Teorias e terapias de aconselhamento
psicológico deram aos americanos uma nova maneira de pensar e fizeram
dos EUA uma cultura terapêutica do ego – onde o eu e como ele se sente
sobre si mesmo estão no centro de todo propósito (naturalmente, essa
tendência não se limita aos EUA. Ela logo se espalha pelo mundo
ocidental, razão porque este artigo tem validade para muitos outros
países – N. R.). As pessoas aderiram a um modo de pensar psicológico que
coloca as privações e as “feridas” emocionais como as causas principais
de quase todos os problemas pessoais e sociais. Esse modo de pensar tem
o potencial de fazer com que todos sejam vítimas que precisam dos
serviços do sistema de saúde mental que se expande cada vez mais. Quinze
anos atrás, Charles Sykes escreveu um livro intitulado A Nation of Victims: The Decay of the American Character (Uma Nação de Vítimas: A Decadência do Caráter Americano), no qual diz:
O ethos [síntese dos costumes de um povo] da vitimização tem uma capacidade interminável não apenas de eximir uma pessoa da culpa e de remover toda sua responsabilidade numa torrente de explicações – racismo, sexismo, pais desajustados, vícios, e enfermidades – mas também de projetar a culpa sobre os outros.[1]
Sykes também diz: “O impulso de escapar da responsabilidade pessoal e
culpar os outros parece muito mais profundamente arraigado na cultura
americana”.[2] Na verdade, ele declara: “O Hino Nacional tornou-se A Lamúria”,
e explica, “Cada vez mais, os americanos agem como se tivessem recebido
uma permissão para escaparem permanentemente do infortúnio e uma
liberação contratual da responsabilidade pessoal”.[3]
O modo de pensar psicológico
O modo de pensar psicológico evoluiu a partir do desenvolvimento
razoavelmente recente da psicologia clínica (incluindo a psicoterapia, a
psicologia do aconselhamento, e o aconselhamento familiar e
matrimonial), que nasceu em faculdades e universidades em torno de 1950 e
se expandiu por meio da política e do dinheiro.[4] Desde aquela época, a
psicologia clínica explodiu até o ponto de a Dra. Ellen Herman
descrever a popularidade e o impacto da psicologia no mundo ocidental em
seu livro The Romance of American Psychology (O Romance da Psicologia Americana):
A introvisão (insight) psicológica é o credo do nosso tempo. Em nome da iluminação, os estudiosos prometem ajuda e fé, conhecimento e conforto. Eles inventam fórmulas seguras para uma vida feliz e planos ambiciosos para dissolver os nós dos conflitos. A psicologia, de acordo com seus incentivadores, possui respostas valiosas para nossas perguntas pessoais mais difíceis e oferece soluções práticas para nossos problemas sociais mais intratáveis.[5]
Herman também afirma:
Nos Estados Unidos do final do século XX, provavelmente vamos crer em tudo que os estudiosos da psicologia nos dizem. Eles falam com autoridade a uma vasta audiência e se tornaram figuras familiares na maioria das comunidades, na mídia, e em virtualmente todas as áreas da cultura popular. O aconselhamento deles é um grande negócio.[6]
As pessoas aderiram a um modo de pensar psicológico que coloca as
privações e as “feridas” emocionais como as causas principais de quase
todos os problemas pessoais e sociais.
