Por Hermes C. Fernandes
Devemos supor que o futuro
já tenha sido escrito? Não! Muito mais do que isso. O futuro já é real. No
universo descrito por Einstein através de sua Teoria da Relatividade, tudo está
escrito. Nossas escolhas já estão escritas no tecido da realidade. Isso parece
concordar com a declaração do salmista:
“Os teus olhos viram a minha substância ainda informe,
e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados
para mim, quando ainda não havia nem um deles. E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a
soma deles!” Salmos 139:16-17
O que os antigos se referiam
como “livro”, talvez hoje pudesse melhor ser compreendido como um gigantesco
computador cósmico. Neste “computador”
tudo está arquivado; passado, presente e futuro são arquivos igualmente acessíveis.
Tudo o que aconteceu desde o início da história até o seu fim existe ao mesmo
tempo. Esse “computador” é o próprio Universo.
O
livro de Deus a que se refere o salmista reaparece nas páginas do Apocalipse.
Arrebatado à sala do trono do Todo-Poderoso, João descreve a cena em que vê “na mão direita do que estava no trono um
livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos” (v.1). João deve ter se perguntado que
livro era aquele. Por que estava lacrado? Por que era escrito por dentro e por
fora? Aquele era o livro da existência. O registro de toda a história, englobando o
papel de cada elemento do Universo. Além dos fatos em si, nele também se
encontra a interação entre eles e o propósito divino por trás deles. Ali estava
o projeto de Deus, pronto para ser desencadeado. Naquele rolo estava escrito a
História do Cosmos, desde o momento singular, até o seu desfecho. Criação,
Queda, Redenção, Restauração e Juízo, tudo estava ali. A História de cada partícula,
de cada ser vivo, de cada família, de cada nação. É claro que esse livro não
deve ser entendido literalmente. Ele representa a vasta soma dos pensamentos de
Deus relativos à Sua Obra. Paulo ficou igualmente estupefato diante desta
realidade: “Ó profundidade das riquezas, tanto da
sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos! Quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi
seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que seja recompensado?
Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois, a ele
eternamente. Amém” (Rm.11:33-36).
O
fato de o livro estar selado aponta para a inescrutabilidade dos decretos
divinos. Estar escrito por dentro e por fora indica que o propósito de Deus
abarca a criação como um todo, tanto a visível quanto a invisível, a material e
a espiritual, a macro e a micro. Ali a mecânica quântica e a Teoria da
Relatividade se encaixam perfeitamente. Nenhuma dimensão da existência está fora do
escopo do projeto de Deus.
João
prossegue em seu relato: “Vi também um anjo forte, bradando com grande
voz: Quem é digno de abrir o livro, e de lhe romper os selos? E ninguém no céu,
nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele. E
eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o
ler, nem de olhar para ele” (vv.2-4).
Não havia ninguém capaz de dar o pontapé inicial, o start para que o projeto de Deus fosse deflagrado. Pra que a trama
começasse e fosse bem sucedida, alguém teria que romper os selos, os lacres do
misterioso livro. Mas teria que ser alguém digno disso. João se desespera
enquanto assiste apreensivo. “Todavia um dos anciãos me disse: Não chores!
Olha, o Leão da Tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os
seus sete selos” (v.5).
Alguém que emerge de dentro daquele pergaminho, que apesar de viver para além
do tempo e do espaço, emerge de dentro da história, apresentando-se no cenário
como o personagem principal da trama, como aquele que venceu para abrir o
livro. Esse personagem é apresentado como que se identificando com duas etapas
distintas da História, mas que estão intimamente conectadas. Ele é o Leão da
Tribo de Judá, e o Descendente prometido por Deus a Davi, para ocupar seu
trono. Ele também é a semente da mulher, o Descendente de Abraão, o Messias de
Israel, o Cristo de Deus.
Ele
existe dentro e fora da História. N’Ele se conecta o cronos e o kairós, o tempo
e a eternidade. Ele é o ponto de convergência de todas as dimensões que possam
existir. Ele é o diapasão pelo qual as cordas encontram sua fina sintonia.
“Então vi, no meio do
trono e dos quatro seres viventes, e entre os anciãos, em pé, um Cordeiro, como
havendo sido morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete
espíritos de Deus enviados por toda a terra. E veio e tomou o livro da mão
direita do que estava assentado no trono” (vv.6-7).
Cristo
surge como o centro gravitacional de tudo. Ele está no meio do trono e tudo O orbita.
O Cordeiro visto por João se apresenta “como havendo sido morto”.
