Em nossa série de encontros na Suíça,
Alemanha, Polônia e Rússia, eu e minha esposa, Ruth, constatamos mais
uma vez que o clima espiritual é muito semelhante em todo o mundo. Por
toda parte encontramos cristãos felizes e vitoriosos e boas igrejas
evangélicas, mas elas são uma pequena minoria. Setenta e cinco por cento
dos russos dizem ser ortodoxos russos (a contrapartida oriental do
catolicismo), ainda que sessenta e três por cento neguem a existência de
Deus.(1) E isso não é muito diferente na Europa Ocidental. A apostasia
profetizada está aumentando por toda parte.
Os cristãos da Europa Oriental deparam-se hoje com a até então
desconhecida tentação do materialismo. Crentes antes perseguidos estão
atualmente sucumbindo ao amor pelo dinheiro, agora que qualquer um pode
possuir tudo que a engenhosidade e o trabalho árduo podem adquirir. Uma
classe emergente de empreendedores criou um novo anglicismo na Europa
Oriental: "beeznessman" [corruptela de "businessman", homem de negócios –
N.T.]. Ore pelos cristãos das antigas nações comunistas, para que
resistam à nova tentação de imitar o ideal ocidental de homem
bem-sucedido e de megaigreja!
A queda da Cortina de Ferro abriu as portas a todas aquelas falsas doutrinas e práticas que expusemos no livro A Sedução do Cristianismo. Tanto
no Ocidente como no Oriente, o movimento da Nova Era, e todas as demais
seitas, incluindo o satanismo, estão se espalhando descontroladamente.
Felizmente, em todos esses países encontramos "bereanos" que recebem as
nossas publicações. As suas manifestações de agradecimento pelas
advertências e ensinamentos nelas contidos são encorajadoras. As
heresias de que estamos falando aqui se espalham rapidamente por toda
parte. Líderes religiosos americanos, através do rádio e da televisão,
livros e tournês de palestras, disseminam por todo mundo toda espécie de
novidade, de Benny Hinn a Rodney Howard-Browne, juntamente com os bem
escondidos erros da psicologia cristã, Peale-Schuller e seu pensamento
positivo e da possibilidade, Hagin-Copeland e sua confissão positiva,
cura interior, visualização e "unidade" ecumênica.
O cristianismo está sendo reduzido à tradição moral e a conceitos conservadores, menos ao Evangelho.
Em todo o mundo há uma crise de fé dentro das igrejas, que está
mudando o significado de ser cristão. A Palavra de Deus é rejeitada
enquanto a experiência é valorizada acima da verdade; uma "fé" falsa e
egoísta é promovida, e a sã doutrina e a correção são desprezadas como
"separatistas" e "não-amorosas". Um erro sutil e sedutor está se
espalhando por toda parte. Um exemplo é a "Coalizão Cristã" de Pat
Robertson que agrupa evangélicos, católicos, mórmons, judeus e até mesmo
seguidores do reverendo Moon em ações políticas. O cristianismo está
sendo reduzido à tradição moral e a conceitos conservadores, menos ao Evangelho.
A Grande Comissão (de "pregar o evangelho a toda criatura" – Mc 16.15) tornou-se a Missão Cristã
(de reformar moralmente a sociedade não religiosa) – uma missão à qual
pode associar-se qualquer um que ateste a "moral tradicional". Não se
deve insistir em evangelizar os parceiros, pois isso poderia dissolver a
coalizão da ação político-social. Os signatários do documento
"Evangelicals and Catholics Together: The Christian Mission in the Third
Millennium – ECT" ("Evangélicos e Católicos Reunidos: A Missão Cristã
no Terceiro Milênio") informaram que o movimento resultou do seu
trabalho conjunto pelas causas da moral e da tradição conservadoras.
O Império Romano estava absolutamente corrompido, política e
socialmente, mas Cristo nunca mencionou esse fato. Sua única menção a
César foi em resposta à questão sobre pagamento de impostos: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mt 22.21). Cristo
também nunca mencionou a maldade do governador Herodes. Ele repreendeu
os líderes religiosos por corrupção e heresias e ofereceu o Evangelho
aos pecadores – mas nunca sugeriu que se reformasse a sociedade.