O tipo de psicologia que tem esse poder de fazer as pessoas se
tornarem vítimas é a psicoterapia com suas psicologias subjacentes, tais
como a teoria do inconsciente de Sigmund Freud e a hierarquia das
necessidades de Abraham Maslow, juntamente com cerca de 500 sistemas
diferentes de aconselhamento e suas teorias. Afinal, quem tem uma vida
perfeita? Certamente nenhum dos teóricos, os quais desenvolveram seus
sistemas a partir de sua própria vida pessoal e imaginação criativa.[7]
Em seu livro Manufacturing Victims: What the Psychology Industry is Doing to People
(Fabricando Vítimas: O Que a Indústria da Psicologia Está Fazendo às
Pessoas), a Dra. Tana Dineen revela em que se transformou a assim
chamada profissão de “cuidados e orientação”. Ela começa sua obra com as
seguintes palavras e o restante do livro prova o que ela quer dizer:
A psicologia se apresenta como uma profissão que demonstra cuidado e afeição e que trabalha para o bem de seus clientes. Mas, por trás da fachada de benevolência, está uma indústria voraz, que serve a si própria e que oferece “fatos” que são geralmente infundados, fornece uma “terapia” que pode causar danos, e exerce uma influência que está produzindo efeitos devastadores no tecido social.[8]
Dineen também afirma:
Não é novidade dizer que a psicologia se tornou uma força cultural influente ou que a sociedade está se tornando cada vez mais cheia de pessoas que se consideram vítimas e que são psicologicamente carentes de uma forma ou de outra.
A novidade é que a psicologia está fabricando a maioria dessas vítimas; que ela está fazendo isso por motivos baseados no poder e no lucro (ênfase da autora).[9]
Embora, de fato, haja vítimas reais, o modo de pensar
psicoterapêutico banalizou os horrores que algumas pessoas
experimentaram, expandindo seu significado de forma que qualquer um, se
quiser, preenche os requisitos e pode achar que tem aquele problema. O
papel da vítima pode ser deveras sedutor. Além de atrair a solidariedade
dos amigos, ocupar horas intermináveis de terapia psicológica
centralizada no eu, e ser eximido da responsabilidade e da culpa, ser
vítima fornece uma nova identidade, [permitindo à pessoa] ser o herói ou
a heroína em seu próprio drama de superar obstáculos horrendos na
grande busca pela cura psicológica. Em vez de ter que enfrentar o
desagradável fato de seu próprio pecado sem desculpas nem razões, ou de
troca de acusações, a pessoa escolhe ser vítima. A Dra. Carol Tavris e o
Dr. Elliot Aronson descrevem a utilidade do fazer-se de vítima que vem
da terapia das memórias recuperadas. Eles afirmam em seu livro Mistakes Were Made (but not by me): Why We Justify Foolish Beliefs, Bad Decisions, and Hurtful Acts [Erros Foram Cometidos (mas não por mim): Por Que Justificamos Crenças Tolas, Decisões Erradas, e Atos Prejudiciais]:
Por que as pessoas diriam se lembrar que sofreram experiências angustiantes se não as tivessem sofrido, especialmente quando essa crença causa divisões na família e entre os amigos? Ao distorcer suas memórias, essas pessoas podem “conseguir o que querem ao alterarem o que tiveram”, e o que querem é fazer com que sua vida presente, não importa quão desolada ou rotineira, torne-se uma vitória deslumbrante sobre a adversidade. Lembranças de abuso também as ajudam a resolver a dissonância entre “Sou uma pessoa inteligente e competente” e “Minha vida agora está realmente uma droga” com uma explicação que as faz sentirem-se bem e isentas de responsabilidade: “Não é minha culpa que minha vida esteja essa droga. Olhe só que coisas horríveis fizeram comigo”.[10]
O modo de pensar psicológico cristianizado?
A mentira de que a Palavra de Deus, a obra do Espírito Santo e a
comunhão dos santos não são suficientes para curar os chamados problemas
psicológicos existenciais é promovida por inúmeros líderes e aceita na
maior parte das igrejas.
Sim, estamos rodeados por uma nação de vítimas com um modo de pensar
terapêutico, mas, esperem – somos cristãos! Como isso afeta aqueles
dentre nós que receberam nova vida através da obra completa que Jesus
realizou na cruz? O que isso tem a ver com o Evangelho e com viver a
vida cristã? Muito!