Portanto, trata-se do Cristo Crucificado, aquele de quem Paulo diz: “Pois nada
me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (1Co.2:2). O sacrifício de Cristo foi
o detonador da História. A História não começa com a criação de todas as
coisas, e sim com o sacrifício do próprio Criador. O Cosmos surge a partir da
Cruz.
Os
sete chifres do Cordeiro representam Sua Onipotência, enquanto Seus sete olhos
representam Sua Onisciência e Onipresença. Portanto, o Cordeiro é o próprio
Deus, pois compartilha de todos os atributos incomunicáveis da Divindade.
João
prossegue: “Logo que tomou o livro, os quatro seres
viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos
eles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos
santos” (v.8). Ora,
como poderiam ser as orações dos santos, se tudo isso ocorre antes da abertura
do livro, e, portanto, antes da fundação do mundo? Mais uma vez Davi nos
responde: “Sem que haja uma palavra na minha língua, ó
Senhor, tudo conheces” (Sl.139:4).
Sua presciência permite que todas as orações dos santos estejam diante d’Ele,
mesmo antes de terem sido feitas. Todos os ingredientes estavam postos diante
do Trono. Louvores, orações, e acima de tudo, Alguém digno de abrir o livro, e
iniciar o processo histórico, que culminaria com a glória de Deus revelada à
Criação.
Imagine
um livro em forma de um rolo de pergaminho. Ele não é encadernado como os
livros de hoje. Trata-se de uma grande tira de pergaminho, enrolada pelas duas
pontas. Quando seus selos são rompidos, ele começa a desenrolar-se por igual. O
lado esquerdo pode representar as coisas passadas, e o lado direito, as
futuras. A Cruz entra no meio, e faz com que o rolo se abra para os dois lados.
Tudo acontece na Cruz, com a morte do Cordeiro. A História começa na Cruz, mas
já surge contendo um passado e um futuro. No Kairós, a Cruz é o ponto inicial.
Mas no Cronos, a Cruz ocorre na plenitude dos tempos.
Deus
cria o mundo a partir da Cruz. Mas o cria já com um passado e um futuro. Ainda
que os cientistas tenham razão em dizer que o Universo tem 15 bilhões de anos,
aos olhos de Deus, esse universo veio a existência a partir da Cruz, como que
instantaneamente.
Ali
o rolo se abriu, para esquerda e para direita. Nada existia antes da Cruz, pelo
menos, não da perspectiva divina. Há quem defenda a hipótese de que Deus possa
ter criado as coisas com aparência de certa idade. Mas tudo não passaria de
“aparência”. Portanto, a Terra “aparenta” ter 4,5 bilhões anos, mas seria, de
fato, muito mais jovem (aproximadamente 6 mil anos, defendem). Os que advogam
tal hipótese, argumentam que Adão fora criado já adulto. Quem quer que o
encontrasse, lhe atribuiria certa idade, ainda que ele houvesse sido criado um
dia antes. Pode parecer um argumento plausível, pelo menos do ponto de vista
teológico. Entretanto, não me parece ser este o modus
operandi de Deus.
Por
que Jesus não surgiu no mundo já em idade adulta? Por que Ele teve que ser
gerado no ventre de uma mulher, e experimentado cada etapa do desenvolvimento
humano? Se esse fosse o modus operandi de Deus, haveríamos de esperar que o
mesmo se sucedesse com o advento de Jesus. Em vez de acreditar que Deus criou
um Universo aparentemente velho, prefiro acreditar que Deus criou um Universo
já com uma História pregressa, e um futuro glorioso. Não creio que Deus faria
alguma coisa com a intenção de criar uma ilusão de ótica.
Portanto,
concluímos que a Cruz é o início de tudo. Nada existia antes dela! Sem que o
Cordeiro fosse morte antes da fundação do mundo[1],
não haveria nada que cobrisse a nudez do primeiro casal. Nossa culpa foi
expiada mesmo antes que houvéssemos pecado.
Como
já vimos, o livro em forma de pergaminho visto por João é o universo. Retomando
a analogia do computador, o universo é o hardware,
enquanto que a Mente de Cristo é o software.
As estrelas equivalem aos neurônios da
mente de Cristo. O universo é o corpo cósmico de Cristo. Ao encarnar, o Logos
Divino assumiu nossa humanidade, e, ao ascender ao céu, assumiu o cosmos
inteiro.
