1- É erro monstruoso, contrário à Bíblia, à sua letra e ao seu espírito,
e chocante ao senso comum da humanidade, dizer que a salvação dos
homens depende do reconhecimento deles de que o papa é a cabeça da
igreja no mundo, ou o vigário de Cristo. Isso torna a salvação
independente de fé e caráter. Uma pessoa pode ser sincera e inteligente
em sua fé em Deus e Cristo, e perfeitamente exemplar em sua vida cristã,
todavia, se não reconhecer o papa, deve perecer para sempre.
2- É um grave erro, contrário aos expressos ensinamentos da Bíblia,
dizer que os sacramentos são os únicos canais para comunicar aos homens
os benefícios da redenção. Em consequência dessa falsa pretensão, os
romanistas ensinam que todos os que morrem sem o batismo, mesmo as
criancinhas, estão perdidos.
3- É um grande erro ensinar o que a igreja de Roma ensina, ou seja, que
os ministros do evangelho são sacerdotes, que o povo não tem acesso a
Deus ou a Cristo, e não pode obter a remissão dos pecados ou outras
bênçãos salvíficas, exceto através da intervenção deles e por meio de
suas ministrações; que os sacerdotes possuem o poder não só da
absolvição declarativa, mas também judicial e efetiva, de sorte que
aqueles, e somente aqueles, a quem absolvem são inocentes no tribunal de
Deus. Essa foi a grande razão da Reforma, a qual eram uma rebelião
contra essa abominação sacerdotal; uma demanda por parte do povo pela
liberdade com que Cristo os fez livres - a liberdade de chegar-se
imediatamente a ele com seus pecados e dores, e achar confiança sem
intervenção ou a permissão de outro homem que tenha maior direito de
acesso do que eles pessoalmente.
4- A doutrina do mérito proveniente das boas obras, como ensinada pelos
romanistas, é outro erro muitíssimo prolífero. Eles sustentam que as
obras realizadas depois da regeneração possuem mérito (meritum condigni) e
compõem a base da justificação do pecador diante de Deus. Alegam que
uma pessoa pode fazer mais do que a lei requer dela, e realizar obras de
super-rogação, e assim obter mais mérito do que é necessário para sua
própria salvação e beatificação. Que esse mérito excedente vá para o
tesouro da igreja e possa ser distribuído para o benefício de outros.
Com base nesse ensino, as indulgências são concedidas ou vendidas, para
fazer efeito não só nesta vida, mas também na vindoura.
5- Com isso se conecta o erro adicional concernente ao purgatório. A
igreja de Roma ensina que os que morrem na comunhão da igreja, os quais
nesta vida não fizeram plena satisfação por seus pecados, ou não
granjearam mérito suficiente que os autorizasse à admissão no céu,
passam pela morte num estado de sofrimento, ali permanecendo até que se
conclua a devida satisfação e se efetue adequada purificação. Não há
término necessário para esse estado de purgatório, senão no dia do juízo
ou fim do mundo. Ele pode durar por mil ou muitos milhares de anos. O
purgatório, porém, está debaixo do poder das chaves. Os sofrimento da
alma nesse estado podem ser aliviados ou abreviados pelos ministros
autorizados da igreja. Não há limite para o poder dos homens que são
tidos como aqueles que mantêm as chaves do céu em suas mãos, os quais
fecham e ninguém abre, e abrem e ninguém fecha. De todas as coisas
incríveis, a mais incrível é que Deus tenha confiado tal poder a homens
fracos, ignorantes e amiúde perversos.
6- A igreja de Roma ensina graves erros concernentes à Ceia do Senhor.
Ela ensina (1) Que, quando consagrados pelo sacerdote, toda a substância
do pão e toda a substância do vinho são transmudadas na substância do
corpo e sangue de Cristo. (2) Que, como seu corpo é inseparável de sua
alma e divindade, onde um estiver, o outro estará. A totalidade de
Cristo, pois, corpo, alma e divindade, está presente na hóstia, a qual
deve ser adorada como Cristo mesmo é adorado. Eis a razão por que a
igreja da Inglaterra, em suas homilias, declara idólatra a cerimônia da
missa na igreja romana. (3) Que a igreja ensina mais que o corpo e o
sangue de Cristo, assim local e substancialmente presentes na
Eucaristia, são oferecidos como genuíno sacrifício propiciatório para o
perdão do pecado, cuja aplicação é determinada pela intenção dos
sacerdotes oficiantes.
7- A idolatria consiste não só em cultuar falsos deuses, mas em cultuar o
verdadeiro Deus por meio de imagens. O segundo mandamento do Decálogo
proíbe expressamente curvar-se ou servir a qualquer semelhança do que há
acima no céu e abaixo na terra. (...) A coisa precisa, pois, que se
proíbe é aquela que a igreja de Roma permite e ordena, a saber, o uso de
imagens no culto religioso, a prostração diante delas e o ato de
prestar-lhes reverência.
8- Outra grande erro da igreja de Roma consiste no culto dedicado aos
santos e anjos, especialmente à Virgem Maria. Não é mero fato de serem
considerados objetos de reverência, mas que a cerimônia oferecida a eles
envolve a imputação de atributos divinos. Presume-se que estão
presentes em toda parte, capazes de ouvir e atender às orações, socorrer
e salvar. Tornaram-se a base da confiança do povo e objetos de sua
afeição religiosa. São para eles precisamente o que os deuses do
paganismo eram para os gregos e os romanos.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. pp. 110-111.
fonte>http://teologiacritica.blogspot.com.br/2012/03/oito-erros-decisivos-no-ensino-da.html
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