“Aumenta
a nossa fé...” Lc 17.5-10
Introdução
No
meio evangélico é comum o estudo e a busca pelo entendimento do que seja a fé.
Afinal de contas ela está diretamente ligada a fatores importantíssimos de
nossa vida cristã. A Palavra nos afirma que somos salvos por meio dela (Ef
2.8,9), vivemos por ela “O justo viverá por fé” Hb 10.38 e, ainda mais, “sem fé
é impossível a gradar a Deus” Hb 11.6!
Num
determinado momento até mesmo os discípulos pediram a Jesus que aumentasse a fé
deles. Talvez lhes faltasse confiança
para aceitar os grandes ensinos de Cristo ou mesmo crença suficiente para entender que mesmo sendo
aparentemente difícil os caminhos do Senhor são veredas de justiça e verdade. A
fé estava sendo solicitada para cumprir os objetivos do Reino de Deus. Os
discípulos mesmo já tinham passado por alguns apuros por falta de fé, tais como
citado em Mt 17.17 “Ó geração incrédula
e perversa, até quando estarei eu convosco e até quando vos sofrereis...”.
Cometemos
muitas falhas por falta de fé. Da fé verdadeira, genuína. Não cremos, não
confiamos, desobedecemos, por isso pecamos. Portanto, uma reflexão sobre a fé poderá
nos ajudar em nosso viver cristão.
I – O que é fé?
Preferimos
definir a fé com a própria Escritura: “Ora, a fé é a certeza daquilo que
esperamos e a prova das coisas que não vemos.” Hb 11.1 e “Sem fé é impossível
agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam”.
Hb 11.6.
Fé é crer e
confiar. É acreditar naquilo que ouvimos ou foi proposto. É nos lançar sem medo
nesta verdade. Assim, o crer bíblico implica se lançar sem reservas diante de
Cristo crendo e confiando no que ele nos ensinou. Crer na Palavra de Deus; isso
é fé. Crer que Ele é verdadeiro. Crer, por mais difícil que seja, por mais que
no momento não compreendamos, mas aceitemos sempre como verdade os caminhos do
Senhor. É aceitar a Bíblia como a Palavra de Deus. É tê-la como único padrão e
regra de fé e prática.
Neste
sentido, rejeitamos outras tantas definições de fé. Umas entendendo a fé como
uma força mística, um poder que deve ser trabalhado e treinado. Fé como um
poder que pode ser aumentado em quantidade...uma energia. Mas, novamente
rejeitamos essas interpretações simplesmente porque a própria Palavra diz que a
fé é uma crença, é acreditar no Senhor.
Quando
falamos em poder em termos bíblicos aí estamos nos referindo ao Espírito Santo.
Ele sim é que é o poder de Deus para nossas vidas, mas a fé em si mesmo não é
poder. Aliás, ela pode até nos conduzir a acessar o poder de Deus, mas não o é
definitivamente.
A fé é vista
sempre como condutora. Por exemplo: “Pela graça sois salvos por meio da fé...”
Ef 2.8-9. Qual o meio? A fé. Por ser a crença, ou seja, por ser o acreditar,
ela nos liga a verdade de Deus. A realidade e realização de Deus.
Então, a
primeira coisa importante a se considerar é o verdadeiro sentido de fé.
Entendendo a
fé assim diminuiríamos, então, ou ofuscaríamos a obra do Senhor? De maneira
nenhuma, pelo contrário, daremos espaço adequado e devido ao que chamamos
graça. O entendimento de fé não pode usurpar as outras realidades. Se a fé
fosse suficiente em si mesma onde estaria a graça e o poder do Espírito?
II – A fé vem pelo ouvir e ouvir da Palavra
A
fé vem pelo ouvir. Isso é claro. Ouvir no sentido de entrar em contato com a
mensagem. Se não houver mensagem como acreditaremos nela? Então, o primeiro
passo é haver uma mensagem.