De acordo com a teoria da relatividade de Einstein, o
tempo é a quarta dimensão de um espaço tridimensional que é encurvado pela
gravidade. O espaço curvo de Einstein lembra o livro da existência em
Apocalipse. É também neste mesmo livro que o universo é apresentado “como um livro que se enrola” (Ap.6:14).
Mais de setecentos anos antes, Isaías já havia previsto que “os céus se enrolarão como um livro”
(Is.34:4).
O que tudo isso tem a ver com viagem no tempo? Os
físicos só admitem a possibilidade de viagens no tempo, ainda que hipoteticamente,
por causa da teoria da relatividade de Einstein. Segundo esta teoria, o espaço
é curvo e, assim, o nosso universo é dobrado várias vezes sobre si mesmo, e que
pode ser conectado a vários outros universos paralelos através de “túneis de
tempo” produzidos por buracos negros e buracos de minhoca (wormholes).[2]
Tal teoria não apenas possibilitaria viagens no tempo, mas também viagens a
longas distâncias no espaço. Assim, uma distância que deveria ser percorrida em
milhões de anos na velocidade da luz, seria percorrida em segundos por esses
atalhos cósmicos.
Imagine um rolo de papel. Se desenrolado, uma formiga
precisaria de uma hora caminhando para alcançar de uma a outra extremidade.
Porém, se o mantivermos enrolado e com um lápis fizermos um furo que o penetre
até o outro lado, esta mesma formiga poderia alcançá-lo em segundos.
Não existe movimento
espacial sem movimento temporal. Isto é, no espaço-tempo não é possível a um corpo se mover nas dimensões
espaciais sem se deslocar no tempo. Mas
mesmo quando não nos movemos espacialmente, estamos nos movendo na dimensão temporal
(no tempo). Mesmo sentado em sua cadeira enquanto lê este artigo, você está se
movendo no tempo, para o futuro. Este movimento é tão válido na geometria do
espaço-tempo quanto os que estamos habituados a ver em nosso dia a dia.
Portanto, no espaço-tempo estamos
sempre em movimento, e a nossa ideia de estar parado significa
apenas que encontramos uma forma de não nos deslocarmos nas direções espaciais,
mas apenas no tempo.
A maneira como encadernamos nossos cadernos escolares também nos oferece
uma boa analogia para compreendermos a teoria da relatividade. Apesar das folhas
serem soltas e as páginas sequenciais, elas são presas por uma espécie de
espiral. Este arame espiralado perpassa todas as folhas várias vezes através dos
buracos que as pontilham de cima a baixo.
Seguindo a analogia, cada página da história poderia ser revisitada inúmeras
vezes por alguém advindo de uma dimensão atemporal. Ninguém menos que o próprio
Deus seria este “Alguém”. Que Ele dispõe de tal poder, ninguém ousa duvidar. A questão é se Ele
já ofereceu carona a alguém. Tenho razões para crer que sim.
Como já disse em outro artigo, o profeta Elias poderia ter sido uma
destas. De acordo com o relato bíblico, um redemoinho o teria arrebatado. Repare nos detalhes:
“E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes. Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se, parou à margem do Jordão.” 2 Reis 2:11-13
Não foi o carro de fogo que o tomou,
mas um redemoinho. O carro de fogo
apenas o separou de Eliseu. O redemoinho poderia ter sido um buraco de
minhoca
em forma espiralada, uma dobra aberta no tempo. Outro detalhe
interessante é
que as vestes de Elias ficaram para trás. Isso nos remete a uma das
cenas de viagem
no tempo mais marcantes do cinema, em que Arnold Schwarzenegger aparece
completamente nu, vindo do futuro. De onde os roteiristas de Hollywood
teriam tirado a conclusão de que não seria possível transportar um corpo
pelo tempo
juntamente com sua roupa?
Outro episódio misterioso das Escrituras é o do homem que aparece
inusitadamente nas páginas de Marcos completamente nu, usando um lençol para
cobrir-se, enquanto Jesus é preso pelos soldados do sinédrio.
“E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão. Mas ele, largando o lençol, fugiu nu.” Marcos 14:51-51
Quem era? De onde viera? Por que surge e desaparece misteriosamente? Por
que estaria nu numa hora daquelas? Seria um viajante do tempo? Possivelmente. Não
vejo outra explicação para o fato de estar nu, senão que tenha tido viajado no
tempo com a intenção de assistir, ou quem sabe, tentar impedir a prisão de
Jesus.
fonte:http://www.hermesfernandes.com/2013/11/novo-mais-evidencias-de-viagens-no.html
Você tem razão espíritos são atemporais
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