"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que nãos nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço" (Mateus 25.1-13).
Três
Épocas da História da Igreja
Primeira
época: a era dos apóstolos e os tempos pós-apostólicos
(de Pentecostes até o início do século 3 d. C.)
Esse foi
o tempo do primeiro amor, caracterizado por uma espera diária e viva
pela volta de Jesus Cristo, que o Senhor descreve da seguinte maneira: "Então,
o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as
suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo" (Mt 25.1).
Na época
dos apóstolos e nos primórdios da Igreja, a Palavra ainda era
tão viva e eficaz entre os crentes, que eles esperavam constante e intensamente
pelo Senhor e por Sua volta. Era costume na época, por exemplo, cumprimentar-se
com a saudação "Maranata", que significa "Vem,
nosso Senhor!"
Havia nesse
tempo um movimento evangelístico, orientado pelo Senhor, indo em Sua
direção como que com tochas acesas e brilhantes. Em quase todas
as suas cartas, os apóstolos escreviam sobre a esperança viva
da volta de Jesus, apresentando-a às igrejas como sendo possível
a qualquer momento. Paulo, por exemplo, alegrou-se com a igreja de Tessalônica
e confirmou para os cristãos dali: "pois eles mesmos, no tocante
a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso
meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes
o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem
ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura"
(1 Ts 1.9-10). E a Timóteo ele fez saber: "já agora
a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz,
me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a
todos quantos amam a sua vinda" (2 Tm 4.8).
Os quase
270 capítulos do Novo Testamento mencionam aproximadamente 300 vezes
a volta do Senhor Jesus. Um comentário bíblico diz o seguinte:
Só
alcançaremos o nível espiritual e a vida santificada que o Novo
Testamento ensina, quando a espera pelo Senhor receber tanto espaço em
nossos corações como o tinha nas igrejas dos tempos apostólicos.
O Dr. Kaftan disse: "O maravilhoso poder da Igreja primitiva residia única
e exclusivamente em sua esperança viva pela volta visível e pessoal
de Cristo".
Uma afirmação
de Pedro, que se ajusta muito bem à parábola das dez virgens,
mostra quanto o tempo dos apóstolos ainda era impregnado pela expectativa
da volta de Jesus: "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética,
e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso,
até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração"
(2 Pe 1.19). De que modo as dez virgens foram ao encontro do Senhor? Com
suas candeias acesas. Isso simboliza a palavra profética, que deve ser
colocada no velador. A exortação do Senhor Jesus é: "Cingido
esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes
a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento;
para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram" (Lc 12.35-37).
De fato, a era da igreja primitiva era fortemente caracterizada pela espera
pelo Senhor, como Jesus disse na parábola: "Então, o reino
dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas,
saíram e encontrar-se com o noivo".
Segunda
época: Perda do primeiro amor e sono espiritual
Rapidamente
o primeiro amor ao Senhor Jesus e à Sua Palavra foi se extinguindo. Assim,
houve um bloqueio na espera por Sua volta, que adormeceu. Esse período
é descrito em Mateus 25.5: "E, tardando o noivo, foram todas
tomadas de sono e adormeceram".
Já
nas cartas às igrejas transcritas no Apocalipse, o Senhor teve de dizer:
"Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática
das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu
candeeiro, caso não te arrependas" (Ap 2.4-5).
Logo após
a morte dos apóstolos, a luz em relação à volta
de Jesus começou a se extinguir nas igrejas. Certamente ainda havia muita
atividade, mas a espera ardente, o primeiro amor de uma noiva por seu noivo,
começou a diminuir. A espera adormeceu.
As virgens
prudentes tinham suas lâmpadas bem acesas e brilhantes – elas serviam
para iluminar a chegada do noivo. Elas fizeram aquilo que Jesus havia exigido:
deixaram suas luzes brilhar e esperavam por Ele. Elas firmaram-se na palavra
profética e deram-lhe atenção "como a uma candeia
que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva
nasça em vosso coração".
Nesse contexto,
creio que o Senhor estava tentando dizer à igreja de Éfeso aproximadamente
o seguinte: "Você não é mais como uma virgem ou uma
noiva, que vai ao encontro de seu noivo com a lâmpada acesa. Você
abandonou o primeiro amor, mesmo possuindo a palavra profética. Mas de
que ela serve, se você não a utiliza para iluminar seus passos
para vir ao meu encontro? Por isso, arrependa-se, pois se você não
o fizer, eu virei e tomarei de você o candelabro da palavra profética."
E foi justamente isso que aconteceu: a luz da palavra profética quase
perdeu-se completamente nos séculos subseqüentes.
"E,
tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram." Na história
da Igreja, as coisas desenrolaram-se exatamente como está descrito aqui
de maneira figurada. O Senhor Jesus tardou em vir. Ele demorou para voltar.
