A despeito da ausência de aparelhagens meteorológicas sofisticadas, o
Dilúvio dos tempos de Noé não veio sem aviso. Deus revelou Seu plano de
um juízo global catastrófico aproximadamente um milênio antes a Enoque,
que deu a seu filho o nome de Metusalém para celebrar a memorável
revelação. O nome Metusalém transmite um mau presságio e significa
literalmente, “Quando ele morrer, isso será enviado”.[1] Não é por
coincidência que Metusalém morreu apenas alguns meses antes do grande
Dilúvio e que sua vida seja a mais longa registrada em toda a história.
Desde o tempo da expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden até o
Dilúvio, houve uma determinação cada vez maior por parte da humanidade
em desafiar os preceitos de Deus:
“A maldade do homem se havia multiplicado na terra e [...] era
continuamente mau todo desígnio do seu coração. [...] Todo ser vivente
havia corrompido o seu caminho na terra” (Gn 6.5,12).
A humanidade não estava apenas corrompida, mas era cheia de
violência; o mundo estava pronto para o juízo (v.11). E, embora Deus
tenha suspendido a execução da raça humana por muitos anos, Ele
finalmente cumpriu o que havia prometido.
Além da rebelião humana coletiva contra Deus, muitos estudiosos da
Bíblia crêem que também houve rebelião dos anjos. Embora haja outras
interpretações para Gênesis 6.4, uma visão bastante respeitada é que
alguns anjos caídos deixaram sua habitação normal, escolheram viver no
âmbito físico e coabitaram com mulheres terrenas [veja também Jd 6-7].
Essas uniões produziram “valentes, varões de renome”, ou descendentes super-humanos que podem ter sido a origem de mitologias e lendas antigas.
Como apenas seres humanos podem ser redimidos, o objetivo provável
desses anjos caídos era saturar toda a raça humana com uma linhagem
demoníaca, tornando impossível a salvação da humanidade.[2] O plano
redentor para a humanidade precisava eliminar um mundo corrompido pelo
cruzamento com demônios, pela maldade e violência desenfreadas. Por
isso, Deus anunciou: “Resolvi dar cabo de toda carne [...] eis que os farei perecer juntamente com a terra” (Gn 6.13).
Deus preveniu a humanidade por meio de uma família de profetas
começando com Enoque; depois, o filho de Enoque, Metusalém; o neto,
Lameque; e finalmente, o bisneto, Noé. Noé pregou sobre a vinda do
julgamento global a uma geração cada vez mais perversa. Em preparação
para o Dilúvio, Deus ordenou que ele construísse uma arca de refúgio
(v.14). Assim que foi terminada, a arca era um sinal de juízo iminente,
uma vez que Noé continuava pregando para um mundo que não se arrependia.
Então, “aos dezessete dias do segundo mês [no ano em que Metusalém morreu],[3] nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as comportas dos céus se abriram” (Gn 7.11).
Horríveis Geysers de Água e Gás
O juízo profetizado veio com a força de um tsunami. Pesquisadores que
estudam catastrófes em placas tectônicas apresentam um modelo de
Dilúvio que é nada menos que medonho. Eles sugerem um cenário aterrador,
começando com terremotos que agitaram o planeta à medida que as placas
pré-diluvinas do fundo oceânico se soltaram e rapidamente afundaram em
direção ao centro da Terra. Placas continentais foram velozmente
tragadas para dentro dessas “zonas de subdução”, como tapetes gigantes
que estavam sendo arrancados de debaixo dos habitantes da Terra.[4]
As pancadas da crosta continental nas placas oceânicas causaram um
levantamento do fundo oceânico, deslocando enormes quantidades de água
dos mares do mundo para cima de terras secas. Um cientista estima um
aumento no nível do mar “de mais de um quilômetro a partir apenas desse
mecanismo”.[5]
Materiais derretidos escorrendo através de fissuras que iam avançando
vaporizaram os oceanos e aqueceram os reservatórios subterrâneos,
criando geysers lineares de água e gases quentes de milhares de
quilômetros de extensão. À medida que esses gases e vapores esfriaram,
eles condensaram, fornecendo a fonte principal das chuvas torrenciais
durante os primeiros 40 dias e noites do grande Dilúvio.[6]
Exclusiva do mundo antediluviano era a abóbada de água-vapor que
cobria a Terra e que criou o efeito-estufa que regulava as temperaturas
globais. Os eventos destrutivos que se desenrolaram sobre o planeta
fizeram desmoronar essa abóbada que os cientistas criacionistas estimam
que continha o equivalente a alguns centímetros até 12 metros de água.