Quase tão logo quanto o romance da psicologia laçou os americanos,
ela foi adotada pelos cristãos que acreditavam que as teorias e terapias
de aconselhamento psicológico seriam úteis para ajudar os crentes.
Essas ideias de aconselhamento psicológico foram trazidas para as aulas
de aconselhamento pastoral em inúmeros cursos de teologia de graduação e
de pós-graduação. A seguir vieram os “psicólogos cristãos”, que
tramaram um plano para integrar as teorias e terapias de aconselhamento
psicológico com o cristianismo, tanto para aconselhar os crentes quanto
para instruir os santos sobre como viver a vida cristã. E agora, que
conselho as pessoas ouvem quando estão lutando com alguma angústia
emocional e algum problema existencial? “Você precisa de
aconselhamento!” O que querem dizer é: aconselhamento profissional,
psicoterapia e suas teorias subjacentes do ego. Por quê? Porque
acreditam numa mentira que, em resumo, diz que a cruz de Cristo, a
Palavra de Deus, a obra do Espírito Santo e a comunhão dos crentes não são suficientes
para pessoas com problemas emocionais ou de relacionamento. Crêem que
os cristãos precisam aquilo que apenas as teorias e terapias podem
oferecer. Isso acontece por causa do que Sykes chama de
O triunfo da mentalidade terapêutica... que insistia em ver as questões imemoráveis da vida humana como problemas que demandam soluções. A cultura terapêutica forneceu ambos em abundância: os terapeutas transformaram os antiqüíssimos dilemas humanos em problemas psicológicos e afirmaram que eles (os terapeutas) eram os únicos que conheciam o tratamento.[11]
Essa mentira de que a Palavra de Deus, a obra do Espírito Santo e a
comunhão dos santos não são suficientes para curar os chamados problemas
psicológicos existenciais é promovida por inúmeros líderes e aceita na
maior parte das igrejas. Um desses líderes é o Dr. Bruce Narramore,
Professor Emérito da Faculdade de Psicologia Rosemead da Universidade
Biola, que diz:
Acho que os críticos [da psicologia] precisam perguntar: “Por que as pessoas estão tão interessadas na psicologia?” A idéia é que deveríamos voltar aos modos antigos. Mas os modos antigos não estavam funcionando.[12]
Narramore afirma isso sem provas ou evidências e, portanto, implica
que, por quase 2.000 anos, Deus falhou em dar a Seus filhos os meios de
tratar dos problemas existenciais.
O problema do pecado vem de dentro de nós e a solução vem de fora de nós. Ela vem do próprio Deus por meio da cruz de Cristo.
A integração das teorias e terapias da psicologia do aconselhamento
foi bem sucedida em fazer do corpo de Cristo um monte de vítimas. Se
esse fosse o título de um livro, o subtítulo poderia ser “O Fim do
Ministério Bíblico”. Em sua ansiosa adesão a esse tipo de psicologia, a
Igreja deixou seu primeiro amor e se apaixonou pela sabedoria do homem e
sua “filosofia e vãs sutilezas” (Cl 2.8; 1 Co 2). Que esse tipo de psicologia agora é algo comum nas igrejas pode ser visto na observação do Dr. Frank Furedi em seu livro Therapy Culture
(A Cultura da Terapia), no qual ele diz: “Um estudo sobre ‘igrejas
atraentes’ nos EUA afirma que a habilidade delas em cativar novos
adeptos se baseia na habilidade de penetrarem na compreensão terapêutica
dos americanos”.[13] Ele vê esse fato como uma preocupação com o ego e,
realmente, tudo gira em torno do ego!
Tudo a ver com o ego
O enfoque da terapia psicológica está no ego e em seus problemas a
partir da perspectiva de que o eu é essencialmente bom, mas está
emocionalmente ferido pelas circunstâncias e por outras pessoas.
