Wilma Rejane
Moro
em uma das cidades mais quentes do Brasil (Teresina) e todos os anos
presencio a vegetação de meu jardim - e de outras áreas - definhar com
as
altas temperaturas e revigorar com a chegada da chuva. Ao olhar para
essa mudança de tempo instituída por Deus, aprendo que na vida, também
vivemos esses cursos: árvores ressequidas e despidas pela queda de
folhas, em apenas
alguns dias de inverno ressurgindo com a beleza de quem sorri pela
felicidade de amar.
Profeta Isaías descreve esse renovar humano também comparando-o com árvores: " A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado." Isaías 61:3
É graças ao amor que contemplamos o entrelaçar de céu e terra, um
largo riso visível em encontro com invisível universo da fé. Assim é o
esplendor da natureza, ou melhor: do
Senhor da natureza! Parece sonho! Lá estava um esqueleto de Ipê.
Tristonho e sem vida, mas quando chega a sua estação, quantas flores!!
Quem passa ao longe, vê a graça da cor.
"Enquanto a terra durar; sementeira e
sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” Gn
8:22.
Não há tristeza que dure para sempre, nem alegrias que não se
renovem. Espalhamos sementes que brotarão a seu tempo, tal qual o
florir do Ipê. Esse dom que se assemelha ao movimento dos astros;
influenciando noites e dias, secas e enchentes - e outras vertentes –
carregando consigo a esperança: De que sempre haverá um futuro onde
possamos nos resguardar das tempestades e comemorar a superação das
adversidades. Misericórdia sem fim brota no universo para você e para
mim! É Deus no controle dos dias, derramando Sua graça, conservando o
belo, enquanto a maldade persiste no caos.
Essa
força de recomeços, está em nós. A anatomia humana conspira a favor da
vitória. Não há nada sob a face da terra que se iguale a coroa da
criação: o homem. Não há outro ser com capacidade de compreender “os
porquês” e adentrar no secreto dos céus com orações. O bem e o mau ganharam forma, desde que Adão
corrompeu o coração sob as folhas da árvore da vida e promessas
malditas. Foi em um jardim. Natureza por todos os lados: vida e morte
conjugados. E ele escolheu a morte, como fruto que lhe comoveu as
entranhas em agonia e perdição.
Eis
o mundo: um jardim. Já não é tão belo desde que Adão e Eva se
entregaram a escolhas erradas. Contudo: “sementeira e sega, e frio e
calor, e verão e inverno, e dia e noite” continuam a existir anunciando
novos tempos. Não desperdicemos essa rotina que se encrava em nós a cada
manhã, quando no horizonte o maravilhoso espetáculo do nascimento do
sol, deixa para trás a escuridão da noite. Mas a noite está lá e em sua escuridão, estrelas
voltarão a brilhar, isso te diz algo? Sim, nenhum sofrimento é eterno e na dor, seremos salvos pelo amor!
Tudo
no universo é resultado do amor de Deus por nós. A linguagem de amor e
misericórdia nos acompanha insistentemente: “ Porque as suas coisas
invisíveis desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como a
Sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão
criadas, para que eles fiquem inescusáveis” Rm 1:20
As
estações nos ensinam, porque trazem consigo a linguagem de Deus. Esse
curso natural do planeta, sofre consequências da ação humana porque ao
homem foi dado o domínio da terra, assim também é a nossa vida. As
estações existem, fazendo parte do percurso da vida, contudo, está em
nós a escolha de nos tornarmos mais fortes e belos ou mais fracos e
infelizes a cada novo tempo. O profeta Habacuque viveu em cerca de 600 ª
C. Seu nome significa “abraço” e pela fé em Deus ele abraçou escolhas
corretas, afagou o Criador que conservou em firmeza seus passos, quando
tudo ao seu redor tinha cheiro de morte. Habacuque, presenciou uma seca
terrível e ao contemplar as dores do seu tempo declarou:
“Porquanto,
ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da
oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da
malhada sejam arrebatadas e nos currais não haja vacas. Todavia, eu me
alegrarei, no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o
senhor, é a minha força, e fará os meus pés como os da cervas, e me fará
andar sobre as minhas alturas”. Hc 3:17,19.
A
força e alegria de Habacuque em tempos de grande seca vinham de sua fé.
O profeta dançou e rodopiou em meio aos campos devastados. A palavra
“me alegrarei” no verso e no original hebraico é “Gil” (Strong 01523): bailar de
alegria, saltar em canto. Eis a lição de superação retirada dos piores
dias, que deixam de ser piores quando há fé na justiça e direção de
Deus. Habacuque, não era um super-homem (eles não existem) era um de
nós.
Um outro
profeta chamado Jeremias, presenciou seu povo ser levado cativo para a
Babilônia. Mortos e feridos, choro e ranger de dentes; destruição. A
estação era de seca e o céu era noite. Enquanto muitos de sua nação,
amargavam em lamentos e falta de perspectivas , Jeremias tinha outra
visão. Ele enxergava com os olhos da fé e via restauração : Inverno e
primavera:
“Ó Senhor, fortaleza minha, e força minha, refúgio meu no dia da angústia!” Jr 16:19. Força, do hebraico oz, verbo azaz (Strong 05797)
: ser firme e constante. Quem vive pela fé no Deus vivo e no Cristo
ressuscitado é firme e constante, mesmo que o mundo desabe ao seu redor.
Jeremias, como bom observador que era da natureza, deixou registrado
para a eternidade os frutos de sua fé, de seu relacionamento com Deus,
ao que comparou:
“Bendito
o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele
será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes
para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas sua folha fica
verde; e no ano da sequidão, não se afadiga, nem deixa de dar fruto” Jr
17:7,8.
Qual a árvore que fica verdinha e cheia de vida em tempo de intenso
inverno? Somente as que estão plantadas junto a ribeiros de água. A
vegetação próxima as cataratas do Niágara são vistosas permanentemente porque suas raízes são bem alimentadas e a
terra regada diariamente pela abundância de água cristalina. Assim é o
homem que se refugia no Senhor.
Deus o abençoe.
Fonte: http://www.atendanarocha.com/2013/12/ainda-que-o-ipe-nao-floresca.html#more
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