A
mensagem a que somos direcionados é a Palavra de Deus. A fé não existe por
transferência. Não se passa fé de uma pessoa para outra. Não se divide fé. Não
se une fé. O próprio Jesus nesta ocasião poderia ter colocado a mão na cabeça
dos discípulos e lhes ter “aumentado” a fé instantaneamente se isso fosse
possível ou o caminho traçado por Deus. Mas a maneira de termos uma fé estruturada
é buscando e aprendendo na Palavra. É ouvindo, entendendo, compreendendo. É
necessário uma semente.
Neste
sentido todos nós somos desafiados a buscarmos a Palavra do Senhor. Queremos
responder melhor ao nosso chamado? Busquemos estruturar a nossa fé na Palavra.
Queremos nos defender dos “dardos inflamados do inimigo”? Usemos o escudo da
fé. Veja que até neste texto de Efésios a fé é uma arma de defesa e não de
ataque. A fé é que nos dá segurança. Quer estar firme e inabalável no dia ruim?
Esteja firmado na fé. Confie em Deus. Acredite. Acredite! Creia! Creia!
III – O mais importante não é o tamanho da fé, mas a qualidade da
fé!
É
interessante o quanto estamos, às vezes, preocupados com o tamanho de nossa fé.
Será que temos uma fé grande o suficiente? Será que temos um estoque
satisfatório. Mas, esta discussão sobre o tamanho da fé não faz muito sentido.
Quando os discípulos falaram para Jesus “aumentar” a sua fé, na verdade a
resposta de Jesus foi uma comparação para nos deixar boquiabertos. Se “tiveres
fé do tamanho do grão de mostarda...” o que isso queria dizer se não um
tremendo desdém a tal importância do tamanho? É como se Ele tivesse dito, não
se preocupem com o tamanho, isso não faz diferença, preocupem-se com a
qualidade. A fé não é analisada em termos de tamanho, mas de qualidade. Uma fé
minúscula, mas de qualidade é canal suficiente para a obra poderosa de Deus! O
fato é que assim as grandes obras de Deus não ficam vinculadas ao tamanho da
fé, mas sim ao próprio poder de Deus.
Esse
entendimento nos traz consolo, pois nos tira um fardo enorme em nos preocupar
com esse suposto crescimento de fé. Aí entrando até mesmo opiniões humanas
sobre como alcançar isso e até mesmo obras que possamos fazer com esse
objetivo. A mensagem de Cristo é simplesmente: descanse! Sua fé estando
fundamentada corretamente é suficiente.
IV – Considerando a graça na fé
O
restante do texto Lc 7-10 nos mostra uma história bastante estranha como
continuação daquele ensino. Contudo, digna de observação. Em essência, o texto
está falando que não somos merecedores de um favor maior por cumprir nossas
obrigações. O servo, quando fizer tudo o que lhe estava proposto, não tem
crédito especial nenhum por isso.
Tal mensagem
parece ser dura e antiquada para nossos dias. Contudo ela somente responde a
altura da necessidade. É necessário entender que nada que façamos nos faz
merecedores de um favor especial, pelo contrário, depois de fazermos tudo,
continuamos radicalmente dependentes da graça. E sermos dependentes da graça
não é ruim. É entendermos que sempre somos tratamos melhor do que merecemos.
Como
relacionar isso com a fé? É que às vezes podemos cometer o erro de acharmos que
nossa fé ou qualquer outra dádiva pode vir a partir de uma recompensa por uma
obra. Na verdade Deus é livre para agir em nós em qualquer situação, visto que
sempre somos inúteis, sempre estaremos precisando dele. Então, não cabe o
pensamento de tamanho de fé, fé maior, fé menor, Deus age e pronto e sempre
estaremos aquém de sua vontade, mas Ele mesmo assim age em graça nos
abençoando.
Conclusão
Esperamos que
esta reflexão sobre a fé nos balize a compreendermos melhor a própria fé.
Entendermos como ela funciona e o que ela é de fato para melhor servirmos ao
Senhor e sermos abençoados por Ele.
fonte:http://teologiacritica.blogspot.com.br/search?updated-max=2013-07-21T17:54:00-04:00&max-results=30
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