Portanto, cada vez mais cristãos estão se vendo como vítimas inocentes
com suas “falhas” e problemas existenciais devidos a outras pessoas e
circunstâncias fora de seu controle. Pior ainda, alguns, que foram
convencidos que a fonte de seus problemas é o que aconteceu com eles
quando eram crianças, passam meses e anos na terapia e/ou na chamada
cura interior. Alguns tentam obter introvisões através de
lembranças de eventos reais e outros estão buscando memórias
supostamente esquecidas de abuso e negligência. Outros são estimulados a
ver uma figura de Jesus acrescentar algo à lembrança para curá-la ou
mudá-la, mas, como isso tudo se passa na sua imaginação, eles acabam
tendo um falso Jesus. A idéia em todo esse tipo de aconselhamento e cura
interior é que o eu foi ferido de alguma maneira e deve ser ajudado e
curado.
Dessa forma, a psicoterapia tenta consertar o ego para que a chamada
bondade essencial possa ser experimentada e expressada. O modo de pensar
psicológico vê o problema como se fosse exterior. A solução é
encontrada no interior do eu, embora com a ajuda daqueles que têm
conhecimento psicológico especial. O eu é central e deve ser nutrido com
auto-amor, auto-estima, auto-valorização, sendo que todos estes devem
levar à auto-realização, mas que geralmente aumenta a auto-absorção, o
egocentrismo e a auto-indulgência.
Em contraposição, a Palavra de Deus apresenta a verdade sobre a humanidade: que somos pecadores por natureza e, portanto, não essencialmente bons em nós mesmos. Romanos 3.10 diz: “Não há justo, nem um sequer”. E, no versículo 23, lemos: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
O problema do pecado vem de dentro de nós e a solução vem de fora de
nós. Ela vem do próprio Deus por meio da cruz de Cristo, que suportou
nosso pecado, e adquiriu uma nova vida para nós, que é recebida pela
graça por meio da fé e vivida pela graça através da fé.
Vítima ou pecador?
Um dos objetivos principais de grande parte da psicologia do
aconselhamento é aliviar a culpa para que os indivíduos possam sentir-se
melhor acerca de si mesmos e, supostamente, conduzir suas vidas de modo
mais eficiente. Ajudar um indivíduo a ver-se como necessitado,
emocionalmente ferido, e maltratado ou decepcionado por outros é uma
maneira conveniente de eximir-se da responsabilidade, do pecado e da
culpa pessoais. Isso é o oposto do que a Bíblia diz, pois ela provê o
remédio verdadeiro para o pecado e a única cura para a condição humana
por meio de Cristo e de tudo o que Ele realizou para nos libertar do
pecado e da culpa.
Toda a Escritura aponta para o Cordeiro de Deus morto antes da
fundação do mundo. Seu ponto focal é que Jesus Cristo satisfez a ira de
Deus contra o pecado, obtendo o perdão e uma nova vida para os crentes. O
cristianismo tem tudo a ver com viver uma nova vida e reconhecer-se
como morto para a vida velha. O cristianismo não tem nada a ver com
enfocar problemas, os pecados e as limitações de outras pessoas, e
também não tem nada a ver com pescar fatos do passado para consertar o
presente. A vida cristã tem a ver com confessarmos nossos próprios
pecados, caminharmos de acordo com a nova vida em Cristo: “esquecendo-me
das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim
estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus
em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14).
A igreja primitiva tinha o único remédio para os problemas atuais e
as circunstâncias passadas de todos nós: a cruz de Cristo! A magnitude
do pecado de cada pessoa contra Deus, desde o berço até a sepultura, é
mais do que cada um poderia imaginar, mas Jesus levou tudo sobre Si para
que pudesse dar uma nova vida a todo crente. Ele, que não conheceu
pecado, morreu no lugar daqueles que eram pecadores por natureza. Ele
não veio para apenas reparar nossa carne (a velha natureza). Jesus veio
para encravar nossa velha natureza na cruz para que os crentes, ao se
identificarem com Ele, pudessem se reconhecer como mortos para a velha
natureza e vivos para a nova natureza.
