Podemos
afirmar que a espinha dorsal da hamartiologia (estudo sobre o pecado) é a
correta compreensão bíblica do que é o pecado. O pecado é definido por uma
palavra que significa errar o alvo, ou não atingir os propósitos de Deus. O
Catecismo Maior de Westminster declara: “Pecado é qualquer falta de conformidade
com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra, à
criatura racional”. Segundo Millard J. Erickson: “Pecado é qualquer falta de
conformidade, ativa ou passiva, com a lei moral de Deus. Isso pode ser uma
questão de ato, de pensamento ou de disposição”. Portanto, entendemos o pecado
como algo principalmente relacionado à transgressão ou oposição a Deus. E como
revelado nas Escrituras, o pecado entrou por meio de Adão e Eva e foi inserido
na humanidade. Portanto, além de sermos passíveis de pecar temos ele como
componente intrínseco à humanidade depravada. E a Bíblia ainda vai além
afirmando que “todos pecaram” colocando todos os homens na mesma sorte. Millard
J. Erickson ainda afirma:
“Por
isso, não é tão fácil debater essa doutrina em nossos dias. Como mostrar às
pessoas a realidade do pecado quando o sentimento de culpa é retirado das
consciências? Quando há uma influência psicológica onde a culpa é entendida
como um sentimento irracional que a pessoa não deve alimentar. Como mostrar que
o pecado é uma força interior, uma condição inerente, um poder controlador
quando as pessoas consideram-se boas por simplesmente não cometerem atos
bárbaros”.
Enfim,
como trazer às mentes pós-modernas toda amplitude de sentido do pecado como
descrido biblicamente? Ainda pior que o mero desconhecimento e a falta de
compreensão da doutrina é a negação dela. Esta é nossa perniciosa realidade. Há
correntes filosóficas, científicas e religiosas guiadas por influência maligna
que engendram teorias e explicações postulando a inexistência do pecado. E isso
é nefasto. Quando tiramos o pecado da realidade humana estamos desconsiderando
a necessidade também de expiação. É o mesmo que afirmar que não temos falhas e
ainda mesmo que não precisamos de um salvador.
Para nosso maior conhecimento passaremos a mostrar algumas teorias que negam a existência do pecado e os sistemas que as advogam.
Para nosso maior conhecimento passaremos a mostrar algumas teorias que negam a existência do pecado e os sistemas que as advogam.
O pecado na visão satanista
O
satanismo é uma filosofia que se propõe a “salvar” o homem da escravidão que o sistema
religioso supostamente lhe impôs. Assim, o homem é convidado a tornar-se livre
dos dogmas religiosos falsos e contraproducentes para experimentar uma nova
realidade onde ele, o homem, seria o centro de atenção. Nesta visão, os
principais atos tidos como pecados no cristianismo são questionados e refutados
pela doutrina do satanismo. Portanto, o pecado, conforme se entende no
cristianismo não existe. O que existe é outra definição afirmando ser pecado
tudo aquilo que não trouxer realização ao homem em todos os sentidos, não
apenas no religioso, mas também no mundano. Então a chave para saber se algo
seria pecado ou não estaria na producência. Se algo é producente para o ser
humano, por que descartá-lo? Se algo é estúpido ou contraproducente, por que não
descartá-lo? Pecado, na verdade, é tudo que atenta contra a pessoa em si.
Pecado na visão da psicologia
A psicologia em si é hostil à doutrina bíblica do
pecado isso não deveria causar surpresa visto que a psicologia tem o
compromisso com a ciência e não com a fé. E a ciência tem um preceito de falar
somente sobre fatos experimentais ou evidências. Então, por essa limitação ela,
pela experimentação, tenta a passos curtos e duvidosos lançar alguma luz sobre
os grandes questionamentos da humanidade. Um fato ruim é que a ciência tem se
debandado, em alguns momentos e em algumas de suas conclusões, para definições
anti-bíblicas, para definições naturalistas, humanistas, o que, causa certa
dicotomia com relação às Escrituras. Contudo, temos o compromisso principal de
nos submetermos única e exclusivamente a Palavra de Deus e tudo o mais deve ser
julgado ou subjugado por ela.
A psicologia produziu muito nos últimos anos a
ponto de atrair muito a atenção. Reconhecemos que muitos estudos foram
significativos e produtivos e muitos são controversos e até uma ameaça aos
princípios cristãos. O problema reside no fato que os próprios conselheiros e
líderes cristãos estão usando sem critérios as teses da psicologia e nesta
empreitada muitos cometem graves erros doutrinários. Citaremos um exemplo. Um
manual de psicologia amplamente conhecido e utilizado pelos cristãos
supracitados inclui o seguinte texto sob o título de “pecado original”.