Tampouco os apóstolos dirigiram a igreja primitiva para ações sociais.
Eles se devotaram ao Evangelho. É claro que a devoção à ação
político-social estimula o ecumenismo apóstata.
O Império Romano estava absolutamente corrompido, política e socialmente, mas Cristo nunca mencionou esse fato.
Os psicólogos aumentam sua influência, criando novos rótulos
"científicos" para coisas normalmente conhecidas como preguiça, egoísmo e
desobediência. Palmada agora é "abuso infantil" e correções de qualquer
espécie são evitadas como sendo "negativas" e prejudiciais para uma
"auto-imagem positiva", o que é a chave para toda "modificação de
comportamento". A mesma espécie de engano penetrou na igreja através da
"psicologia cristã".
O propósito da escola é ensinar habilidades e conhecimentos
fundamentais em assuntos que preparem os alunos em sua luta pela vida. A
psicologia cria mistificações e desculpas para a incompetência, a
rebelião e o pecado. Ninguém é culpado; todos são vítimas. O coração não
é maligno; o problema é uma baixa auto-estima. Pecado se tornou
"distúrbio mental", requerendo terapia e não arrependimento. Ao invés do
fundamental, isto é, leitura, redação e matemática, os educadores
consomem tempo escolar vital ensinando ambientalismo, educação sexual (o
que apenas tem piorado o assunto(2)), multiculturalismo, auto-estima e
auto-importância. A única esperança é um retorno aos fundamentos do
método antigo de ensinar as matérias essenciais e impor disciplina.
Igualmente a Igreja necessita retornar aos princípios bíblicos
fundamentais e à verdade divina, sem concessões. A Igreja existe para
amar e servir a Deus e para levar as pessoas deste mundo para o céu – não para
reformar a sociedade. Se os cristãos tivessem condições de persuadir as
pessoas da terra a viverem de forma tão íntegra quanto Nicodemos, essas
pessoas ainda assim estariam destinadas ao inferno – e seria
extremamente difícil convencê-las da sua necessidade de Cristo por causa
da esplêndida moralidade delas.
A sociedade não será reformada nem mesmo quando o próprio Cristo, de
Jerusalém, governar o mundo, com Satanás preso por mil anos e a terra
novamente transformada no Paraíso do Éden. Pois, quando Satanás for
libertado, ele iludirá milhões para que façam guerra mortal contra
Cristo (Ap 20.1-9). O Milênio é a prova final de que um ambiente
perfeito, sem crime ou guerra, e um governo justo não são nem a solução
nem o objetivo de Deus. O pecado está presente no coração dos homens.
Sim, Deus destruirá este mundo e construirá um novo mundo livre do
pecado. Mas os seus habitantes serão uma nova raça de pecadores
arrependidos, transformados pela fé no Senhor Jesus Cristo, Aquele que
pagou o débito pelos pecados dos homens.
Este Evangelho da graça de Deus é negado por todas as seitas e
religiões falsas, incluindo o catolicismo romano, no qual o batismo
infantil remove o pecado original e torna a criança um filho de Deus; a
salvação está na igreja e nos seus sacramentos; a redenção é um processo
repetitivo de oferecer eternamente o corpo e o sangue de Cristo sobre
os seus altares, e de méritos perante Deus por boas obras realizadas.
Infelizmente, apesar da Reforma, muitas igrejas protestantes
persistem em alguns erros da igreja romana: batismo de crianças,
regeneração batismal e a necessidade de obras, se não para ganhar, ao menos para manter a
salvação. Esses erros produzem dois resultados opostos: uma falsa
garantia de salvação por ter sido batizado, confirmado, e por pertencer à
igreja certa; ou um medo assustador de perder a salvação por falhar em
viver uma vida suficientemente boa. Essa certeza somente pode ser
encontrada na fé em Cristo, e em nada mais.
Para ser salvo, preciso apenas crer no Evangelho. Não há nada mais que eu ou qualquer igreja possa fazer por minha salvação. Sim, um versículo diz: "Quem crer e for batizado será salvo" (Mc 16.16);
mas inúmeros versículos, sem qualquer menção ao batismo, declaram que
aqueles que crêem são salvos, e os que não crêem são condenados. Não há nenhum versículo
dizendo que quem não for batizado será condenado. Com toda certeza
seremos salvos por crermos no Evangelho (Rm 1.16, etc.), não pelo
batismo. O batismo não é nem mesmo mencionado como parte do Evangelho
quando este foi definido em 1 Coríntios 15.1-4.
