião (Is 29.8). Mas o Messias de Deus será o vitorioso e
estabelecerá Sua residência em Sião (Is 24.23). Afinal, de Sião sairão a
paz, a sabedoria, a justiça e os ensinamentos divinos para toda a
humanidade (Is 2.3).
Além disso, Sião também é toda a terra de Israel entre o Mediterrâneo e o Jordão.
É a terra de Deus, o visionário centro do povo judeu, o santo ponto de
partida e de chegada de todos os caminhos de Deus pelos quais Ele dirige
Seu povo e todos os demais povos da terra.
Resumindo: Sião é a expressão de toda a esperança judaica, que
aguarda o Messias nestes finais dos tempos e que anseia pelo Seu reinado
de paz. Por isso o final do hino nacional de Israel, a "Hatikva"
(Esperança), diz: "...em Sião, terra de Jerusalém".
O amor a Sião se torna movimento de libertação
Desde sempre o sionismo legítimo se expressa em amor a Sião.
Esse amor é demonstrado no anseio em voltar para a Terra Prometida. Ele
é comparável com a espera por Cristo que está voltando. Ambos exprimem
confiança e fé nas promessas de Deus. Seu alvo comum é a salvação plena.
O sionismo sempre encontrou sua forma visível nos movimentos de
libertação nacional do povo judeu. Quando os judeus, há 2.500 anos,
foram expulsos de sua terra pela primeira vez, e choraram às margens dos
rios da Babilônia e, em oração e na prática, buscaram caminhos e meios
de voltarem para sua pátria, começou o movimento sionista.
O hino desses primeiros sionistas está gravado no Salmo 137.1-6: "Às
margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos,
lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as
nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e
os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum
dos cânticos de Sião. Como, porém, haveríamos de entoar o canto do
Senhor em terra estranha? Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se
resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me
não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria."
Quando os judeus, depois de um levante maciço contra o exílio,
voltaram para a terra de seus antepassados, reconstruíram o templo e
restabeleceram o seu país, isso foi sionismo posto em prática.
Em 132 d.C., quando [os judeus] se desvencilharam das forças de
ocupação romanas pela última vez, na rebelião de Bar Kochba, e fundaram
um novo Estado judeu, isso foi sionismo autêntico.
Quando, em 1882, os olim (imigrantes) começaram a regressar a Sião em
dezenas e até centenas de milhares nos grandes movimentos de imigração
(aliá), vindos principalmente de países árabes, africanos e asiáticos, e
quando lutaram contra a resistência de turcos, ingleses, nazistas e
árabes, voltando a Sião, isso foi sionismo dentro da vontade de Deus.
Quando, desde 1990, mais de 650.000 judeus dos países ex-comunistas
e, a partir de 1991, mais de 140.000 judeus etíopes, os assim chamados
"filhos de Salomão" (falashas), vieram a Israel em meio a grandes
aventuras pelo caminho, isso foi sionismo messiânico, mesmo que cada
regresso a Sião tenha tido sempre um componente político.
O sionismo não está morto
"Assim diz o Senhor Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos."
E esse sionismo continua. Pois ele é parte integrante e muito
especial do plano divino no final dos tempos e de toda a história da
salvação. Muitas pessoas, inclusive cristãs, afirmam que o sionismo está
morto. Dizem que as promessas de Deus abrangem também uma terra
(biblicamente, "montes de Israel") que pertence aos palestinos. Mas o
firme propósito de Deus continua de pé e é muito explícito em relação à
continuidade do sionismo: "Assim diz o Senhor Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos" (Is 56.8). Isso significa que os judeus que ainda se encontram espalhados pelos países do mundo também voltarão a Israel.
É por isso que a saudade por Sião, o anelo por Sião, é tão vívido no
coração e na mente de todo judeu religioso. Quando vai comer, agradece
pela comida e, ao mesmo tempo, pela terra que Deus deu a seus
antepassados; agradece pela terra de Israel. No início de cada novo dia,
ele ora a Deus e pede misericórdia para com Jerusalém, Sião, a morada
de Sua glória, e, que os judeus possam voltar incólumes para sua terra.
Quando um judeu clama por chuva em Nova Iorque, Moscou ou Berlim,
isso acontece na época em que os campos da Judéia precisam de água.
Quando o judeu se rejubila nas festas de ação de graças, ele o faz na
época em que se colhem os primeiros frutos em Israel. Em um casamento
judeu, o noivo esmigalha uma taça com os pés, simbolizando que nenhuma
alegria sobre a terra pode ser perfeita enquanto Sião não tiver
ressurgido. E o ponto culminante de cada festa de pessah (páscoa) é a
oração repetida todos os anos: "No próximo ano em Jerusalém!"
Por detrás dessa nostalgia por Jerusalém, por Sião, esconde-se uma
saudade profunda e um anseio por Deus, pelo Messias, pela salvação de
Israel.
Assim a saudade por Sião e a volta a Sião sempre têm traços
messiânicos. Elas têm relação com o Salvador, o Messias. E é por isso,
que todo judeu religioso ora a Deus três vezes ao dia: "Que nossos olhos
vejam quando voltares a Sião!"
O que são sionistas cristãos?
Sionistas cristãos são pessoas:
- que crêem no Senhor Jesus Cristo.
- que têm raízes espirituais inseparavelmente ligadas com o povo de Israel.
- que promovem e incentivam a volta do povo judeu a Sião com todos os meios disponíveis (oração, recursos, diálogo).
- que amam e visitam Jerusalém e a terra de Israel (Sião), para aprofundarem a sua fé e sua relação com Israel.
- que se empenham pelo direito à existência do povo e da terra de Israel entre o Mediterrâneo e o Jordão e que demonstram amor e solidariedade para com pessoas judias (Is 62.1ss).
- que usam a estrela de Davi como sinal de reconhecimento e solidariedade para com Israel.
Estes sionistas cristãos são os únicos amigos autênticos de Israel!
Somos desafiados hoje a nos posicionarmos de maneira inequívoca ao
lado da vontade de Deus e de Seu plano, e de sermos fiéis a Israel, Seu
povo escolhido – até que, de Sião, venha o Messias e Salvador: Jesus
Cristo!
Então "...o Senhor ainda consolará a Sião!" (Zc 1.17). (Fritz May - Christen für Israel, 9-10/97 - http://www.chamada.com.br)
fonte:http://www.chamada.com.br/mensagens/sionismo.html
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