Colocaremos uma parte aqui porque ela mostra como a psicologia pode corromper a
doutrina bíblica do pecado:
Nenhum psicólogo de boa reputação defenderia a
teoria clássica da teologia e da antropologia de que o pecado é passado de
geração em geração. O termo ‘pecado’ agora está reservado para atos deliberados
e conscientes de uma pessoa contra as normas aceitas, ou contra as tradições da
sociedade e dos ideais associados com um Deus moral. O pecado é, portanto, um
delito responsável. O pecado original tem, entretanto, um elemento de validade
psicológica, a saber, o fato de as fraquezas dos componentes da personalidade
terem uma história além do território da responsabilidade consciente.
Nossos impulsos hereditários, por exemplo, são
nosso preparo mental. E como tal, são amorais. Atuam de acordo com os
propósitos biológicos. Quando em conflito com padrões de conduta produzem
problemas e se tornam predisposições fáceis para o pecado (deliberado).
Acrescente a isso as desordens provocadas pelo ambiente primitivo – além da
vontade do indivíduo – e há a figura de uma deficiência no tipo de ajustamento
social chamado de ‘moral’.
Se for verdade que todos geneticamente viemos de
uma floresta primitiva, com um antigo preparo mental para ser usado na difícil
luta pela sobrevivência, num mundo não muito fácil (mudanças de temperatura,
animais selvagens, inundações, doenças, germes, etc.), e, que no curso do
desenvolvimento social, atingimos um tipo de conjunto de relacionamentos
sociais interpessoais que exige uma conduta mais gentil com os outros, então é
fácil visualizar a dificuldade de ajustar os impulsos naturais úteis num tipo
de mundo autoritário, em um outro que exige controle. Biologicamente, os
impulsos naturais têm uma maneira de subsistir, apesar de o ambiente os
conduzir ao seu enfraquecimento. ‘O pecado original’ é um termo infeliz para os
fracassos naturais do homem, em viver como deveria numa ordem social onde
virtudes de altruísmo deveriam supostamente eliminar o egoísmo. Porém, há uma
verdade no ‘pecado original’, a saber, aquela velha história do homem não foi
apagada, apesar dos ideais enfatizados na sociedade em desenvolvimento.
Enquanto houver essa disparidade (pela qual a pessoa individualmente não é
responsável), há mais do que um mito na doutrina de que não somos facilmente
transformados em santos.[1][1]
Perceba
como essa passagem absolve as pessoas da responsabilidade por todos os impulsos
herdados, por todos os desejos malignos, por toda a tendência pecaminosa, por
“todos os fracassos naturais do homem” – e até nos desculpa pelo próprio pecado
original. As únicas coisas consideradas pecado são “os atos conscientes e
deliberados de uma pessoa contra as normas aceitas ou tradições da sua
sociedade, e os ideais associados com um Deus moral”. Esta perspectiva de
‘pecado’ ainda é muito relativa, pois podemos nos perguntar quais normas ou
tradições da sociedade são corretas? Quais os ideais associados à divindade são
legítimos? Portanto, tal filosofia é o esfarelamento da idéia de pecado. Quão
longe isso está da definição bíblica! Como são sutis os conceitos que se
desviam da sã doutrina.
Pecado na visão do baixo
espiritismo
Os cultos
afro-brasileiros chegaram ao Brasil através dos escravos africanos, na era do
Brasil Colonial desde 1530. Sudaneses e bantos são os dois principais grupos de
escravos que vieram para cá. Suas tradições religiosas trazidas da África foram
mescladas, aqui no Brasil, e adaptadas de acordo com as práticas regionais.
Eles são animistas, crença que atribui vida espiritual ou alma aos objetos
inanimados. Dizem que plantas, aves e outros animais possuem alma. Os animistas
reconhecem a existência de um ser supremo, mas não um Deus pessoal. Há uma
dificuldade para descrever suas crenças sobre a divindade, sobre o homem e seu
destino porque eles não têm um livro padrão ou doutrinário. Contudo, através de
pesquisa conseguimos alguns textos que nos dão entendimento sobre suas crenças
e nos auxiliam a compreender seu pensamento sobre a doutrina do pecado.
Existem
três principais grupos: Umbanda, Quimbanda e Candomblé. A Umbanda é uma mescla
de raças. Há elementos indígenas – pajelança, bebidas, ervas para banhos,
charutos etc.; elementos africanos – candomblé; e elementos brancos – as imagens
do catolicismo romano. O Candomblé é crença tipicamente africana. Há variedades
nessas práticas porque eles vieram de várias regiões da África. A Quimbanda é a
própria magia negra.
Vamos
abordar as doutrinas do Candomblé.
Conceito
de Deus
Para os nagôs
(nordeste do Brasil) existe um criador de todas as coisas, cujo nome não é
permitido dizer. Eledumarê ou Eledumayê ou ainda Olodumará, (Senhor do Destino
Eterno ou Deus Eterno). Vale comparar com o título dado a Deus: El adonai.
Conceito
de Salvação
Na visão
dos nagôs, quando um africano morre crê-se que ele vai para um dos nove oruns
(céus) existentes. Quem cuida desses oruns é uma entidade chamada oyá – Inhaça
(Yámesan – Mãe dos nove – fazendo referência aos nove oruns ou nove cabeças).
