Deus é espirito pessoal


Nesta breve reflexão, falaremos um pouco sobre a personalidade de Deus motivados justamente pelos pensamentos errôneos que se espalham a milênios e doutrinam as mentes de uma forma contrária ao que é revelado pela própria Palavra de Deus.

Um pensamento bastante comum em nossa época traz a ideia de que Deus não é pessoal, ou seja, ele seria uma força universal, uma força cósmica, um princípio vital. Tal ideia é difundida em algumas religiões e é bastante considerada por alguns cientistas e intelectuais.

É bastante cômodo pensar em Deus dessa forma porque essa abordagem elimina qualquer possibilidade e necessidade de relacionamento moral e pessoal entre Deus e os homens além de destituí-lo de seu trono de poder e glória bem como de seu status de soberano diante do qual todo ser deve obediência. Deus é considerado simplesmente a manifestação das forças naturais ou o principio delas. Deus passa a ser uma palavra simbólica e uma metáfora rica e magnificante para um princípio natural geral ainda sem nomenclatura. Esse deus é aceito até por ateus!

Acontece que Deus, segundo as Escrituras, está longe de ser apenas uma metáfora. Ele é Espírito Pessoal. “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” Jo 4. 24. Charles Hodge1 em sua teologia sistemática afirma:
Nem é preciso enfatizar que as Escrituras por toda parte representam a Deus como possuindo todos os atributos de um espírito (…). Toda religião repousa sobre este fundamento; toda a relação com Deus, todo o culto, toda a oração, toda a confiança em Deus como preservador, benfeitor e redentor. O Deus da Bíblia é uma pessoa. Ele falou a Adão. Revelou-se a Noé. Entrou num pacto com Abraão. Conversou com Moisés, como um amigo conversa com seu amigo. Por toda a parte ele usa pronomes pessoais. Ele diz: 'Eu sou', esse 'é o meu nome'. Eu sou o Senhor vosso Deus. Eu sou misericordioso e gracioso. Invoca-me e eu te responderei. Como um pai se apieda de seus filhos, assim o Senhor se apieda dos que o temem. Ó tu, que ouves a oração, a ti virá toda carne. Nosso Senhor pôs em nossos lábios palavras que revelam que Deus é espírito e tudo o que está implícito em ser espírito, quando nos ensina a orar: 'Pai nosso, que estás no céu. Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino. Seja feita a tua vontade'(...). Segundo a Bíblia, e segundo os ditames de nossa própria natureza, tanto da razão quanto da consciência, Deus é espírito; e, sendo espírito, é necessariamente uma pessoa; um Ser que pode dizer Eu, e a quem podemos dizer Tu.

Outros estudiosos da Bíblia também compartilharam da interpretação de que Deus é um Ser pessoal. O catecismo maior de Westminster2 afirma sobre Deus:
Deus é Espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo-suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, onipotente, onisciente, infinito em sabedoria, santidade, justiça, misericórdia, graça e longanimidade; cheio de toda bondade e verdade. Êx 3:14; 34:6; I Rs 8:27; Sl 90:2; Is 6:3; Jr 23:24; Ml 3:6; Jo 4:24; Rm 11:33;16:27; At 17:24,25; Hb 4:13; Ap 4:8;15:4.

Essa opinião é interessante, pois trata-se da opinião de um número considerável de teólogos reformados que expõem seu entendimento a respeito do tema. E Deus, sem sombra de dúvida, é compreendido como um Ser pessoal.

Sobre a personalidade de Deus, Millard J. Erikson3 afirma:
Além de ser espiritual e vivo, Deus é pessoal. Ele é um ser individual, com autoconsciência e vontade, capaz de sentir, escolher e ter um relacionamento recíproco com outros seres pessoais e sociais.

Portanto, não há margem alguma para o engano. As Escrituras são claras quanto a este ensinamento. Deus é Espírito Pessoal.

Assim, um dos problemas é o engano quanto a isso. Contudo, outro problema maior é quando “aceitamos” esta personalidade de Deus, mas na prática não a vivenciamos. Na prática, Deus não tem nenhuma relevância como pessoa para muitos. Deus seria como aquele faxineiro invisível. Não temos contato, não temos diálogo (oração), não temos devoção (considerar Ele uma pessoa mais elevada do que nós e digna disso).

Então, mais do que desmanchar equívocos, o maior desafio é decidir o que faremos com essa compreensão. Continuaremos a viver tratando-o com indiferença? Como será nosso relacionamento com Deus? Reconhecemos sua soberania? Já nos apresentamos a Ele como criaturas confessando nossos pecados? Já nos submetemos a sua vontade? Pois reconhecer a personalidade de Deus não é só falar; “ah, legal. Deus é pessoal”. Não. Esse reconhecimento implica responsabilidade. Responsabilidade para tomar uma decisão de, a partir disso, honrá-lo e respeitá-lo como verdadeiro Deus ou continuar a tratá-lo com indiferença e desprezo, mas com a consciência de que Ele existe, sente, pensa e julga, ou seja, de que Ele é um Ser Pessoal.


1HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.

2Documento produzido no Sínodo de teólogos calvinistas no século XVII.

3ERICKSON, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.

fonte:http://teologiacritica.blogspot.com.br/2012/09/deus-e-espirito-pessoal.html

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