"Você já teve
um sonho, Neo, em que você estava tão certo de que era real? E se você
fosse incapaz de se acordar desse sonho? Como saberia a diferença entre o
mundo do sonho e o real?" (Morfeu questionando Neo, Filme Matrix).
Se vivemos em um mundo que nada mais é do que uma Matrix ilusória, então faço minhas as palavras do poeta João Cabral de Melo Neto, em O Artista Inconfessável: "Fazer o que seja é inútil. Não fazer nada é inútil. Mas entre fazer e não fazer mais vale o inútil do fazer"!
Se vivemos em um mundo inverossímil e somos todos apenas parte de um
programa de computador, então desabafo indignado: triste sorte a nossa,
homens desgraçados que somos, será que não nascemos para alguma coisa
melhor?!
Se a filosofia pós-moderna, o hinduísmo, o budismo e a trilogia Matrix estão
corretos em afirmarem que o nosso mundo é irreal, então, meus queridos
irmãos, o niilismo* está em alta, Deus morreu, a realidade está em crise
e eu também não estou lá muito bem!
A filosofia pós-moderna
Ninguém sabe por certo quando a pós-modernidade começou. Alguns
afirmam que sua origem foi no início do século XX, outros dizem que foi
na metade do século XX e outros asseguram que foi no início da década de
1980.
Porém, uma coisa é certa: diversos analistas culturais afirmam que,
apesar de não sabermos quando esta era começou, estamos de fato vivendo
em uma sociedade pós-moderna. Mas, o que é pós-modernidade?
O termo "pós-modernidade" é de ampla definição e foi cunhado pelo
famoso historiador britânico Arnold Joseph Toynbee (1889-1975) na década
de 1940, quando escrevia os seus doze volumes intitulados Um Estudo da História. Toynbee era um filósofo católico, porém influenciado pelo hinduísmo.
Segundo Toynbee, a pós-modernidade se caracteriza especialmente pela
decadência da cultura ocidental, do cristianismo e de tudo o que é
absoluto. Resumindo, no pós-modernismo, morre o cristianismo e sua única
verdade absoluta (Jesus Cristo) e tudo passa a ser relativo.
Alguns filósofos franceses também debruçaram-se sobre o tema da
pós-modernidade, entre eles, Jean-François Lyotard, Michel Maffesoli e
Jean Baudrillard (cujo livro Simulacro e Simulação aparece rapidamente no filme Matrix).
Baudrillard afirma que nos tempos pós-modernos ocorrerá o "domínio do
simulacro" onde será possível a substituição do mundo real por uma
versão simulada tão eficaz quanto a realidade. Em outras palavras, a
simulação cria um perfeito simulacro da realidade, como um sonho tão
vívido que, ao "acordarmos", não conseguimos distinguir entre ilusão e
verdade.
A trilogia Matrix
A trilogia Matrix está em plena sintonia com a filosofia pós-moderna, com o hinduísmo, com o budismo, entre outras visões de mundo.
A série Matrix é uma fantástica aventura cibernética,
recheada de superefeitos especiais, onde a Terra foi totalmente dominada
por máquinas dotadas de inteligência artificial, que passaram a ter
controle sobre a raça humana. Os homens e todo o nosso mundo não passam
de um software, um programa de computador, uma mera ilusão. Resumindo,
nessa trilogia, nosso complexo mundo físico, com todos os seus
ecossistemas, e nosso sofisticado corpo humano não passam de uma
realidade virtual, como um joguinho de computador, semelhante ao The Sims, Sim City ou Age of Empires.
Matrix também tem uma forte analogia com o cristianismo. Existe uma trindade benigna no filme, composta por Trinity ("Trindade", em inglês), Morfeu ("deus
dos sonhos" na mitologia grega. Ele faz o papel de João Batista ao
preparar o caminho para o "escolhido" e o de Deus Pai ao assumir a
figura paterna de todos que já foram libertos da ilusão) e Neo (do grego "novo". Esse é o "escolhido" e um substituto para Jesus Cristo).