E aí o cristianismo foi tomado de sono espiritual, que fez adormecer
todas as esperanças pela volta do Senhor. Os cristãos deixaram
de vigiar, exatamente o que deveriam ter feito seguindo as repetidas e claras
ordens de Jesus. E por saber dessa situação, Ele exortou Sua Igreja:
• "Cingido
esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias" (Lc 12.35).
• "Sede
vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das
festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha
abram" (v. 36).
• "Vigiai,
pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à
tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para
que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo" (Mc 13.35-36).
Com o desaparecimento
da espera pela volta de Jesus, foi minguando também o conhecimento sobre
o assunto. É assustador observar que aproximadamente a partir do ano
300 d. C. não se acham mais menções da volta de Jesus na
literatura cristã da época. Praticamente nenhum hino daquele tempo
e nenhum comentário bíblico, do ano 300 d. C. até o século
18, fala da espera pela volta de Jesus para buscar Sua Igreja, para arrebatar
Sua noiva. Mesmo nos tempos da Reforma existem poucos registros de referências
ao arrebatamento da Igreja. O retorno à Palavra de Deus nesse tempo foi
maravilhoso e havia a crença na volta de Jesus, mas apenas para o fim
dos dias, no dia do Juízo Final. Todo o restante a respeito da volta
do Senhor desapareceu do cristianismo. A espera pela volta de Jesus foi como
que encoberta, soterrada.
Gerhard
Herbst escreveu:
Nas
igrejas e denominações, inclusive na hinologia, a diferença
entre o arrebatamento e a volta de Jesus praticamente inexiste ou é desconsiderada.
Quando se chega a falar sobre a volta de Jesus, pensa-se sempre na volta visível
do Senhor sobre o monte das Oliveiras. Mas essa é a esperança
de Israel e não da Igreja de Jesus... O arrebatamento da Igreja de Jesus
é o próximo acontecimento para a Igreja, o próximo evento
pelo qual ela deve esperar. E essa volta não está condicionada
a sinais prévios.
Terceira
época: Despertamento espiritual
Essa última
fase tem mais ou menos 150 a 200 anos. Ela coincide praticamente com a volta
dos primeiros imigrantes judeus para sua pátria. Por quê?
Essa terceira
época situa-se no final do tempo da graça e é o chamado
"tempo do fim". Na parábola das dez virgens esse período
é descrito da seguinte maneira: "Mas, à meia-noite,
ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se
levantaram todas aquelas virgens e prepararam suas lâmpadas" (Mt
25.6-7).
A partir
do início do século 19 (e mesmo um pouco antes) o cristianismo
vivenciou uma forte ação do Espírito Santo. Surgiram movimentos
avivalistas, sociedades missionárias floresceram. Novos hinos foram compostos,
e a volta de Jesus para o arrebatamento da Sua Igreja passou a ser novamente
proclamada. Um dos pregadores dessa época foi o inglês John Nelson
Darby (1800 – 1882), fundador das Igrejas dos Irmãos. A luz voltou a
brilhar e resplandeceu claramente, ao ser anunciada novamente a vinda de Jesus
para buscar Sua Igreja – a candeia voltou a ser colocada no velador. Mas esse
movimento não se restringiu apenas à Inglaterra. Também
nos Estados Unidos muitos se levantaram e começaram a publicar material
falando da volta de Jesus para a Igreja e tornando esse o tema central de suas
pregações.
Darby era
de opinião que a Igreja tinha entrado em decadência desde o tempo
dos apóstolos. Ele pretendia contribuir para um renascimento dos tempos
apostólicos. Uma enciclopédia teológica diz de Darby: "Extensas
viagens pela Europa ocidental, à América do Norte e à Austrália
contribuíram para o ajuntamento espiritual da igreja de Filadélfia
nos tempos finais, preparando-a para a volta de Jesus".
No século
19 descobriu-se novamente a diferença entre o "arrebatamento"
e o "Dia do Senhor". Paralelamente surgiram muitas igrejas independentes,
pois havia homens e mulheres corajosos que romperam com os sistemas eclesiásticos
vigentes na época, passando a pregar a mensagem clara da iminente volta
do Senhor.
Como aconteceu
esse despertamento, como foi redescoberta a verdade sobre o arrebatamento? Foi
como se, de repente, as pessoas acordassem de um longo e profundo sono! Certamente
esse foi um chamado do Espírito Santo de Deus, que repentinamente despertou
a muitos por estarmos nos aproximando da volta de Jesus! Sim, realmente nos
encontramos na hora da meia-noite, quando soará o chamado do Espírito:
"Eis o noivo! Saí ao seu encontro!"
Certamente
não foi por acaso que, paralelamente com esse reavivamento espiritual
da Igreja de Jesus, tenha se iniciado também a restauração
de Israel e o repentino despertar dos judeus para retornarem à sua pátria.
Esses dois movimentos são dirigidos pelo Espírito Santo. Maranata!
Vem, nosso Senhor! (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)
fonte:http://www.chamada.com.br/mensagens/meia_noite.html
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