Até certo ponto, todos fomos afetados desfavoravelmente pelo pecado
de outras pessoas, mas os efeitos adversos ou as tendências pecaminosas
de nossos pais, ou as maneiras pecaminosas que aprendemos deles residem
na carne (velha natureza). O problema, portanto, é nossa carne, e não
algo exterior a nós mesmos, seja no passado ou no presente. A Bíblia não
ensina às pessoas a nutrirem sua assim chamada “criança interior” ou a
desenvolverem a auto-estima ou a esquadrinharem seus anos de infância
buscando ver como os adultos falharam em relação a elas. A Bíblia não
aconselha ninguém a se lembrar e a re-experimentar as dores do passado,
as decepções, ou mesmo abusos, para obter crescimento pessoal ou
espiritual. A Bíblia não sugere que as pessoas devem ser curadas
emocionalmente antes que possam crer em Deus ou antes que possam crescer
espiritualmente.
Considerando as penosas circunstâncias e a infância de muitos
cristãos gentios, a igreja primitiva tinha grande número de “vítimas” em
potencial (muitos nascidos e criados na escravidão, com o conseqüente
abuso sexual e físico e tratados de modo desumano). Mas, a Igreja as
tratou como vítimas que necessitavam de cura para suas feridas
emocionais ou que precisavam lembrar da dor do passado a fim de
conhecerem a Deus e crescerem espiritualmente? Não! A Bíblia não retrata
os seres humanos como vítimas, mas como pecadores. Jesus morreu pelos
pecadores, não pelas vítimas!
O caminho da cruz
O caminho da cruz é uma forma totalmente diferente de tratar das
questões sérias da vida e com problemas existenciais. Em vez de tentar
lembrar do passado e de alguma forma re-trabalhar as memórias dolorosas
através da terapia ou da chamada cura interior, os cristãos precisam
reconhecer que estão mortos para o passado, identificando-se com a morte
de Cristo, e vivendo de acordo com a nova vida nEle. Tudo deve ser
levado à cruz em vez de ser revivido e relembrado em conversações. Não
obstante, muitas das pessoas que promovem esse retorno sem sentido ao
passado concordam que Cristo morreu pelos nossos pecados, mas insistem
em que muitos cristãos ainda precisam de cura do passado. Entretanto,
cavar velhas lembranças com o propósito de mudar a vida presente é
contraproducente em relação à cruz e, de fato, nega a obra acabada de
Cristo.
Jesus disse: “Está consumado!” (Jo 19.30). Então nós dizemos
aos amigos cristãos: identifiquem-se com essas palavras quando vocês
trouxerem à cruz seus próprios pecados ou os pecados cometidos contra
vocês. Reconheçam que Jesus sofreu a dor e a conseqüência eterna por
aqueles pecados. Ele sentiu a dor e a agonia por todo pecado cometido
contra vocês. Ele tomou tudo sobre Si e disse: “Está consumado!”
Se uma lembrança voltar ao seu pensamento e provocar dor, tratem-na como
uma tentação do inimigo, que quer roubar de vocês a verdade sobre o que
Cristo fez e minar sua identificação com Ele, tanto em Sua morte quanto
em Sua ressurreição. Satanás sempre trabalha para manter os cristãos
lutando na carne, porque é aí que somos mais vulneráveis e também porque
ele odeia a vida de Cristo em cada cristão. Ele fica muito satisfeito
quando os cristãos andam de acordo com a carne ou com sua velha
natureza. Portanto, o diabo fica satisfeito com todas as formas de
terapia psicológica e formas relacionadas de cura interior, incluindo o
Ministério de Oração Teofóstica.[14].