Na primeira aparição de Neo ficamos logo sabendo qual será sua função
na trilogia. Choi, um cliente de Neo, chega ao quarto de Neo com alguns
amigos para pagar e receber uma encomenda. Ele lhe agradece de uma
maneira que passa a ser quase uma profecia sobre o futuro de Neo:
"Aleluia. Você é meu Salvador, cara. O meu Jesus Cristo pessoal".
No primeiro filme da série, há mais de dez referências a Neo como o
"eleito" ou o "escolhido". No primeiro episódio, Neo morreu, ressuscitou
e ascendeu aos céus (isso faz você se lembrar de quem?).
Em Matrix Reloaded, o segundo episódio da série, há uma cena
rápida de mais ou menos vinte segundos, quando Neo sai de um elevador
na "Cidade de Zion" ("Sião", em inglês) e é abordado por pessoas de
várias faixas etárias, muitas com trajes orientais e trazendo oferendas
nas mãos. Trinity lhe diz: "Eles precisam de você". Duas mães se
aproximam de Neo fazendo alguns pedidos especiais sobre seus filhos. Neo
é querido, respeitável e um solucionador de problemas.
Neo move-se com uma rapidez incrível (mais rápido do que oSuper-Homem ou
qualquer projétil), salva pessoas prestes a serem mortas, tem uma força
incomum, tem capacidade para mover objetos sem tocá-los e, a exemplo de
Jesus Cristo, também ressuscitou uma pessoa amada. Pronto: "Neo é o
nosso melhor amigo e o nosso salvador", essa é uma das mensagens sutis
que a trilogia passa nas suas entrelinhas.
Porém, a principal mensagem da trilogia é um novo conceito da
"verdade". Nessas películas cinematográficas, a "verdade" é que este
mundo é apenas uma matrix ilusória. Observe um diálogo entre Morfeu e Neo e veja o que é a "verdade":
Neo: O que é Matrix?
Morfeu: Você quer saber o que é Matrix? Matrix está em toda parte [...] é o mundo que acredita ser real para que não perceba a verdade.
Neo: Que verdade?
Morfeu: Que você é um escravo, Neo. Como todo mundo, você nasceu em cativeiro. Nasceu em uma prisão que não pode ver, cheirar ou tocar. Uma prisão para a sua mente.
Quando Neo vai consultar o oráculo, ele encontra um menino em trajes
budistas que consegue entortar colheres sem tocá-las. Observe no diálogo
o que é a "verdade":
Menino: Não tente dobrar a colher. Não vai ser possível. Em vez disso, tente apenas perceber a verdade.
Neo: Que verdade?
Menino: Que a colher não existe.
Neo: A colher não existe?
Menino: Então verá que não é a colher que se dobra, apenas você.
Para a série Matrix, a "verdade" é que tudo é niilismo e ficamos sem saber quem é o Criador e quem é a criatura.
O cristianismo
Cristo é real (Colossenses 2.17). Não existe faz-de-conta e nem
ilusão em Cristo Jesus. Digo mais: a realidade de Cristo é dura, cruenta
e exigiu derramamento de sangue na cruz para a remissão dos nossos
pecados.
O evangelista João escreveu: Jesus "estava no princípio com
Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era a luz dos
homens" (João 1.2-4).
Analise bem o que está escrito nessa passagem. Jesus não é apenas o
Criador de todas as coisas juntamente com Deus Pai, mas especialmente
Jesus é VIDA. Pense bem: sem a vida, só resta a morte. O período
compreendido entre o nascimento e a morte, que chamamos de existência,
pertence ao Senhor Jesus Cristo. O fato de vivermos, o prazer de termos
sinais vitais, é fruto do maravilhoso Jesus. Desculpe a redundância, mas
a existência só existe porque Jesus existiu primeiro. Afirmar que Jesus
é uma razão para viver é minimizar o Seu senhorio, é pouco.
Verdadeiramente, Jesus é a razão para viver. Jesus é o único "show da
vida"!
Analisemos outra passagem bíblica sobre a soberania e o senhorio de Jesus Cristo: "Este
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois,
nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. E ele é a cabeça do
corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos,
para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele,
residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da
sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
quer sobre a terra, quer nos céus" (Colossenses 1.15-20).