Em pouco mais de um mês, a água cobriu cada centímetro do globo com 15
côvados (aproximadamente 6,60 metros) acima do ponto mais elevado da
terra (Gn 7.20).
Pelo Menos 235 Milhões Morreram
Deus tinha anunciado: “Estou para derramar águas em dilúvio sobre
a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos
céus; tudo o que há na terra perecerá” (Gn 6.17). A Bíblia registra: “Pereceu
toda carne que se movia sobre a terra [...] foram exterminados todos os
seres que havia sobre a face da terra” (Gn 7.21,23).
O grande Dilúvio destruiu uma população global estimada em pelo menos
235 milhões de pessoas, de acordo com o Dr. Henry M. Morris. Segundo
esse autor, “mais de 3 bilhões de pessoas poderiam facilmente estar na
terra nos tempos de Noé”.[7] A não ser por Noé e sua família, toda a
humanidade pereceu.
O Dilúvio foi um julgamento destruidor terrível sem paralelos na
história. O fato de que grupos de pessoas de todas as regiões do globo
conservem uma “tradição de Dilúvio” não apenas reforça a historicidade,
mas também estabelece uma conexão de ancestralidade comum com aqueles
que realmente experimentaram o evento.[8] As milhares de histórias
folclóricas de um dilúvio global em si já corroboram o relato de
Gênesis.
A etimologia do nome de Noé e as palavras associadas com o Dilúvio
também apresentam um vínculo intrigante com as oito pessoas que
sobreviveram na arca que repousou sobre as montanhas de Ararate. Com os
fatos horríveis gravados indelevelmente em suas memórias, essas oito
pessoas saíram da arca para repovoar a terra, gravando a experiência de
sua sobrevivência nas mentes de seus descendentes.
A rebelião aberta contra Deus acompanhada pela depravação completa do
mundo antediluviano precipitaram a subseqüente destruição de quase toda
a carne por parte de Deus. Embora Sua promessa de um juízo global não
tenha sido cumprida imediatamente, ela finalmente o foi; e apenas oito
almas que atenderam a admoestação de Deus sobreviveram.
Ainda que o grande Dilúvio seja uma demonstração sem precedentes do
juízo de Deus, ele também é um testemunho de Sua graça, disponível para
todos que a aceitam. (Charles E. McCracken - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)
Notas:
- Henry M. Morris, The Genesis Record (Grand Rapids: Baker Book House, 1976), 159-160.
- Renald Showers, Those Invisible Spirits Called Angels (Bellmawr, NJ: The Friends of Israel Gospel Ministry, Inc., 1997), 105.
- James Ussher, Annals of the World (Green Forest, AR: Master Books, 2003), 19.
- Steven A. Austin, D. Russell Humphreys, Larry Vardiman, John Baumgardner, Andrew A. Snelling, e Kurt P. Wise, Catastrophic Plate Tectonics: A Global Food Model of Earth History, Institute for Creation Research, 1994 icr.org/research/index/reseachp–as–platetectonicsl/.
- Ibid.
- Ibid.
- Henry M. Morris, “Babel and the World Population Biblical Demography and Linguistics”, de Henry M. Morris, The Biblical Basis for Modern Science (Grand Rapids: Baker Books, 1984), ldolphin.org/morris.html.
- John D. Morris, Why Does Nearly Every Culture Have a Tradition of a Global Flood? Institute for Creation Research icr.org/article/570/.
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