Também é anti-bíblico afirmar que a salvação poderá ser perdida se a
pessoa falhar em viver uma vida suficientemente boa, mesmo sendo essa
falha persistente e generalizado. Sim, as Escrituras nos impelem a viver
uma vida santa e produtiva para Cristo, o que é uma regra para os
verdadeiros cristãos. Sim, as advertências àqueles que não vivem assim
(se consideradas isoladamente), às vezes, parecem ensinar que se perde a
salvação.
A salvação, tanto na obtenção como na conservação, depende inteiramente de Deus e da Sua graça por meio de Cristo.
Bastaria dizer que, se a salvação pode ser perdida por não se viver
uma vida suficientemente boa, então, aqueles que chegarem ao céu
poderiam gabar-se diante do trono de Deus dizendo: "Cristo morreu para
me salvar, mas eu garanti a minha salvação através da vida que eu vivi. Assim, eutambém
mereço crédito por estar aqui." Pelo contrário, a salvação, tanto na
obtenção como na conservação, depende inteiramente de Deus e da Sua
graça por meio de Cristo – "não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.9). Deus não compartilhará a Sua glória com ninguém (Is 42.8 e 48.11).
A fé em Cristo traz liberdade, comunhão e uma grande paz. Ainda que
muitos cristãos esforcem-se por viver sob a impossível obrigação de
tentar manter-se de acordo com um determinado padrão para não perder a
sua salvação, não o conseguem. O cristianismo não é apenas difícil, é
impossível de ser vivido. A única pessoa que pode viver uma vida
verdadeiramente cristã é o próprio Cristo. Portanto, pare de tentar
viver por suas próprias forças e deixe Cristo viver em você através do
poder do Espírito Santo. Descanse nEle!
Há pessoas que rejeitam as obras para sua própria salvação, embora
trabalhem imensamente para salvar outras pessoas, por meio de atrações
carnais ou outras técnicas. Certamente os pecadores virão até Cristo se
forem convidados por uma bela atriz, por um esportista famoso, ou por
uma figura pública popular. E agora ainda temos mais a "realidade
virtual". Satanás certamente irá usá-la para a sedução de toda a
humanidade. Paul Crouch [da rede de televisão americana "Trinity
Broadcasting Network"] foi o "PRIMEIRO a usá-la para o EVANGELHO!". No
informativo de dezembro de 94 da TBN, ele exulta: "E se no final do
filme, o próprio Jesus Cristo pudesse caminhar em sua direção convidando você a aceitá-lO?!".
Contudo, nos Seus dias aqui na terra, multidões de pessoas conviveram
com Jesus Cristo, em pessoa, não com um ator qualquer ou com uma
"realidade virtual", e, mesmo assim, elas O rejeitaram.
Teria o apóstolo Paulo sido mais eficaz em suas viagens se pudesse
ter usado a realidade virtual, ou pelo menos uma banda de rock ou um
musculoso atleta quebrador de tijolos? Na verdade, ele pregou o
Evangelho "em fraqueza e temor", e cuidadosamente evitou usar a
sabedoria humana para persuadir qualquer pessoa (1 Co 2.1-5). As pessoas
estão sendo persuadidas a se tornarem "cristãs" por meios sedutores e
pela prosperidade, ou pela cura, ou por uma vida familiar melhor que
lhes são prometidos, ao invés de pelo arrependimento dos seus pecados.
Assim como Paulo, devotemo-nos ao Evangelho puro e depositemos nossa
confiança sobre o Espírito Santo para que sejamos convencidos dos nossos
erros e regenerados através da Sua Palavra. (TBC 1/95, de Dave Hunt,
traduzido por Celso Alvares - http://www.chamada.com.br)
Notas
1.Christianity Today (12/12/96), p. 60.
2.Barbara Whitehead, “The Failure of Sex Education” (“O Insucesso da Educação Sexual”), em The Atlantic Monthly (10/94), pp. 55-80.
fonte:http://www.chamada.com.br/mensagens/fe_obras.html
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