Pense bem no que Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, está afirmando
sobre Jesus Cristo: todas as coisas subsistem por causa de Cristo. Todo
o mundo visível e o invisível – ambas as dimensões (a física e a
espiritual) existem por causa de Cristo. Os hadrons e quarks subsistem
pelo poder dEle. Sem Jesus, todas as coisas cairiam aos pedaços. A vida
(o nosso próximo batimento cardíaco e a nossa próxima respiração) está
nas mãos do Senhor Jesus Cristo. Jesus é o máximo e detém um poder
inigualável. Jesus é o verdadeiro "espetáculo do planeta Terra"!
Queridos leitores, sem Jesus, restam a filosofia pós-moderna, o hinduísmo, o budismo e a trilogiaMatrix para nos "consolar" e esse consolo é baseado em uma ilusão.
Conclusão
Quando o indivíduo não conhece o original, o real, o genuíno, o verdadeiro, ele acredita no falso como se fosse o verdadeiro.
Imagine as pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer
pessoalmente a Michelângelo, viram-no pintando e esculpindo obras
maravilhosas que ficariam para a posteridade. Ou, até mesmo, pense
naqueles que não tiveram a oportunidade de vê-lo pessoalmente, mas
estudaram com afinco seus feitos. Agora, suponha que surja alguém lá no
Nepal afirmando que possui a verdadeira escultura de "Davi", de
Michelângelo, e que aquela exposta no Museu da Galleria dell’Accademia, em Florença, na Itália, é falsa e não passa de um simulacro.
O que você acha que aconteceria? As pessoas que conhecem bem a
escultura verdadeira dificilmente acreditariam na história do "Davi" do
Nepal. Pois, uma vez que o indivíduo conhece o real, ele facilmente
reconhece que o outro é o falso e o infiel. Porém, se alguém não conhece
a única e verdadeira escultura, facilmente será enganado e iludido pela
falsa "verdade".
Jesus é assim, a única verdade! Ele disse: "Eu sou a verdade" (João 14.6) e "a verdade que liberta" (João 8.32).
A trilogia Matrix e a filosofia pós-moderna, além de fazerem
parceria com religiões orientais, são também como Pilatos. O registro
em João 18.37-38, quando Jesus dialogava com Pilatos, diz: "Tu
dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de
dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha
voz". Nesse exato momento, Jesus foi interrompido por Pilatos,
que Lhe fez uma pergunta que era mais uma tentativa de alfinetá-lO.
Nela, Pilatos torna relativa a verdade exclusiva de Jesus com o seu
célebre questionamento: "Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade?". Na
seqüência, ele deu as costas a Jesus e se dirigiu à multidão. Pilatos
passou batido pela vida, sem reconhecer Jesus como a única Verdade.
À medida que afrouxamos a doutrina e aceitamos outras verdades além
de Jesus Cristo, acabamos caindo no engodo de vãs filosofias humanas.
Ficamos à deriva, passando a aceitar e discutir "a minha verdade" e "a
sua verdade", e não mais a única Verdade, que é Jesus Cristo. Quando o
homem não conhece Jesus, passa a criar outras supostas verdades
filosóficas para se adequarem aos seus pontos de vista.
Dar as costas para a Verdade e ouvir o clamor das massas, dos
filósofos e formadores de opinião da época, é o que faziam os crentes da
pós-modernista cidade de Corinto. Foi em Corinto que Paulo dissertou
sobre a excelência da sabedoria divina sobre a sabedoria humana (veja 1
Coríntios 1.18-31). A recomendação paulina aos coríntios continua vívida
para a nossa atual cultura pós-moderna:"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11). Amém! (Dr. Samuel Fernandes Magalhães Costa -http://www.chamada.com.br)
* Niilismo - Filosofia: Doutrina segundo a qual nada existe de absoluto. Ética: Doutrina segundo a qual não há verdade moral nem hierarquia de valores. Política: Doutrina
segunda a qual só será possível o progresso da sociedade após a
destruição do que socialmente existe. (Novo Dicionário Aurélio).
fonte:http://www.chamada.com.br/mensagens/matrix.html
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