Pense biblicamente, não psicologicamente
Os cristãos precisam pensar biblicamente quando lêem livros sobre
como viver e lidar com problemas existenciais. Precisam guardar sua
mente quando observam ou ouvem crentes ou não-crentes conversando sobre
como tratar com as questões da vida e sobre o que é ser cristão.
Precisam estar alertas para expressões como: necessidades sentidas,
rejeição, vidas quebradas, repressão, negação, mecanismos de defesa,
complexo de inferioridade, sublimação, projeção, transferência,
desajustamento, baixa auto-estima, o inconsciente, reservatórios
escondidos, memórias escondidas, feridas emocionais, cura emocional,
co-dependência, vício, compulsão, trauma, estresse, crise de identidade.
Cada comportamento imaginável tem a possibilidade de uma descrição
psicológica mal feita.
A Bíblia não sugere que as pessoas devem ser curadas emocionalmente
antes que possam crer em Deus ou antes que possam crescer
espiritualmente.
A utilização das terapias psicológicas ou da cura interior cega os
cristãos para a glória da cruz e para o grande amor que foi derramado
por eles. Aqueles que estão dispostos a encarar sua própria depravação e
os pecados que continuam a cometer após terem recebido a nova vida e
que percebem exatamente o que Cristo suportou no lugar deles têm uma
realização muito maior no amor de Deus. Disse Jesus: “Mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama” (Lc 7.47).
Assim, ao verem a magnitude do que Cristo fez ao perdoá-los, os crentes
ficam conhecendo o amor dEle, e ao conhecerem e receberem o Seu amor,
são capacitados a amá-lO também e o amor dEle flui do interior deles
para os outros. A cruz é a resposta para todas as dores do passado, e
Jesus é a resposta para todos os problemas existenciais do presente.
Esta é a vitória ganha por Cristo e entretecida na vida dos crentes à
medida que eles se reconhecem mortos para a vida velha e vivos para Ele.
Não surpreende que o inimigo de nossa alma tenha inventado uma
armadilha tão sedutora como fazer-nos ver a nós mesmos como vítimas!
Os cristãos não têm suas vidas transformadas por observarem os
pecados dos outros ou por revisitarem o passado, mas por confessarem seu
próprio pecado e por crerem que Jesus os libertou. Os cristãos precisam
abandonar na cruz tanto seus pecados quanto os pecados cometidos contra
eles, e não ficar tentando se lembrar, reconstruir, consertar, ou
transformar a chamada criança interior, que é, na verdade, a velha
natureza ou a carne. Eles devem viver a nova vida que Jesus lhes deu por
direito, a nova vida que se estende até a eternidade. Colossenses
2.6-10 nos diz:
“Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,
nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças. Cuidado que ninguém vos venha a
enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos
homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto,
nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também,
nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e
potestade”.
A Palavra de Deus chama continuamente os crentes de volta à sua fonte
de nova vida, de volta à fé em Cristo e a tudo o que Ele realizou para
vivermos uma nova vida. Os crentes não são chamados para serem vítimas
de suas circunstâncias presentes ou de seu passado ou de um poderoso
inconsciente motivador supostamente formado durante o início de sua
vida. Eles devem andar em fé, crescer em fé e “ser abundantes em ações
de graça”. Isso não se parece com a lamúria de vítimas.
Além disso, Paulo admoesta os crentes a não deixarem que lhes roubem o que eles têm em Cristo através de “filosofia e vãs sutilezas”
que os transformam em vítimas. As teorias de aconselhamento psicológico
não são uma ciência. Elas caem melhor na categoria que Paulo chama de “filosofia e vãs sutilezas”. De fato, elas se assemelham mais a religião do que a ciência. O Dr. Thomas Szasz trata dessa questão claramente em seu livro The Myth of Psychoterapy
(O Mito da Psicoterapia): “Aqui está uma das mais supremas ironias da
psicoterapia moderna: ela não é meramente uma religião que pretende ser
uma ciência, é, na verdade, uma falsificação de religião que busca
destruir a religião verdadeira”.[15] As teorias de aconselhamento
psicológico são coleções de opiniões humanas organizadas em moldes
teóricos. Elas são invenções humanas baseadas em percepções e
experiências pessoais dos próprios teóricos. Elas são “falatórios
inúteis e profanos e as contradições do saber, como falsamente lhe
chamam, pois alguns, professando-o, se desviaram da fé” (1 Tm 6.20-21).