Quando uma alma desencarnada fica vagando, é chamado o algbá (chefe do culto
dos egunguns) para despachá-lo. Há também uma cerimônia quando alguém ligado ao
culto morre. É o Axexê – cerimônia fúnebre para apascentar o morto e invocar
Oyá Balé (título que significa: senhora dos mortos ou do cemitério) para
levá-lo ao seu destino.
Conceito
de Pecado
Não há
conceito de pecado. O
pecado seria então algo inexistente e desta forma eles crêem. Não há pecado!
Todas as oferendas são feitas para agradar e reverenciar os deuses. Há dois
tipos básicos de oferendas: O Ebó – sacrifício ou obrigação e o Irubó –
oferenda. Nestes sacrifícios ou oferendas acredita-se que: A energia vital do
animal (seu sangue) sacrificado é transferida para o ofertante ou aquele que
faz o sacrifício.
O pecado na visão geral da
humanidade contemporânea
Consideramos
valer a pena colocar um texto do teólogo Millard J. Erickson mostrando a visão
geral da humanidade acerca do pecado e as dificuldades em abordar o tema:
“Não é
fácil falar sobre o pecado em nossos dias, pois o pecado não é um assunto
agradável ou divertido. Ele nos deprime. Não gostamos de pensar em nós mesmo
como pessoas ruins ou más. E a doutrina do pecado nos ensina que é isso que
somos. Não só os indivíduos reagem contra esse ensino negativo, como existe a
difusão, em nossa sociedade, de uma ênfase na atitude mental positiva. Essa
ênfase quase tem se tornado um novo tipo de legalismo, em que a proibição
principal é: ‘Não dirás nada negativo’. Outro motivo que dificulta a discussão
do pecado é que, para muitos, trata-se de um conceito estranho. Não só os
problemas da sociedade são atribuídos a um ambiente pernicioso e não a homens
pecadores, como também tem havido uma correspondente perda do sentimento de culpa.
Temos em mente, aqui, o fato de que um sentimento de culpa objetiva tem se
tornado relativamente incomum em certos círculos. Em parte pela influência do
freudismo, a culpa é entendida como um sentimento irracional que a pessoa não
deve alimentar. Sem um ponto de referência teísta, transcedente, não há nenhum
outro ser, exceto nós mesmo e outros seres humanos, a quem precisamos responder
ou prestar contas. Assim, se ninguém for prejudicado por nossas ações, não há
motivo para sentir culpa. E mais, muitas pessoas são incapazes de compreender o
conceito de pecado. A idéia do pecado como uma força interior, uma condição
inerente, um poder controlador, é em grande parte desconhecida. As pessoas hoje
pensam mais em pecados, ou seja, atos errados isolados. Os pecados são algo
externo e concreto; são logicamente separados da pessoa. Baseando-se nisso,
pessoas que não fizeram nada de errado (geralmente entendidos como atos
externos) consideram-se boas; não se pensa em pecado.” [2][2]
Com base
nisso, como podemos falar sobre o pecado? Tal conceito está cada vez mais
distante do homem pós-moderno. Cada vez mais a Palavra de Deus torna-se loucura
para o homem!
CONCLUSÃO
Temos uma
nítida visão de que fora da revelação bíblica tudo conspira para uma deturpação
da doutrina do pecado. Tanto a ciência e seus ramos são influenciados a isso,
como as falsas religiões e o pensamento comum. Contudo, o que a humanidade
precisa saber é que, segundo a Palavra de Deus, o pecado existe e é funesto na
existência humana e que a libertação dele está na obra de Jesus Cristo revelada
nas Escrituras Sagradas!
Tirar o pecado da consciência do homem é fazê-lo zombar do Senhor que é justo e santo. É zombar de toda revelação. Negar o pecado é negar a Lei de Deus, pois é ela que nos mostra o quanto somos corruptos e pecadores. Negar o pecado é negar a obra de Jesus Cristo em sua morte e ressurreição. É negar o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Negar a existência do pecado é perder um futuro com o Senhor Jesus, pois “sem santificação ninguém verá a Deus”. Negar a existência do pecado é ser “embalado” para o dia do Juizo e da Ira de Deus.
Portanto, não são poucas as desvantagens sofridas por aqueles que negligenciam esta verdade.
Tirar o pecado da consciência do homem é fazê-lo zombar do Senhor que é justo e santo. É zombar de toda revelação. Negar o pecado é negar a Lei de Deus, pois é ela que nos mostra o quanto somos corruptos e pecadores. Negar o pecado é negar a obra de Jesus Cristo em sua morte e ressurreição. É negar o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Negar a existência do pecado é perder um futuro com o Senhor Jesus, pois “sem santificação ninguém verá a Deus”. Negar a existência do pecado é ser “embalado” para o dia do Juizo e da Ira de Deus.
Portanto, não são poucas as desvantagens sofridas por aqueles que negligenciam esta verdade.
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