Mesmo quando Paulo foi espancado e deixado para morrer, ele não se
viu como vítima, mas como recipiente da verdadeira vida de Cristo pela
graça através da fé. Por isso, ele afirmou: “Estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19b-20). Em vez de
serem vítimas eternas buscando ser curados de feridas emocionais, os
cristãos são novas criaturas em Cristo (2 Co 5.17), totalmente equipados
para enfrentarem desafios, dificuldades, decepções, perigos e toda
sorte de calamidades. Cristo já obteve a vitória e “Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade” (Cl 2.10).
A vitimização desvia a atenção da responsabilidade sobre aquilo que
cada um pensa, diz e faz. Ela desvia a atenção do pecado de cada um e a
coloca nos pecados que outros cometeram contra eles. A vitimização
desvia os crentes da cruz de Cristo. Ela rouba dos crentes a gratidão
pelo dom inexprimível de Deus e por isso rouba deles também a
possibilidade de uma caminhada íntima com o Senhor. Fazer com que os
cristãos sejam vítimas enfraquece-lhes a fé e impede seu crescimento
espiritual. Cada escolha para andar de acordo com o Espírito, pela graça
através da fé, traz maturidade espiritual. Todo crente tem que escolher
se quer ser uma vítima definida e criada psicologicamente ou um pecador
biblicamente definido, salvo pela graça e crescendo na semelhança de
Cristo. (Martin e Deidre Bobgan - PsychoHeresy Awareness Letter - http://www.chamada.com.br)
Notas:
- Charles J. Sykes, A Nation of Victims: The Decay of the American Character, New York: St. Martin’s Press, 1992, p.11.
- Ibid., pp. 14,15.
- Ibid., p. 15.
- Rogers H. Wright e Nicholas A. Cummings, eds. The Practice of Psychology: The Battle for Professionalism. Phoenix, AZ: Zeig, Tucker & Theisen, Inc., 2001.
- Ellen Herman. The Romance of American Psychology. Berkeley, CA: University of California Press, 1195 [sic], 1996, p. 1.
- Ibid.
- Harvey Mindess. Makers of Psychology: The Personal Factor. New York: Insight Books, 1988; Linda Riebel, “Theory as Self-Portrait and the Ideal of Objectivity”, Journal of Humanistic Psychology, primavera de 1982.
- Tana Dineen. Manufacturing Victims: What the Psychology Industry is Doing to People. Montreal, QB: Robert Davies Multimedia Publishing, 1996, 1998, 2000, p. 15.
- Ibid., pp. 17,18.
- Carol Tavris e Elliot Aronson. Mistakes Were Made (but not by me): Why We Justify Foolish Beliefs, Bad Decisions, and Hurtful Acts. New York: Hancourt, Inc., 2007, p. 94.
- Sykes, op. cit., p. 34.
- Bruce Narramore. Christianity Today, 17 de maio de 1993, p. 26.
- Frank Furedi. Therapy Culture: Cultivating Vulnerability in an Uncertain Age. New York: Routledge, 2004, p.18.
- Ver Martin e Deidre Bobgan. Theophostic Counselling: Divine Revelation? Or Psychoheresy? Santa Barbara, CA: EastGate Publishers, 1999.
- Thomas Szasz. The Myth of Psychoterapy. Garden City: Anchor/Doubleday Press, 1978, p. 28.
fonte:http://www.chamada.com.br/mensagens/vitimizando.html
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